Cerca de duzentos anos após o nascimento de Cristo, os cristãos
começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e
jejum. Por volta do ano 350 d. C., a Igreja aumentou o tempo de preparação para
quarenta dias. Assim surgiu a Quaresma.
O período é um retiro
espiritual voltado à reflexão, onde os cristãos se recolhem em oração e
penitência para preparar o espírito para a acolhida do Ressuscitado no Domingo
de Páscoa. A proposta específica deste tempo favorável é a conversão. O convite
é lançado a cada fiel que se coloca na fila dos que desejam acompanhar o
caminho de Jesus para a páscoa: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). É a conversão buscada e acolhida na
penitência, na oração, na reflexão, para entrar no mistério central da pessoa e
da vida de Jesus: Sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Esta reflexão significa uma
revisão sincera da nossa vida à luz dos ensinamentos evangélicos. Todavia, o
cristão deve intensificar a prática dos princípios essenciais de sua fé com o
objetivo de ser uma pessoa melhor e proporcionar o bem para as demais. A Igreja
católica propõe, por meio do Evangelho proclamado na quarta-feira de cinzas, três
grandes linhas de ação: a oração, o jejum e a caridade. Não somente durante a Quaresma, mas em todos os dias
de sua vida, o cristão deve buscar o Reino de Deus, ou seja, lutar para que
exista justiça, a paz e o amor em toda a humanidade. Entretanto, percorramos
todas as épocas do mundo e verificaremos que em cada geração o Senhor concedeu
o tempo favorável da penitência a todos os que a ele quiseram converter-se.
Noé proclamou a penitência, e
todos que o escutaram foram salvos. Jonas anunciou a ruína aos ninivitas, mas
eles, fazendo penitência de seus pecados, reconciliaram-se com Deus por suas
súplicas e alcançaram a salvação. Inspirados pelo Espírito Santo, os ministros
da graça de Deus pregaram a penitência. O próprio Senhor de todas as coisas também
falou da penitência, com juramento: Pela minha vida, diz o Senhor, não quero a morte do
pecador, mas que mude de conduta (cf. Ez 33,11).
A oração é venerável mensageira que nos leva à presença
de Deus, alegra a alma e tranquiliza o coração. Além desta, o Evangelho ressalta uma característica
típica da esmola cristã: deve ficar escondida. «Que a tua mão esquerda não saiba o que fez
a direita», diz Jesus, «a fim de que a tua esmola permaneça em segredo» (Mt 6,3-4).
O papa São Leão Magno em um
dos seus sermões afirma que são inúmeras as obras de misericórdia, o que
permite aos verdadeiros cristãos tomar parte na distribuição de esmolas, sejam
eles ricos possuidores de grandes bens, ou pobres, sem muitos recursos. Apesar de nem
todos poderem ser iguais na possibilidade de dar, todos podem sê-lo na boa
vontade que manifestam.
Além destas práticas
penitenciais, o percurso da Quaresma é acompanhado também pela realização da
Campanha da Fraternidade - a maior campanha da solidariedade do mundo cristão.
Cada ano é contemplado um tema urgente e necessário. A Campanha da Fraternidade
é uma atividade ampla de evangelização que ajuda os cristãos e as pessoas de
boa vontade a concretizarem, na prática, a transformação da sociedade a partir
de um problema específico, que exige a participação de todos na sua solução.
Ela tornou-se tão especial por provocar a renovação da vida da Igreja e ao
mesmo tempo resolver problemas reais. Seus objetivos permanentes são: despertar
o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular,
os cristãos na busca do bem comum; educar para a vida em fraternidade, a partir
da justiça e do amor: exigência central do Evangelho. Renovar a consciência da
responsabilidade de todos na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e
solidária. Que todos possam viver bem a quaresma que converge para a
ressurreição do Senhor.
Pe. Ednaldo Virgílio da Cruz.
Fonte: novaliturgia.wordpress.com
Foto retirada da internet
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