A paciência - Reflexão 16º Domingo Comum “A” - São Mateus

A paciência


Uma tendência natural dos homens é a de dividir a humanidade em duas grandes categorias: os bons de um lado, os maus de outro. Esta tendência existe também no plano religioso. Invocamos bênçãos sobre nós mesmos, sobre nossa família, nossa nação; as maldições caiam sobre os outros, os inimigos, os que se opõem a nós. 

A paciência de Deus...

De uma leitura superficial da Bíblia (especialmente dos Salmos) poder-se-ia talvez deduzir a concepção de um Deus impaciente, que queima as etapas". Os apelos à vingança são bastante frequentes (1Rs 18,40; SI 82 e 108). Mas as passagens mais importantes da Bíblia desmentem essa impressão. Elias, cheio de zelo, compreende, às próprias custas, que Deus não está no furacão ou no terremoto; está na brisa leve, no sopro do vento mais delicado (1 Rs 19,9-13). Tiago e João são censurados por causa de seu desejo de fazer cair raios sobre os samaritanos que não acolhem Jesus (Lc 9,51-55; Mt 26,51). A Escritura é o livro da paciência divina, que sempre adia o castigo do seu povo (Ex 32,7-14). Os profetas falam de cólera de Deus. Mas a cólera não é o último e definitivo  momento  da  manifestação divina: o perdão sempre vence. Javé é rico em graça e fidelidade, e sempre pronto a retirar suas ameaças, quando Israel volta novamente ao caminho da conversão (1ª leitura).

Jesus inaugura o reino dos “últimos tempos”, não como juiz que separa os bons dos maus, mas como pastor universal, vindo antes de tudo para os pecadores. Não exclui ninguém do reino; todos são a ele chamados, todos podem aí entrar. Em todas as atividades da sua vida, Jesus encarna a paciência divina. Nenhum pecado pode cortar irremediavelmente as pontes de comunicação com a força misericordiosa de Deus (evangelho). A Igreja, corpo de Cristo, tem por missão encarnar entre os homens a paciência de Jesus. Seu papel é revelar, no mundo, a verdadeira face do amor. Na terra, o trigo está sempre misturado com o joio, e a linha de demarcação entre um e outro não passa pelas páginas dos registros paroquiais ou pelas fronteiras dos países; está no coração e na consciência de cada homem. Deve-se sempre recordar que a separação entre os bons e os maus só será feita depois da morte.

...de um Deus misericordioso

Não há dúvida de que a ideia que cada um faz de Deus, condiciona seu comportamento diante de Deus (adoração, oração...) e nas suas relações com o próximo. Isto significa que somos levados a fazer das nossas relações com os outros um prolongamento das que temos com Deus. A palavra de Deus (1ª leitura e evangelho) faz uma descrição muito clara do conceito e da imagem de Deus. Deus aceita o escândalo do homem limitado e mau, e Cristo parece até mesmo provocá-lo com seu comporta­mento, tratando livremente com bons e maus, Justos e pecadores. Não anuncia uma comunidade de puros e santos. E paciente com todos e deixa aos pecadores tempo para amadurecer sua conversão.

Portanto, não nos deve perturbar o escândalo de uma Igreja medíocre, pecadora, comprometida, distante do ideal evangélico de pureza, de santidade, de desapego. Sendo feita de homens e vivendo mergulhada no mundo, a Igreja corre continuamente o risco de se contaminar com o mundo e ver crescer em suas fileiras o joio ao lado do trigo. Alguns cristãos desejariam recorrer aos meios violentos e decisivos: excomungar os membros mais fracos, queimar os hereges, lançar violentamente em face dos cristãos e não cristãos as exigências do evangelho, com a política do "comigo ou contra mim”...

O fundamento dessas atitudes está em duas distorções. Uma ideia errada de Deus que seria um Deus ciumento dos homens, pronto a lançar seus raios; portanto, um Deus avarento, mesquinho, não um Deus Pai misericordioso. É uma falta de confiança em Deus e de esperança, que gera medo e insegurança.

...respeita as etapas de crescimento e amadurecimento

No entanto, o Reino de Deus tolera os maus e os pecadores, porque tem uma inabalável confiança na ação de Deus que sabe esperar a livre decisão do homem. João XXIII escreveu: "A mansidão é a plenitude da força". Não, pois, uma aceitação passiva dos acontecimentos, nem certo desleixo, mas uma atitude construtiva de tolerância, paciência e respeito pelos tempos e pelas etapas de crescimento, tanto no interior da vida das comunidades como no de cada pessoa, e uma atenção ativa aos momentos da graça e aos sinais dos tempos, que surgirão no instante preciso.


·        Primeira Leitura: Livro da Sabedoria 12,13.16-19
·        Salmo: 85,5-6.9-10.15-16a (R. 5a)
·        Segunda Leitura: Carta de São Paulo aos Romanos 8,26-27
·         Evangelho: de Jesus Cristo segundo Mateus 13,24-43

Fonte: Missal Dominical (Paulus)
Foto retirada da internet caso seja o autor, por favor, entre em contato para citarmos o credito.

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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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