“À unidade da Igreja, ao Espírito Santo e à verdadeira
doutrina”
Francisco comentou a Primeira Leitura, extraída dos Atos dos Apóstolos,
e observou que também na primeira comunidade cristã “havia ciúmes, lutas de
poder, algum espertinho que queria ganhar e comprar o poder”. Portanto, “sempre
houve problemas”: “somos humanos, somos pecadores” e as dificuldades existem,
inclusive na Igreja, mas ser pecadores nos leva à humildade e a nos aproximar
do Senhor, “como salvador dos nossos pecados”. A propósito dos pagãos que o
Espírito Santo convida à conversão, o Pontífice recordou que, no trecho, os
apóstolos e os anciãos escolhem alguns deles para ir até Antioquia com Paulo e
Barnabé. Os grupos descritos são dois:
“O grupo dos apóstolos que quer discutir o problema e os outros que
criam problemas, dividem, dividem a Igreja, dizem que aquilo que os apóstolos
pregam não é o que disse Jesus, que não é a verdade”.
Os apóstolos discutem entre si e, no final, entram num acordo:
“Mas não é um acordo politico, é a inspiração do Espírito Santo que os
leva a dizer: nada de coisas, nada de exigências. Mas só o que dizem: não comer
carne naquele período, a carne sacrificada aos ídolos porque era fazer comunhão
com os ídolos, abster-se do sangue, dos animais sufocados e das uniões
ilegítimas”.
O Papa destacou a “liberdade do Espírito” que leva ao “acordo”: assim,
diz, os pagãos podem entrar na Igreja. Tratou-se, no fundo, de um “primeiro
Concílio” da Igreja – “o Espírito Santo e eles, o Papa com os bispos, todos
juntos” – reunidos “para esclarecer a doutrina” e seguido, no decorrer dos
séculos, por exemplo pelo de Éfeso e do Vaticano II, porque “é um dever da
Igreja esclarecer a doutrina” para “se entender bem o que Jesus disse nos
Evangelhos, qual é o Espírito dos Evangelhos”.
“Mas sempre existiram essas pessoas que, sem qualquer autoridade, turbam
a comunidade cristã com discursos que transtornam as almas: “Eh, não. Isso que
foi dito é herético, não se pode dizer, isso não, a doutrina da Igreja é
esta…”. E são fanáticos por coisas que não são claras, como esses fanáticos que
semeavam intrigas para dividir a comunidade cristã. E este é o problema: quando
a doutrina da Igreja, a que vem do Evangelho, que o Espírito Santo inspira,
esta doutrina se torna ideologia. E este é o grande erro dessas pessoas”.
Esses indivíduos - explicou - “não eram fiéis, eram ideologizados”,
tinham uma ideologia “que fechava o coração para a obra do Espírito Santo”. Ao
invés, os apóstolos certamente discutiram de maneira enérgica, mas não eram
ideologizados: “tinham o coração aberto ao que o Espírito dizia”.
A exortação final do Papa foi para não se deixar intimidar diante das
“opiniões dos ideólogos da doutrina”. A Igreja, concluiu Francisco, tem “o seu
próprio magistério, o magistério do Papa, dos bispos, dos concílios”, e devemos
caminhar nesta estrada “que vem da pregação de Jesus e do ensinamento e da
assistência do Espirito Santo”, que está “sempre aberta, sempre livre”, porque
a doutrina une, os concílios unem a comunidade cristã”, enquanto “a ideologia
divide”.
Papa Francisco
Fonte: Rádio
Vaticano
Foto retirada da internet
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