Livro do Apocalipse de São João 11,19a;
12,1-6a.10ab
Após as tribulações desta vida, chegará: «A salvação e a
realeza do nosso Deus e o domínio do seu Ungido». A Virgem Maria é o primeiro
ser humano a participar, em plenitude, na «salvação e realeza do nosso Deus e
do domínio do seu Ungido»
Sob a imagem da Arca (v. 19) e da mulher (vv. 1-17) é-nos
apresentada, na intenção da liturgia, a Virgem Maria. Entretanto os exegetas
continuam a discutir, sem chegar a acordo, se estas imagens se referem à Igreja
ou a Maria. Sem nos metermos numa questão tão discutida, podemos pensar com
alguns estudiosos que a Mulher simboliza, num primeiro plano, a Igreja, mas,
tendo em conta as relações tão estreitas entre a Igreja e Maria – «membro
eminente e único da Igreja, seu tipo e exemplar perfeitíssimo na fé e na
caridade… sua Mãe amorosíssima» (Vaticano II, LG 53) –, podemos englobar a Virgem
Maria nesta imagem da mulher do Apocalipse. Tendo isto em conta, citamos o
comentário de Santo Agostinho ao Apocalipse (Homilia IX)
4-5 «O Dragão colocou-se diante da mulher…»: «A Igreja dá à
luz sempre no meio de sofrimentos, e o Dragão está sempre de vigia a ver se
devora Cristo, quando nascem os seus membros. Disse-se que deu à luz um filho
varão, vencedor do diabo».
6 «E a mulher fugiu para o deserto»: «O mundo é um deserto,
onde Cristo governa e alimenta a Igreja até ao fim, e nele a Igreja calca e
esmaga, com o auxílio de Cristo, os soberbos e os ímpios, como escorpiões e
víboras, e todo o poder de satanás».
Segunda Leitura
Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
15,20-26.28
Cristo ressuscitou dos mortos, triunfou sobre o pecado e a
morte, e sobe ao Céu. Também a Mãe de Deus subiu ao Céu em corpo e alma. No
final dos tempos, o corpo dos que cumpriram a vontade de Deus entrará no Céu e
será glorificado.
É a partir deste texto e do de Romanos 5 que os Padres da
Igreja estabelecem a tipologia baseada num paralelismo antiético, entre Eva e
Maria: Eva, associada a Adão no pecado e na morte; Maria, associada a Cristo na
obra de reparação do pecado e na ressurreição.
20-23 S. Paulo, começando por se apoiar no facto real da
Ressurreição de Cristo, procura demonstrar a verdade da ressurreição (vv.
1-19). Nestes versículos, diz que «Cristo ressuscitou dos mortos, como
primícias dos que morreram» (v. 20). As primícias eram os primeiros frutos do
campo que se deviam oferecer a Deus e só depois se podia comer deles (cf. Ex
28; Lv 23, 10-14; Nm 15, 20-21). De igual modo, Cristo nos precede na
ressurreição. Nós (excetuando pelo menos a Virgem Maria) havemos de ressuscitar
«por ocasião da sua vinda» (v. 23). Não se pode confundir esta ressurreição
sobrenatural e misteriosa de que aqui se fala com a imortalidade da alma. O
Credo do Povo de Deus de Paulo VI, no nº 28, diz: «Cremos que as almas de todos
aqueles que morrem na graça de Cristo – tanto as que ainda devem ser
purificadas com o fogo do Purgatório, como as que são recebidas por Jesus no
Paraíso logo que se separem do corpo, como o Bom Ladrão – constituem o Povo de
Deus depois da morte, a qual será destruída por completo no dia da
Ressurreição, em que as almas se unirão com os seus corpos». Por seu turno, a
S. Congregação para a Doutrina da Fé, na carta de 17-5-79, declara: «A Igreja,
ao expor a sua doutrina sobre a sorte do homem depois da morte, exclui qualquer
explicação com que se tirasse o seu sentido à Assunção de Nossa Senhora,
naquilo que esta tem de único, ou seja, o facto de ser a glorificação que está
destinada a todos os outros eleitos».
Evangelho
Segundo Lucas 1,39-56
Os estudiosos descobrem neste relato uma série de
ressonâncias vetero-testementárias, o que corresponde não apenas ao estilo do
hagiógrafo, mas sobretudo à sua intenção teológica de mostrar como na Mãe de
Jesus se cumprem as figuras do A.T.: Maria é a verdadeira e nova Arca da
Aliança (comparar Lc 1, 43 com 2 Sam 6, 9 e Lc 1, 56 com 2 Sam 6, 11) e a
verdadeira salvadora do povo, qual nova Judite (comparar Lc 1, 42 com Jdt 13,
18-19) e qual nova Ester (Lc 1, 52 e Est 1 – 2).
39 «Uma cidade de Judá». A tradição diz que é Ain Karem, uma
povoação a 6 Km a Oeste da cidade nova de Jerusalém. De qualquer modo, ficaria
a uns quatro dias de viagem de Nazaré. Maria empreende a viagem movida pela
caridade e espírito de serviço. A «Mãe do meu Senhor» (v. 43) não fica em casa
à espera de que os Anjos e os homens venham servir a sua rainha; e Ela mesma,
que se chama «escrava do Senhor» (v. 38), «a sua humilde serva» (v. 48),
apressa-se em se fazer a criada da sua prima e de acudir em sua ajuda. Ali
permanece, provavelmente, até depois do nascimento de João, uma vez que S.
Lucas nos diz que «ficou junto de Isabel cerca de três meses».
42 «Bendita és Tu entre as mulheres». Superlativo hebraico:
a mais bendita de todas as mulheres.
43-44 «A Mãe do meu Senhor». As palavras de Isabel são
proféticas: o mexer-se do menino no seu seio (v. 41) não era casual, mas
«exultou de alegria» para também ele saudar o Messias e sua Mãe.
46-55 O cântico de Nossa Senhora, o Magnificat, é um poema
de extraordinária beleza poética e elevação religiosa. Dificilmente poderiam
ficar melhor expressos os sentimentos do coração da Virgem Maria – «a mais
humilde e a mais sublime das criaturas» (DANTE, Paraíso, 33, 2) –, em resposta
à saudação mais elogiosa (vv. 42-45) que jamais se viu em toda a Escritura. É
como se Maria dissesse que não havia motivo para uma tal felicitação; tudo se
deve à benevolência, à misericórdia e à omnipotência de Deus. Sem qualquer
referência ao Messias, refulge aqui a alegria messiânica da sua Mãe e a sua
humildade num extraordinário hino de louvor e de agradecimento. O cântico está
todo entretecido de reminiscências bíblicas, sobretudo do cântico de Ana (1 Sam
2,1-10) e dos Salmos (35,9; 31,8; 111,9; 103,17; 118,15; 89,11; 107,9; 98,3);
cf. também Hab 3,18; Gn 29,32; 30,13; Ez 21,31; Si 10,14; Mi 7,20. Ao longo dos
tempos, muitos e belos comentários se fizeram ao Magnificat; mas também é
conhecida a abordagem libertacionista, abundando leituras materialistas
utópicas, falsificadoras do genuíno sentido bíblico, com base no princípio
marxista da luta de classes. Com efeito, a transformação social que é urgente
realizar, não se faz com o inverter a ordem social, o «derrubar os poderosos
dos seus tronos» e o «despedir os ricos de mãos vazias». Eis o comentário da
Encíclica Redemptoris Mater, nº 36: «Nestas sublimes palavras… vislumbra-se a
experiência pessoal de Maria, o êxtase do seu coração; nelas resplandece um
raio do mistério de Deus, a glória da sua santidade inefável, o amor eterno que,
como um dom irrevogável, entra na história do homem».
Sugestões para reflexão
1. Nossa Senhora da Assunção situa-se
perto de nós.
Ela é diferente e superior a toda a criatura humana mas
situa-se muito perto de nós em muitas das suas atitudes.
Com toda a naturalidade, no momento da Anunciação,
dirigia-se ao Anjo nestes termos: «Como será isso, se eu não conheço homem?»
(Lc 1,34).
Na visita a Santa Isabel, esta trata-a com exuberância:
«Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é
dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?… Bem-aventurada aquela que
acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor»
A Senhora da Visitação responde com toda a simplicidade: «A
minha alma glorifica ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu
Salvador». (Evangelho da Eucaristia de hoje).
A Santíssima Virgem é verdadeiramente «arca da aliança» e
«mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze
estrelas na cabeça» (Primeira leitura desta Eucaristia)
Apesar de tudo isto, era assídua à oração da Igreja (Act 1,14).
2. O dogma da Assunção da Nossa Senhora
ao Céu em corpo e alma.
A Igreja celebra esta festa desde o século VI.
Pio XII, antes de proclamar o dogma da Assunção de Nossa
Senhora ao Céu em corpo e alma, consulta os Bispos de todo o mundo. As cartas
recebidas manifestaram que o povo de Deus era unânime quanto à crença nesta
verdade que o Papa proclamou em 1 de Novembro de 1950, dizendo: «Pela
autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo e dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e
Paulo e também pela nossa proclamamos, declaramos e definimos ter sido
divinamente revelado o dogma de que a Imaculada sempre Virgem Maria Mãe de Deus,
terminado o curso da Sua vida na terra, foi elevada em corpo e alma à glória do
Céu (Const. Apostólica Munificentissimus Deus, em AAS 43 (1951) 638).
São João Damasceno diz: «Convinha que aquela que no parto
tinha conservado íntegra a sua virgindade, conservasse depois da morte o seu
corpo sem corrupção alguma. Convinha que aquela que tinha trazido no seu seio o
Criador feito menino, habitasse na morada divina».
A partir daqui os teólogos tiram esta conclusão: «Convinha,
Deus podia fazê-lo; e por isso o fez» (João Duns Escoto, III Setentiarum, dist
III, q 1).
Nesta Solenidade tudo convida à alegria. A firme esperança
na nossa santificação pessoal é um dom de Deus, embora o homem tenha de
colaborar. Isto implica o tomar a Cruz de cada dia. Com a Senhora da Assunção,
serviremos o Senhor com alegria.
A festa da Assunção de Nossa Senhora projeta-nos para a
realidade da feliz esperança. Somos ainda peregrinos, mas a Nossa Mãe
precedeu-nos e aponta-nos o termo do caminho. Repete-nos que é possível lá
chegar e que, se formos fiéis, lá chegaremos pois a Santíssima Virgem não é só
nosso modelo, mas também auxílio dos cristãos, e cuida dos Seus filhos com
solicitude maternal.
Fonte: presbiteros.com.br
Foto retirada da internet
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