Liturgia Diária Comentada 30/10/2016 Domingo 31ª Semana do Tempo Comum

31ª Semana do Tempo Comum - 3ª Semana do Saltério
Prefácio dos domingos comuns - Ofício dominical comum
Glória - Creio - Cor: Verde - Ano “C” Lucas


Antífona: Salmo 37,22-23 Não me abandones jamais, Senhor, meu Deus, não fiqueis longe de mim! Depressa, vinde em meu auxílio, ó Senhor, minha salvação!

Oração do Dia: Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!


Primeira Leitura: Livro da Sabedoria 11,22-12,2

Senhor, o mundo inteiro, diante de ti, é como um grão de areia na balança, uma gota de orvalho da manhã que cai sobre a terra. Entretanto, de todos tens compaixão, porque tudo podes. Fecha os olhos aos pecados dos homens, para que se arre­pendam. Sim, amas tudo o que existe, e não desprezas nada do que fizeste; porque, se odiasses alguma coisa não a terias criado. Da mesma forma, como poderia alguma coisa existir, se não a tivesses que­rido? Ou como poderia ser mantida, se por ti não fosse chamada?  A to­dos, porém, tu tratas com bondade, porque tudo é teu, Senhor, amigo da vida. O teu espírito incorruptível está em todas as coisas! É por isso que corriges com carinho os que caem e os repreendes, lembrando-lhes seus pecados, para que se afastem do mal e creiam em ti, Senhor. - Palavra do Senhor.

Comentário: No tempo de Jesus, viviam em Alexandria do Egito muitos judeus, provavelmente a metade da população. A cidade era porto internacional, foi fundada por Alexandre Magno, e também era o maior centro da cultura grecófona daquele tempo (pense na famosa Biblioteca de Alexandria, a maior do mundo, que pereceu junto com o Império Romano alguns séculos depois). Para a educação de seus filhos, e também para colocá-la na famosa biblioteca, a pedido do faraó, os judeus grecófonos de Alexandria haviam traduzido a Bíblia judaica para o grego (a “Septuaginta”), enriquecendo-a, inclusive, com alguns livros escritos originalmente em grego, os quais os rabinos de Jerusalém não assumiram na sua Bíblia canônica, com textos só em hebraico. Os cristãos de origem judaica eram geralmente grecófonos e assumiram mais tarde esses livros – são os “deuterocanônicos” de nossas Bíblias. Entre esses livros ocupa um lugar de destaque o livro da Sabedoria, dedicado a Salomão, “padroeiro” dos sábios, mas na realidade escrito por um sábio judeu alexandrino do tempo de Jesus. Nesse livro encontra-se uma reflexão teológica sobre o Egito, o país que uma vez havia escravizado os hebreus e agora hospedava – com muito generosidade – os descendentes longínquos dos hebreus, os comerciantes e cientistas judeus de Alexandria. O sábio faz reflexões prudentes. O que os seus anfitriões egípcios continuam fazendo, adorando estátuas mudas, feitas por mãos humanas, é coisa abominável. Merece castigo de Deus. Aliás, Deus já os castigou no tempo de Moisés. Mas castigou-os com mansidão, com moderação, pedagogicamente. “Corrigiu-os” (Sb 12,1). Pois Deus ama a todas as suas criaturas. Senão, não as teria criado (Sb 11,24). Por isso, tem compaixão, fecha os olhos aos pecados dos humanos, para que se arrependam (v. 23). Os egípcios, Zaqueu, nós… Deus é amigo dos humanos, “amigo da vida” (v. 26). (Pe. Johan Konings, sj)

Salmo: 144(145),1-2.8-9.10-11. 13cd-14 (R.cf.1)
Bendirei eternamente vosso nome; para sempre, ó Senhor, o louvarei!

O meu Deus, quer exaltar-vos, ó meu rei, e bendizer o vosso nome pelos séculos. Todos os dias haverei de bendizer-vos, hei de louvar o vosso nome para sempre.

Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, e compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura.

Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino e saibam proclamar vosso poder!

O Senhor é amor fiel em sua pa­lavra, é santidade em toda obra que ele faz. Ele sustenta todo aquele que vacila e levanta todo aquele que tombou.

Segunda Leitura: 2ª Carta de São Paulo aos Tessalonicenses 1,11 - 2,2

Irmãos, não cessamos de rezar por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação. Que ele, por seu poder, realize todo o bem que desejais e torne ativa a vossa fé. Assim o no­me de nosso Senhor Jesus Cristo será glorificado em vós, e vós nele, em virtude da graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.

No que se refere à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa união com ele, nós vos pedimos, irmãos: não deixeis tão facilmente transtornar a vossa cabeça, nem vos alarmeis por causa de alguma revelação, ou car­ta atribuída a nós, afirmando que o Dia do Senhor está próximo. - Palavra do Senhor.

Comentário: A segunda leitura não foi escolhida em função das duas outras, mas em função da leitura contínua das cartas paulinas, no caso, as cartas aos Tessalonicenses. Estas tratam com atenção especial o tema da “parúsia” (= presença, vinda), a volta do Senhor Jesus para se reencontrar com seus fiéis, tema que combina muito bem com o fim do ano litúrgico que está para chegar. A segunda carta aos Tessalonicenses corrige alguns mal-entendidos que pessoas ingênuas andaram espalhando, a saber, notícias de uma “revelação” ou até carta de Paulo afirmando que “o dia do Senhor está próximo” (2Ts 2,2). Esse boato não era totalmente falso, pois, na sua primeira carta, Paulo havia escrito que, na vinda do Senhor, os que já faleceram iriam ao encontro do Senhor primeiro, antes daqueles que ainda estariam com vida, entre os quais Paulo se contava a si mesmo (1Ts 4,13-18). Acontece que a 1 Tessalonicenses é o mais antigo escrito de Paulo e de todo o Novo Testamento. Foi escrita, estima-se, por volta de 50 d.C., quando os primeiros cristãos esperavam a volta do Senhor Jesus para bem em breve. Já a 2 Tessalonicenses, que ouvimos hoje, foi escrita bom tempo depois e procura acalmar a febre da parúsia, por exemplo, pela famosa exortação a fazer o trabalho de cada dia, pois “quem não trabalha também não deve comer” (2Ts 3,10). É neste sentido que o início da carta, que lemos hoje, exorta à fé viva, apoiada na oração, para que seja “glorificado o nome de nosso Senhor Jesus Cristo em vós, e vós nele, em virtude da graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo” (1,12) – o que é bem mais importante do que as especulações sobre o que não se pode saber (2,1-2). (Pe. Johan Konings, sj)

Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 19,1-10

Naquele tempo, Jesus tinha entrado em Jericó e estava atravessando a cidade. Havia ali um homem chamado Zaqueu, que era chefe dos cobradores de impostos e muito rico. Zaqueu procurava ver quem era Jesus, mas não conseguia, por causa da multidão, pois era muito baixo. Então ele correu à frente e subiu numa figueira para ver Jesus, que devia passar por ali. Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima e disse:

"Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa".

Ele desceu depressa, e recebeu Jesus com alegria. Ao ver isso, todos começaram a murmurar, dizendo: "Ele foi hospedar-se na casa de um pecador!" Zaqueu ficou de pé, e disse ao Senhor: "Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais". Jesus lhe disse: "Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também este homem é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido". - Palavra da Salvação.

Comentário:

Não é preciso inventar uma “historinha” para captar a atenção do auditório. A própria narrativa do encontro de Jesus e Zaqueu capta plenamente a atenção do público, se lida com um pouco de sensibilidade dramatúrgica. É uma cena que pede representação, e se o grupo de jovens quiser fazer isso, num momento oportuno, será ótimo. Há uma trama construída com diversos fios, que caem facilmente na vista. O primeiro é o fio da estatura, apresentado até com certo senso de humor. O grande chefe dos publicanos, Zaqueu, é fisicamente pequeno e se vê obrigado a subir – certamente pouco treinado –numa árvore para poder ver Jesus passar. Depois, Jesus o faz descer de sua “alta posição” para receber em sua casa o Messias que ele queria ver. Exatamente o “ver” é outro fio da narrativa. Zaqueu quer ver Jesus e, para isso, eleva-se acima de sua própria estatura, mas o que acontece é que Jesus vê Zaqueu e lhe concede a graça de um “autoconvite” em sua casa. O terceiro fio, o mais importante, é o da passagem de Jesus. Aparentemente, é a passagem de um peregrino que inicia, em Jericó, a subida de 1.200 metros de altura até Jerusalém, mas, de repente, essa passagem se transforma numa visita (ainda que autoconvidada) que cumpre a expectativa da “visitação” salvífica de Deus a seu povo (tema caro a Lucas: 1,68.78; 7,16; cf. 1,43; 19,44). “Hoje devo ficar na tua casa” (19,5); “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também este homem é um filho de Abraão” (19,9). Observe-se que Lucas, por enquanto, só enfoca o ambiente de Israel (“um filho de Abraão”, pois a plena universalidade da visita de Deus à humanidade só se dará depois da Páscoa-Pentecostes, quando Deus derramar seu Espírito universalmente – At 2,17-21, sentido pleno da profecia de Jl 2,28-3,2). Nesta “visita” programática (pois deverá ser completada pela Páscoa, para a qual Jesus está subindo, e pelo Pentecostes), acontece o que deve acontecer: a salvação de Deus alcança seu povo, e isso se manifesta na transformação do rico baixinho em um homem humilde e de grande misericórdia: “O Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (19,10). O efeito da misericórdia que provoca a misericórdia pode ser constatado matematicamente: “Senhor, eu dou a metade de meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais” (19,8). Mandou logo sacar da sua conta clandestina na Suíça… (Pe. Johan Konings, sj)

Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
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