Roteiro Homilético 26º Domingo do Tempo Comum Ano “C”

Primeira Leitura

Profecia de Amós 6,1a.4-7

A leitura, que é uma censura do profeta do século VIII à vida opulenta e fácil, frequentemente à custa da miséria do próximo, foi escolhida em função do Evangelho de hoje.

6 «A ruína de José». O profeta pode referir-se tanto à miséria física de tantos compatriotas, como à corrupção moral que alastrava no Reino do Norte. Aqui é dado o nome de José ao Reino do Norte, em vez do nome de Efraim, corrente nos profetas, a tribo mais importante, pelo facto de Efraim ser filho de José, filho de Jacob, que não deu o seu nome a nenhuma tribo (Manassés e Efraim era filhos de José, que deram o seu nome às respectivas tribos).


Segunda Leitura

1ª Carta de São Paulo a Timóteo 6,11-16

Temos apenas três domingos com trechos da 1ª Carta a Timóteo, de que hoje se lêem apenas 6 versículos do último capítulo.

12 «Combate o bom combate da fé». Muitas vezes S. Paulo compara a vida cristã a uma luta desportiva ou mesmo guerreira, uma vez que sem esforço aturado não se pode permanecer fiel a Cristo (cf. Cor 9, 24-27; Col 1, 29; 2 Tim 4, 7).

«Fizeste tão bela profissão de fé…», no momento do Baptismo, ou, talvez como pensam alguns, antes da sua Ordenação; também poderia tratar-se simplesmente de um testemunho corajoso perante as autoridades pagãs.

15-16 É mais uma doxologia de sabor litúrgico (ver outras nesta carta: 1, 17; 3, 16), uma espécie de jaculatória de louvor a Deus, um desabafo duma alma enamorada de Deus Uno e Trino, que frequentemente S. Paulo deixou passar para os seus escritos.

Evangelho

Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 16,19-31

A parábola de hoje é contada só por S. Lucas, o evangelista mais preocupado com os pobres e os desvalidos.

20 «Um pobre chamado Lázaro». Em hebraico, Eliázar significa «Deus ajuda». O facto de que é dado um nome ao pobre fez pensar a alguns Padres que não se trata duma parábola, mas dum exemplo com um fundo histórico. De qualquer modo, não é provável que Jesus se tenha servido dum conto egípcio, como alguém supôs, acrescentando-lhe os vv. 27-31.

21 «Os cães vinham lamber-lhe as chagas», um pormenor que põe em evidência a extrema miséria do pobre, pois não era para lhe servir de alívio, mas de humilhação, já que os judeus os consideravam animais impuros e por isso não os costumavam domesticar.

22-23 Segundo as teorias farisaicas da retribuição, na situação até aqui descrita, nada havia de censurável, uma vez que nesta vida cada um tem já a sorte que merece: o justo, a abundância e o bem-estar; o pecador, a miséria e o sofrimento. Com esta «parábola» Jesus pretende desfazer de vez esse equívoco corrente e ensinar a remuneração na outra vida, negada pelos saduceus. Não era que nos livros do Antigo Testamento ainda não houvesse referências suficientemente claras à outra vida, mas uma concepção demasiado imediata, utilitarista e mesmo materialista da vida por parte dos judeus levava-os a não dar a devida atenção ao que Deus já tinha revelado para o entenderem e traduzirem na vida. Aqui Jesus dá uma machadada definitiva nas falsas ideias farisaicas acerca da retribuição. A morte é o momento em que chega a hora da verdade: «o pobre morreu…, o rico morreu…» (v. 22) e a situação de cada um mudou também; o pobre «foi colocado ao lado de Abraão» (à letra, foi para o seio de Abraão), para um lugar ou estado de descanso e alegria onde estavam as almas dos justos. O rico foi metido «em tormentos», noutra zona da «mansão dos mortos» (o hádes em grego, o xeol em hebraico, em latim inferi/infernos).

Não se pense que falta à parábola qualquer motivação ética; com efeito, o pobre é agora feliz não porque antes sofreu, e o rico sofre não porque antes gozou. O rico sofre porque não fez caso do pobre, por ser dos que serviam ao dinheiro (cf. v. 13), e, por isso mesmo, não podia servir a Deus nem fazer bem ao próximo. Por outro lado, o pobre, ao ser uma figura posta em contraste, além de desgraçado seria também piedoso. Não se dá, pois, aqui uma simples inversão de papéis, mas uma verdadeira retribuição de carácter perpétuo (cf. v. 26): um abismo impede de passar de um lado para o outro. E, segundo a profunda observação de S. Gregório Magno, «não foi a pobreza que levou Lázaro ao Céu, mas a humildade; e também não foram as riquezas que impediram o rico de entrar no grande descanso, mas o seu egoísmo e infidelidade» (Hom. sobre S. Lc 40, 2).

24-31 É importante ter em conta que o diálogo entre o rico e Abraão não pode ser tomado à letra, pois não passa duma encenação para dar vigor ao ensino central da parábola; com efeito, os condenados não se podem mostrar arrependidos nem zelosos da salvação dos vivos, mesmo até dos seus familiares, pois carecem da virtude da caridade. Pela mesma razão, também não é válido refutar o espiritismo com os dados desta parábola, como por vezes se faz. As parábolas, enquanto tais, visam um ensinamento concreto e particular, embora nalgumas se tenha vindo a dar, mesmo já na tradição prévia à sua redação nos Evangelhos canónicos, um valor alegórico a alguns elementos secundários, conforme põem em relevo muitos estudos científicos da atualidade sobre as parábolas de Jesus.

31 Se não dão ouvidos a Moisés e nem aos Profetas, isto é, aos ensinamentos do Antigo Testamento. Para quem não quer obstinadamente crer, os milagres não valem nada, já que Deus respeita a nossa liberdade; esta é também uma lição da parábola.

Sugestões para reflexão

1.  No livro de «Amós 6, 1ª.4-7» destacamos o seguinte: «Ai daqueles que vivem comodamente em Sião e dos que se sentem tranquilos no monte da Samaria.»

Deitados em leitos de marfim, estendidos nos seus divãs, comem os cordeiros do rebanho e os vitelos dos estábulos… Bebem o vinho em grandes taças… mas não se afligem com a ruína de José. Isto é um sinal sem interesse.

Por isso, agora partirão para o exílio à frente dos deportados e acabará esse bando de voluptuosos».

Neste tempo, século VIII, já existia em certo materialismo e consumismo. Ao meditarmos sobre isto, vemos retratado o ambiente de muitas pessoas do nosso tempo.

O mal não está em ter boas casas, comer bem e beber do bom e do melhor. Está, sim, em não se importarem com os que vivem em habitações miseráveis e a passar fome. Ninguém, de bom senso pode admitir uma coisa destas. Mas, quase todos nos limitámos a cruzar os braços.

Na vida eterna as coisas são muito diferentes. Este texto está na linha do que se diz no Evangelho deste domingo.

2.  São Paulo, na Carta a Timóteo 6, 11-16, aconselha a praticar a justiça e a piedade, a fé e a caridade, a perseverança e a mansidão.

Estas virtudes são um apelo a cada um de nós e levam-nos a criar um ambiente de felicidade, de paz e alegria à nossa volta.

Será que temos vivido assim? Em casa de nossas famílias respira-se este ambiente?

Existe nas famílias a preocupação de ajudar aqueles que trilham caminhos tão diferentes dos supracitados?

Se não vivemos para ajudar os outros, neste mundo, como seremos recebidos na eternidade?

Também a Segunda Leitura sintoniza-se com o Evangelho de São Lucas.

3.  No Evangelho de São Lucas temos estes contrastes. «Havia um homem rico, que se vestia de púrpura e linho fino e se banqueteava esplendidamente todos os dias e um pobre chamado Lázaro, jazia junto do seu portão coberto de chagas e bem desejava saciar-se do que caia da mesa do rico.

Morreu Lázaro e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão.

Morreu o rico e foi colocado em lugar de tormentos.

Como o rico viu Lázaro junto de Abraão fez este pedido a Abraão:

«Pai Abraão, envia Lázaro, para que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua».

Abraão respondeu-lhe: «Filho, lembra-te que recebestes os teus bens em vida e Lázaro apenas os males».

Por isso, agora ele encontra-se aqui consolado, enquanto tu és atormentado.

Não se pense que o pobre é agora feliz porque antes sofreu e o rico sofre porque antes gozou.

O rico sofre porque não fez caso do pobre, porque era dos que viviam só para o dinheiro e por isso mesmo, não podia servir a Deus nem fazer bem ao próximo.

Por outro lado, o pobre além de desgraçado seria uma pessoa piedosa.

Diz São Gregório Magno: «Não foi a pobreza que levou Lázaro ao Céu, mas a humildade; e também não foram as riquezas que impediram o rico de entrar no grande descanso, mas o seu egoísmo e infidelidade (homilia sobre São Lucas 40.2).

Para quem não quer obstinadamente crer, os milagres não valem nada, já que Deus respeita a nossa liberdade; esta é também uma das lições da parábola do Evangelho da Eucaristia deste domingo.

Fonte: presbiteros.com.br
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