Roteiro Homilético 8º Domingo do Tempo Comum - Ano “A” Mateus

Introdução ao espírito da Celebração

Caímos no desânimo com muita facilidade, passando de um optimismo infantil a um pessimismo doentio. Onde estará a verdadeira razão deste nosso comportamento que, por vezes, tanto nos faz sofrer? É verdade que o momento em que vivemos, encarado sem a luz da fé, torna-se propício a que vejamos tudo escuro: falta de estabilidade econômica e no trabalho, insegurança a todos os níveis de convivência humana, e a luta contra as doenças que surgem continuamente. O Senhor toma-nos carinhosamente pela mão, na Liturgia da Palavra de hoje, para nos ajudar a descobrir e a combater as causas deste pessimismo. 

Primeira Leitura

Livro do Profeta Isaías 49,14-15

Isaías profetiza a restauração de Sião, a um Povo que se julga abandonado de Deus, a sofrer no cativeiro de Babilônia. Será um milagre do Senhor que, à luz do Novo Testamento, ganha todo o seu significado e nos conforta com esta certeza: Deus nunca nos abandona.

Ao anunciar a restauração de Jerusalém destruída (vv. 14-26), o profeta começa por levantar o ânimo do povo abatido e humilhado, apelando para o amor de Deus que é um amor cheio de afeto, ternura e compaixão. É uma das mais belas e expressivas passagens de toda a Sagrada Escritura.

14 «Sião». Era a cidadela da capital, Jerusalém, que aqui, como noutras ocasiões, representa todo o povo. Sião, que significa «lugar seco» era a fortaleza conquistada por David aos Jebuseus, na colina oriental de Jerusalém (Ofel), que se começou a chamar cidade de David, e para onde ele transladou a arca. Quando Salomão construiu o templo, a Norte de Sião, e para lá levou a arca da aliança, também se começa a dar a esse local o nome de Sião. Também o nome de Sião passou a designar toda. a cidade ou todos os seus habitantes (filha de Sião) e por vezes, como aqui, todo o Povo de Israel. Daqui se segue que a Igreja, «o novo Israel de Deus», passa a ser designada também como Sião, tanto na sua fase peregrina (Heb 12,22), como celeste (Apoc 14,1). Ora, como a sede da primitiva Igreja de Jerusalém foi o Cenáculo, passou a considerar-se como Monte Sião a colina ocidental onde este se situa. Hoje a Arqueologia desfez esta confusão topográfica e demonstrou cabalmente que a primitiva Sião, cidade de David, é a colina oriental (Ofel), a sul da esplanada do templo.

Segunda Leitura

Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 4,1-5

Na primeira Carta aos fieis de Corinto, S. Paulo apela à nossa fidelidade, vivendo com o olhar posto em Deus. Com ele, também nós podemos dizer: o que me preocupa não são os julgamentos que os homens fazem de mim, mas os do Senhor.

Em face das divisões que havia em Corinto por causa de os cristãos dali pretenderem arvorar os pregadores do Evangelho em protagonistas e representantes de facções diversas, São Paulo procura dar a verdadeira imagem do que é o ministério cristão (1Cor 3-4); tanto Paulo como Apolo são meros servidores (diáconoi – cf. 1Cor 3,5) dos fiéis e colaboradores de Deus (synergoi 3,9), e de modo algum chefes políticos ou representantes de tendências ou simpatias populares.

1-2 Os Apóstolos (e assim todos os detentores de funções jerárquicas) devem ser considerados como aquilo que realmente são: «servos de Cristo» (hypêrétai, um termo grego que designa um empregado subalterno) e «administradores dos mistérios de Deus» (em grego, oikonómoi, gerentes). O administrador não é o seu dono, por isso, a norma de toda a sua conduta tem que ser a fidelidade: fidelidade ao Senhor e à Igreja, procurando dar a resposta adequada aos direitos que cada um dos fiéis tem dentro do Povo de Deus (cf. Lc 12,42-44). A missão da Hierarquia é uma missão de serviço humilde; com estas palavras, São Paulo desautoriza todas as espécies de clericalismo. Os mistérios de Deus, são todos os meios sobrenaturais de salvação, em particular a Pregação e os Sacramentos.

3-4 São Paulo dá o exemplo de não se conduzir ao sabor dos juízos humanos. O discípulo de Cristo, e muito particularmente um seu ministro, não pode ter medo de críticas, de rótulos de qualquer sinal, de criar antipatias, de remar contra a maré, aliás, pôr-se-ia no caminho da infidelidade.

Evangelho

Segundo Mateus 6,24-34

Tínhamos começado a ler nos domingos comuns, que se seguiram ao Tempo do Natal, o sermão da montanha, que agora retomamos; neste ano não houve lugar para o 6º e 7º Domingo do Tempo Comum, por isso já estamos a meio do capítulo 6 de S. Mateus,

24 «Ninguém pode servir a dois senhores». O trabalho dum escravo era tão absorvente que não lhe restava tempo para atender a outro senhor que não fosse o seu. Esta realidade bem conhecida por todos é o ponto de partida para Jesus estabelecer um princípio de vida moral: sendo Deus o fim último do homem, nada nem ninguém se pode ocupar o seu lugar. O fim último do homem é Deus, a Quem há que servir e amar sobre todas as coisas, não ficando lugar para quaisquer espécies de ídolos. E aqui temos uma aplicação concreta: «Não podeis servir a Deus e ao dinheiro», em aramaico, «mammona» uma palavra que o 1º Evangelho, dirigido a judeus-cristãos, conserva sem a traduzir para grego; trata-se duma alusão às riquezas, o dinheiro, que aqui aparece como que personificado. «Os bens da terra não são maus; pervertem-se, quando o homem os toma como ídolos e se prostra diante deles; mas tornam-se nobres, quando os converte em instrumentos para alcançar o bem, numa missão de justiça e de caridade. Não podemos correr atrás dos bens econômicos como quem procura um tesouro; o nosso tesouro (…) é Cristo e n’EIe se há de concentrar todo o nosso amor, porque onde está o nosso tesouro, aí está também o nosso coração (cf. Mt 6,21)» (S. Josemaria, Cristo que passa, n.° 35).

25-34 «Não vos inquieteis». Jesus não diz que não nos ocupemos das coisas que se referem ao alimento e ao vestuário, mas que não nos preocupemos com desassossego e perturbação dessas coisas. É como se dissesse: «Não vos preocupeis excessivamente com os bens materiais, ainda que necessários à vida; não estais sobre a terra para aqui viverdes imersos em pensamentos de coisas materiais, sois filhos de Deus, bem superiores às flores do campo e às aves do céu. Deus pensará em vós, mais do que pensa nas outras criaturas e vos dará o necessário» (Bíblia de Vacari).

27 «Acrescentar um só côvado…». O côvado equivalia a 45 cm. Não é a inquietação e a falta de serenidade que leva a aumentar os bens materiais, como também não faz aumentar a duração da vida (antes pelo contrário!), ou melhor (dito com uma certa ironia), a própria estatura, como temos na tradução litúrgica.

32 «Os pagãos…». É próprio deles a inquietação com que se movem na vida. É próprio dos filhos de Deus a serenidade e a confiança no Pai do Céu.

33 «Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça». Esta justiça é a justiça indispensável para entrar no Reino de Deus, isto é, o cumprimento da sua vontade.

«Tudo o mais vos serão dadas por acréscimo», segundo comenta Santo Agostinho: «não corno um bem no qual devais fixar a vossa atenção, mas como um meio pelo qual possais chegar ao sumo e verdadeiro bem» (Sobre o Sermão da Montanha, 2, 24).

34 «Não vos inquieteis com o dia de amanhã». Trata-se duma sentença comum à sabedoria humana, que aparece também nas literaturas romana, grega, judaica e até egípcia. Mas, na boca de Jesus, tem um sentido novo: não se trata já da resignação e indiferença estoica, ou duma técnica epicurista para saborear em cheio o prazer do momento que passa, mas sim duma atitude de fé viva na Providência divina e de confiança filial no Pai celeste, que conduz à paz e serenidade de espírito. As palavras de Jesus não significam de modo nenhum qualquer apelo à inatividade dum falso piedosismo quietista.

Sugestão para reflexão

1. Vencer a tentação do desânimo

a) O porquê dos nossos desânimos. «Sião exclamou: ‘O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-me‘.»

É uma realidade que nos deixamos tentar muitas vezes pelo desânimo. Podemos estar doentes, com tendência para ver tudo com óculos escuros. Muitas vezes, porém, as causas são outras:

• Temos apego à nossa própria vontade. Queremos o que Deus não quer, ou fugimos do que Ele quer de nós.

• Falta-nos a confiança em Deus. Só confiamos e estamos contentes quando o Senhor nos faz a vontade. O mistério da cruz repugna-nos e revoltamo-nos contra ele.

• Em última análise, na raiz de tudo isto encontra-se a nossa falta de fé. Esquecemos ou não temos presente a verdade fundamental da nossa filiação divina. Esta solidão interior prejudica-nos e leva-nos ao desânimo. Fazemos lembrar uma criança mergulhada no escuro, com a mãe ao seu lado que lhe manifesta a sua presença falando-lhe carinhosamente, embora o filho não a veja; indiferente a tudo isto, a criança chora inconsolável.

b) Os sinais da bondade de Deus. «Mas pode a mulher esquecer a criança que amamenta e não ter compaixão do fruto das suas entranhas?»

Antes de nos pedir que confiemos n’Ele, o Senhor manifesta-nos a Sua bondade pelo comportamento de algumas criaturas. Parece dizer-nos: «Abre os olhos e vê!»

As mães, mesmo tão limitadas nas suas possibilidades, com defeitos, guardam intocável o afeto e carinho para com os filhos. Até os animais nos dão exemplo disto, guiados pelo instinto, tratando das crias, e mudando-as de lugar, quando algum perigo as ameaça.

Também os santos são pequenos vislumbres do coração misericordioso de Deus. Comove-nos uma Beata Teresa de Calcutá que se entrega aos mais pobres dos pobres; o Venerável João Paulo II que se entrega sem restrições aos cuidados do rebanho, até ao esgotamento; santa Joana Beretta Molla, médica, falecida aos 39 anos, para salvar a vida da filha que deu à luz. A enumeração podia continuar. Eles são como os faróis que, na escura e tempestuosa noite, enviam sinais para o alto mar, indicando o porto seguro.

Mas, enquanto o farol não vai ao encontro dos marinheiros, Deus está conosco na barca para nos ajudar.

c) O Senhor ama-nos sempre. «Pois, ainda que ela o esquecesse, Eu não o esqueceria.»

Deus ama-nos sempre, seja qual for o caminho por onde andamos transviados. É o mistério insondável da Sua misericórdia.

Quanto mais doentes, pequeninos e indefesos são os Seus filhos, mais lhes manifesta o Seu Amor.

Deus, nosso Pai, é mil vezes mais generoso para conosco do que todas as mães da terra juntas.

Sendo assim, nenhuma situação neste mundo justifica o nosso desânimo, porque podemos contar sempre com Ele.

Recolhamo-nos em oração, quando a escuridão do desânimo se abater sobre nós.

Fonte: presbiteros.com.br
Foto retirada da internet caso seja o autor, por favor, entre em contato para citarmos o credito.

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