Roteiro Homilético 19º Domingo do Tempo Comum Ano “A” Mateus

Introdução ao espírito da Celebração

Considerai, Senhor, a Vossa aliança. Deus está ligado conosco pela Aliança. Esta relação que nos une a Deus serve para valorizar a nossa súplica. Não pode haver celebração sem compromisso: compromisso de vida cristã. Devemos saber iluminar os acontecimentos da vida com a Palavra de Deus que é proclamada e explicada.

Primeira Leitura

Primeiro Livro dos Reis 19,9a.11-13a

O profeta Elias anda em busca do Senhor. Este manifestou-se-lhe na ligeira brisa, no silêncio, na simplicidade.

Como procuramos o Senhor? Onde O procuramos?

Temos aqui parte do relato da fuga do profeta Elias da perseguição do rei Acab, o 7º rei do reino do Norte, instigado pela sua mulher Jezabel, filha do rei de Tiro, que tinha jurado matá-lo, como desforra pelo extermínio dos sacerdotes do deus Baal (cf. 1 Re 18). O profeta, perseguido pela sua absoluta fidelidade ao único Deus da aliança, aparece-nos numa atitude de regresso às fontes da fé, precisamente onde a aliança mosaica tinha sido firmada, «a montanha de Deus», assim chamada, pois ali Ele se revelara (cf. Ex 19).

8 «O Horeb»: nome que na tradição deuteronômica (a que pertence este livro), bem como na tradição eloísta é dado ao «Sinai» dos escritos da tradição javista e sacerdotal.

11-12 «Uma ligeira brisa». Esta aparição divina tem certa semelhança com a que se relata em Ex 33, 21-23. Deste modo representa-se, por um lado, a imaterialidade divina, pois o Senhor não estava na «forte rajada de vento», nem no «terramoto» nem no «fogo», que não passam de sinais anunciadores da presença divina, a qual é algo que transcende estes fenómenos sensíveis tão violentos. Por outro lado, o relato pode dar a entender uma profunda lição: a vitória de Deus sobre o mal não tem de ser precipitada, de modo fulminante, repentina e espetacular, mas é preciso saber esperar a hora de Deus, da sua misericórdia; Elias terá de dominar o seu desespero e o seu zelo amargo, pois o Senhor diz-lhe: «desanda o teu caminho» (v. 15); Eliseu haveria de suceder-lhe para continuar e completar a sua obra.

13 «Elias cobriu o rosto», numa atitude de respeito e de temor, não fosse ver a Deus e morrer (cf. Gen 16, 13; Is 6, 5).

Segunda Leitura

Carta de São Paulo aos Romanos 9,1-5

S. Paulo está disposto a tudo, mesmo a dar a vida pela conversão dos seus irmãos israelitas. Até onde chega o seu zelo. E o nosso?

Neste Domingo, entramos na última parte do ensino doutrinal da epístola, que temos vindo a seguir, em retalhos seletos, desde o 9º Domingo Comum. Nesta secção, que vai do capítulo 9 ao 11, S. Paulo pretende dar a explicação para um facto verdadeiramente estranho, a saber, como se explica que os judeus, que eram os primeiros destinatários da salvação messiânica, tenham ficado de fora, na sua maior parte? Isto não se pode dever a que Deus tenha falhado às suas promessas, mas deve-se a que Israel se tenha negado a crer, como aliás também os profetas já tinham anunciado (cf. cap. 9 e 10); e, de qualquer modo, a sua infidelidade não é total, nem definitiva (cf. cap. 11).

2-3 «Sinto grandes tristeza». S. Paulo desabafa deixando ver a profunda pena que sente pelo facto de os seus irmãos de raça permanecerem excluídos da salvação messiânica, chegando ao ponto de usar uma expressão que não se pode entender à letra: «Quisera eu próprio ser separado de Cristo». Anátema/maldito tem que se entender como força de expressão, que faz lembrar o dito de Moisés, «senão, risca-me do livro que escreveste» (Ex 32,32); esta maneira de dizer significa que ele estava disposto a suportar os maiores sacrifícios para conseguir a salvação eterna dos seus irmãos de raça, os judeus. De facto, não há lugar para dúvida de que Paulo amava mais Cristo do que tudo e todos, por isso exclama: «Se alguém não ama o Senhor, seja anátema» (1 Cor 16,22).

4 «A glória». Aqui significa a manifestação sensível da presença divina no meio do seu povo, especialmente no tabernáculo e no templo (cf. Ex 40,34-35; 1 Re 8,10-11).

5 «Cristo… é Deus bendito.» Temos aqui uma das mais claras afirmações da divindade de Cristo que há em todas as Escrituras. Não há dúvida de que esta doxologia se refere a Cristo, como se depreende do contexto. Em Hebr 13,21 temos uma outra doxologia referida a Cristo; e em Tit 2,13 temos mais uma afirmação da divindade de Cristo, semelhante em clareza.

Evangelho

Segundo Mateus 14,22-33

Cristo quer infundir em nós confiança e coragem. Aclamemo-lo.

A tempestade no Lago de Genesaré, a que se referem os Evangelhos é um fenômeno muito frequente e perigoso para as embarcações ainda hoje. O lago de 13 por 21 Km tomou este nome pelo seu formato de harpa (kinnéret).

23 «Subiu a um monte, para orar a sós». Jesus não teria necessidade de se retirar para se recolher em oração, como é sublinhado pelos evangelistas (cf. Mc 1,35; 6,47; Lc 5,16; 6,12); esta insistência acentua que o ensino de Jesus não consta só das suas palavras (cf. Mt 6,5-6), mas também do seu exemplo, pois nós bem precisamos de tempos de recolhimento para a oração.

25 «Na quarta vigília da noite». Uma referência à divisão romana da noite, adoptada pelos judeus: do pôr ao nascer do Sol havia quatro vigílias que eram mais longas no Inverno e mais curtas no Verão.

24-33 O caminhar de Jesus sobre as águas do lago de Genesaré, após a 1ª multiplicação dos pães, é relatado também por Marcos e João. Em Mateus, com razão chamado «o Evangelho eclesiástico», pode ver-se mais claramente uma alusão à vida da Igreja. Como a barca dos Apóstolos, também a Igreja se vê perseguida, «açoitada pelas ondas e pelo vento contrário», mas Jesus, que vela por ela, vem em seu socorro, com palavras de ânimo – «não tenhais medo!» – (palavras tão repetidas por João Paulo II). No relato reflete-se a trajetória dos discípulos do Senhor ao longo dos tempos: sujeitos ao medo e à dúvida avançam, pelo caminho da súplica, até chegarem à segura confissão de fé: «Tu és verdadeiramente o Filho de Deus!». Só Mateus apresenta Pedro indo ao encontro de Cristo sobre o mar, evidenciando-se assim o seu importante papel na direção da barca da Igreja.

Sugestão para reflexão

Deus fala no silêncio

Para o profeta Elias as coisas corriam mal. A sua vida estava em perigo. Com medo dos seus perseguidores procurava fugir-lhes a todo o transe. Vergado ao peso do fardo da vida está prestes a cair no desespero. E o Senhor vem em seu auxílio. Foi no monte Horeb que sentiu a presença de Deus.

Levanta-se violenta tempestade, seguida dum terramoto e de labaredas de fogo, mas o Senhor não estava lá. Ouve-se finalmente o som duma brisa suave, tão ligeira que mal se percebe. É aqui que o Senhor se manifesta. Então o profeta fala-Lhe daquilo que guardava no mais íntimo do coração e toma a decisão de O servir.

Na nossa vida também Deus se dá a conhecer. Umas vezes será de forma dramática, com tempestade, seguida dum período de calma. É o caso relatado no Evangelho. Outras, como vento forte que tudo derruba. Foi o que aconteceu a Saulo, no caminho de Damasco. O mais frequente todavia será como uma ligeira brisa no fim dum dia sufocante.

Na Bíblia, quando Deus vem visitar o homem, há sempre silêncio (Hab 2,20; Sof 1,7; Is 41,1; Apoc 8). Não é no meio da noite, no silêncio (Lc 2,8) que o Verbo de Deus feito carne nasce Menino no presépio de Belém? E que dizer do silêncio do Sacrário onde Jesus está vivo e glorioso como no Céu, sempre a interceder por nós?

Não é sem razão que a liturgia requere silêncio depois da proclamação da Palavra de Deus. Pena que frequentemente não se respeite uma tal exigência.

Fonte: presbiteros.com.br

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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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