Em sua catequese, o Pontífice comentou a experiência dos
dois discípulos de Emaús, de que fala o Evangelho de Lucas. Dois homens
caminhavam desiludidos após a morte de Jesus. Caminhavam tristes, porque viram
morrer as esperanças que tinham depositado em Jesus, sendo a cruz erguida no
Calvário o sinal mais eloquente da derrota que não tinham previsto.
O encontro de Jesus com os dois discípulos parece casual.
Caminham pensativos e um desconhecido se aproxima: é Cristo, que então começa a
sua “terapia da esperança”. “Quem a faz? Jesus. Antes de tudo, pergunta e
escuta, pois o nosso Deus não é um Deus intrometido”, disse o Papa.
Mesmo conhecendo o motivo da desilusão, deixa que falem de
sua amargura. O resultado é uma confissão que mais se parece com um refrão da
existência humana: “Nós esperávamos, mas…”.
“Quantas tristezas, quantas derrotas, quantas falências existem
na vida de cada pessoa! No fundo, somos todos um pouco como esses dois
discípulos. Quantas vezes nos encontramos a um passo da felicidade e ficamos
desiludidos. Mas Jesus caminha com todas as pessoas cabisbaixas. E caminhando
com elas, de forma discreta, lhes restitui a esperança.”
A verdadeira esperança passa através de derrotas. Nos Livros
Sagrados, não se encontram histórias de heroísmo fácil, nem campanhas
fulminantes de conquista. Deus não gosta de ser amado como um General que leva
o seu povo à vitória, aniquilando os adversários. A presença do Senhor lembra
uma chama frágil que arde num dia de frio e vento; e, para aparecer ainda mais
frágil esta sua presença neste mundo, foi esconder-Se num lugar que todos
desdenham.
Com os dois discípulos, Jesus repete o gesto fulcral da
Eucaristia: tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de parti-lo, o entregou.
Neste gesto está também o significado de como deve ser a Igreja: o destino de
cada um de nós. Jesus nos toma, pronuncia a bênção, e espedaça a nossa vida –
porque não há amor sem sacrifício – e a oferece aos outros, a todos.
O encontro de Jesus com os dois discípulos é rápido. Mas
nele está todo o destino da Igreja. Nos fala que a comunidade cristã não está
fechada numa cidadela fortificada, mas caminha no seu ambiente mais vital, isto
é, na rua. E ali encontra as pessoas, com suas esperanças e suas desilusões. A
Igreja oferece escuta a todos, para depois oferecer a Palavra de vida. E então
o coração das pessoas volta a arder de esperança.
"Todos na nossa vida tivemos momentos difíceis, momentos em
que caminhávamos tristes, desiludidos, sem horizonte, somente com um muro
diante de nós. Jesus sempre está do nosso lado, para nos dar esperança. Para
nos aquecer o coração. Ele nos diz: vai avante, estou com você, prossiga."
O segredo do caminho que conduz a Emaús está aqui: apesar
das aparências contrárias, nós continuamos a ser amados por Deus; Ele jamais
deixará de nos querer bem.
“Deus caminhará conosco sempre, sempre, mesmo nos momentos mais
dolorosos, nos momentos mais duros, de derrota. Ali está o Senhor. E esta é a
nossa esperança, prossigamos com esta esperança, porque Ele está do nosso lado
caminhando conosco, sempre!”
Fonte: Rádio Vaticano
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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