O santo precursor do nascimento, da pregação e da morte do
Senhor mostrou o vigor de seu combate, digno dos olhos divinos, como diz a
Escritura: E se diante dos homens sofreu tormentos, sua esperança está repleta
de imortalidade (cf. Sb 3,4). Temos razão de celebrar a festa do dia do
nascimento daquele que o tornou solene para nós por sua morte, e o ornou com o
róseo fulgor de seu sangue. É justo venerarmos com alegria espiritual a memória
de quem selou com o martírio o testemunho que deu em favor do Senhor.
Não há que duvidar, se São João suportou o cárcere e as
cadeias, foi por nosso Redentor, de quem dera testemunho como precursor. Também
por ele deu a vida. O perseguidor não lhe disse que negasse a Cristo, mas que
calasse a verdade. No entanto morreu por Cristo.
Porque Cristo mesmo disse: Eu sou a verdade (Jo 14,6); por
conseguinte, morreu por Cristo, já que derramou o sangue pela verdade. Antes,
quando nasceu, pregou e batizou, dava testemunho de quem iria nascer, pregar,
ser batizado. Também apontou para aquele que iria sofrer, sofrendo primeiro.
Um homem de tanto valor terminou a vida terrena pela efusão
do sangue, depois do longo sofrimento da prisão. Aquele que proclamava o
Evangelho da liberdade da paz celeste, foi lançado por ímpios às cadeias; foi
fechado na escuridão do cárcere quem veio dar testemunho da luz e por esta
mesma luz, que é Cristo, tinha merecido ser chamado de lâmpada ardente e
luminosa. Foi batizado no próprio sangue aquele a quem tinha sido dado batizar
o Redentor do mundo, ouvir sobre ele a voz do Pai, ver descer a graça do
Espírito Santo. Contudo, para quem tinha conhecimento de que seria recompensado
pelas alegrias perpétuas não era insuportável sofrer tais tormentos pela
verdade, mas, pelo contrário, fácil e desejável.
Considerava desejável aceitar a morte, impossível de evitar
por força da natureza, junto com a palma da vida perene, por ter confessado o
nome de Cristo. Assim disse bem o Apóstolo: Porque vos foi dado por Cristo não
apenas crer nele, mas ainda sofrer por ele (Fl 1,29). Diz ser dom de Cristo que
os eleitos sofram por ele, conforme diz também: Os sofrimentos desta vida não
se comparam à futura glória que se revelará em nós (Rm 8,18).
São
Beda (673/735)
Venerável e Doutor da Igreja
Fonte: Liturgia das Horas
Foto retirada da internet
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