Prefácio do Natal - Ofício festivo próprio - Glória
Cor: Vermelho - Ano Litúrgico “A” - São Mateus
Antífona: Os
meninos inocentes foram mortos por causa do Cristo. Eles seguem o Cordeiro sem
mancha e cantam: Glória a ti, Senhor!
Oração do Dia: Ó Deus, hoje os santos Inocentes proclamaram vossa glória não
por palavras, mas pela própria morte; dai-nos também testemunhar com a nossa
vida o que os nossos lábios professam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Primeira Leitura: Primeira Carta de
São João 1,5-2,2
Caríssimos, a
mensagem, que ouvimos de Jesus Cristo e vos anunciamos, é esta: Deus é luz e
nele não há trevas. Se dissermos que estamos em comunhão com ele, mas andamos
nas trevas, estamos mentindo e não nos guiamos pela verdade. Mas, se andamos na
luz, como ele está na luz, então estamos em comunhão uns com os outros, e o
sangue de seu Filho Jesus nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não
temos pecado, estamo-nos enganando a nós mesmos, e a verdade não está dentro de
nós. Se reconhecermos nossos pecados, então Deus se mostra fiel e justo, para
nos perdoar os pecados e nos purificar de toda culpa. Se dissermos que nunca
pecamos, fazemos dele um mentiroso e sua palavra não está dentro de nós. Meus
filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar,
temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Ele é vítima de expiação
pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo
inteiro. - Palavra do Senhor.
Comentário: Parte da mensagem para os
cristãos é que há uma esfera de vida e justiça que pode ser chamada “luz”. É a
esfera de Deus, pois “Deus é luz”. Mas há também outra esfera, que é a das
trevas, da inverdade, e há os que andam nela. Para estar em comunhão com Deus e
uns com os outros, precisamos andar na luz, purificados do pecado pelo sangue
do Filho de Deus. Essa purificação exige de nós um reconhecimento pessoal de
nosso pecado, que será respondido pela purificação que vem de Deus, fingir que
nunca pecamos é, em si, uma mentira que continuaria a nos ligar à esfera das
trevas. Essa confissão de pecado não é, de modo algum, sinal de que o pecado
não faz diferença na vida cristã. O propósito de nosso autor ao escrever é
afastar os cristãos do pecado. Contudo, embora ele viva a luz, ela não o cega;
ele vê que os cristãos podem pecar e, às vezes, ainda pecam. Cristo,
entretanto, continua eficiente, como intercessor (Paráclito) e vitima de
expiação pelo pecado, não só por nós, mas pelo mundo inteiro (Comentário
Bíblico / Edições Loyola)
Salmo: 123(124),2-3.4-5.7b-8
(R. 7a)
Nossa alma
como um pássaro escapou do laço que lhe armara o caçador
Se o Senhor não
estivesse ao nosso lado, quando os homens investiram contra nós, com certeza
nos teriam devorado no furor de sua ira contra nós.
Então as águas nos
teriam submergido, a correnteza nos teria arrastado, e então, por sobre nós
teriam passado essas águas sempre mais impetuosas.
O laço
arrebentou-se de repente, e assim nós conseguimos libertar-nos. O nosso auxílio
está no nome do Senhor, do Senhor que fez o céu e fez a terra.
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 2,13-18
Depois que os magos partiram, o
anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: Levanta-te, toma o menino e
sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai
procurar o menino para o matar. José levantou-se durante a noite, tomou o
menino e sua mãe e partiu para o Egito. Ali permaneceu até a morte de Herodes
para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: Eu chamei do Egito
meu filho. Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou
muito irado e mandou massacrar em Belém e nos seus arredores todos os meninos
de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos.
Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Em Ramá se ouviu uma
voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer
consolação, porque já não existem! -
Palavra da Salvação.
Comentários:
A
presença de Jesus na história humana despertou a fúria de quem estava
firmemente alicerçado num esquema de pecado, posto em xeque pela salvação oferecida
à humanidade. A pregação de Jesus desmascarava a injustiça, punha a nu a
perversidade dos opressores, revelava a fragilidade de sistemas fundados na
opressão e na violência. A matança dos inocentes de Belém foi uma espécie de
antecipação do futuro de Jesus e de seus discípulos. Um frágil recém-nascido
foi suficiente para abalar a segurança do prepotente e violento Herodes. Sua
decisão de eliminar as crianças da região onde nascera o Messias Jesus visava
eliminar no seu nascedouro, tudo o que pudesse pôr em risco a segurança de seu
reino. No coração do rei sanguinário não havia lugar para o amor. Herodes, em
última análise, ousou desafiar o próprio Deus, de quem Jesus era Filho e
recebera uma missão. Levantar-se contra o Messias correspondia a rebelar-se
contra quem o enviou. Mas Deus não se deixou vencer por Herodes: salvou seu
Filho pela ação previdente de José, que se pôs em fuga para o Egito, com o
menino e sua mãe. Na vida de Jesus e de seus discípulos, a perseguição e a
morte, por causa do Reino, seriam uma constante. Entretanto, como estão a
serviço do Reino do Pai, podem contar com a vitória, uma vez que os prepotentes
jamais prevalecerão. (Padre Jaldemir
Vitório/Jesuíta)
Nesta
página terrível do Evangelho, vem à luz o lado mais sombrio da pessoa humana: o
ódio sem limites, o medo insuperável, a crueldade além da imaginação – tudo
isto resumido em um só indivíduo, o Rei Herodes. Tentando eliminar o Menino que
nascera, virtual competidor pelo trono da Judéia, pois fora anunciado como rei,
Herodes não hesita em mandar assassinar todas as crianças da região que
poderiam estar na mesma faixa etária de Jesus. Alguns “doutores” duvidam da
veracidade histórica do fato narrado, mas eu me recuso a crer que o evangelista
Mateus registrasse uma cena tão crua, se não estivesse convencido de sua
autenticidade. Aliás, a dificuldade humana em olhar de frente o sofrimento
extremado é, já, proverbial; preferimos fingir que não aconteceu ou tentamos
apagar os registros históricos. Algo semelhante ao fato recente, quando se
pedia a demissão de João Paulo II, pois já não suportavam contemplar seu
esforço sobre-humano no cumprimento da missão. Na excelente Bíblia de Navarra,
a nota de rodapé comenta: “Ramá foi a cidade em que Nabucodonosor, Rei da
Babilônia, reuniu os prisioneiros israelitas. Por estar situada na tribo de
Benjamin, Jeremias põe na boca de Raquel, mãe de Benjamin e de José, as
lamentações pelos filhos de Israel.” No Evangelho, o pranto de Raquel é
aplicado à situação das mães que tiveram seus filhos mortos a mando de Herodes.
Guardadas as proporções, o mesmo medo de Cristo que provocou a morte dos
“Santos Inocentes” ainda permanece latente em nosso mundo. É numerosa a
multidão das pessoas que têm medo de Jesus. Não medo de castigos ou vinganças,
mas medo de suas exigências, medo de seus princípios e valores, medo de ter que
fazer algum tipo de esforço ou sacrifício para acolher a Boa Nova. E mais: medo
de que os filhos se deixem seduzir por Cristo e sigam uma vocação consagrada;
medo de um tipo de pregação exigente; medo de ter prejuízos por causa da
mensagem cristã. Esse medo leva a críticas, a acusações de radicalismo, a
tentativas de edulcorar e amaciar o conteúdo real do Evangelho. Permanece viva
a tentativa de domesticar Jesus Cristo, adaptando-o a nossas comodidades e
apegos pessoais. E se Ele começar a incomodar muito, não tenham dúvida de que
surgirão novos Herodes bem à nossa frente... (Antônio Carlos Santini / Com.
Católica Nova Aliança)
SANTO DO DIA: Festa
Santos Inocentes - Mártires
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
Foto retirada da internet
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