Livro do Êxodo 17,8-13
A primeira leitura dá a entender que Deus intervém no mundo
e salva o seu Povo servindo-se, muitas vezes, da ação do homem; mas, para que o
homem possa ganhar as duras batalhas da existência, ele tem que contar com a
ajuda e a força de Deus… Ora, essa ajuda e essa força brotam da oração, do
diálogo com Deus.
O livro do Êxodo não cessa de exaltar a Providência divina
em favor do povo que, liberto da opressão do Egito, é guiado a caminho da terra
prometida; não só o alimenta e lhe mata a sede, como também o livra das mãos
dos inimigos.
8 «Amalec», isto é, os amalecitas, um tradicional inimigo de
Israel, espalhado pelo norte do Sinai e a sul do Négueb, até aos tempos de
Ezequias, em que foi completamente apagada a sua memória (cf. v. 14). Aqui
aparecem como um grupo inimigo, que disputaria os escassos oásis do deserto com
as suas fontes e pastagens. «Refidim», lugar incerto a SW da península do
Sinal, um lugar de passagem dos israelitas a caminho do monte Horeb (Sinai).
9 «Com a vara de Deus na mão…» Alguns pensam, e com razão,
que Moisés, no cimo do monte, não se limitou a rezar de braços abertos, mas
que, com a vara, ia fazendo sinais para a planície, a fim de Josué conduzir bem
o combate. De qualquer modo, ao lermos o Êxodo, é contraproducente fixarmo-nos
no rigor histórico dos relatos, embora estes tenham atrás de si tradições de
valor. Queremos chamar a atenção para o perene valor paradigmático do gesto de
Moisés. Ele torna-se uma imagem de Cristo mediador e do valor da oração de
intercessão. Os Padres veem na vara de Moisés uma figura da Cruz, que vence os
inimigos do homem: demónio, o pecado e a morte. Por outro lado, também se pode
ver, nas figuras de Aarão e Hur, o poder religioso, e, em Josué, o poder
político-militar, ambos os poderes concentrados em Moisés, que haveriam de vir
a diversificar-se.
Segunda Leitura
2ª Carta de São Paulo a Timóteo 3,14;4,2
A segunda leitura apresenta uma outra fonte privilegiada de
encontro entre Deus e o homem: a Escritura Sagrada. Sendo a Palavra com que
Deus indica aos homens o caminho da vida plena, ela deve assumir um lugar
preponderante na experiência cristã.
A leitura contém o texto clássico da inspiração da Sagrada
Escritura (v. 16) e um apelo formal e solene à pregação do Evangelho, com o
recurso a uma fórmula jurídica semelhante à dos testamentos greco-romanos, de
modo a que o herdeiro fique obrigado a cumprir a vontade do testador (4, 1:
«conjuro-te» – diamartyromai).
16 «Toda a Escritura, inspirada por Deus, é útil…» (outra
tradução possível: «toda a Escritura é inspirada por Deus e também é útil…). A
Igreja sempre entendeu e ensinou que: «Todos os livros, tanto do Antigo como do
Novo Testamento, com todas as suas partes, foram escritos sob a inspiração do
Espírito Santo e, por isso, têm a Deus como autor e, como tais, foram confiados
à Igreja» (Vaticano II, DV 11). Na tradução litúrgica, aparece a inspiração da
S. E., – uma interação divino-humana, um verdadeiro mistério pertencente à
ordem sobrenatural – como uma afirmação indireta, pois o acento é posto na sua
utilidade sobrenatural: dar a sabedoria que leva à salvação (v. 15), «ensinar,
persuadir, corrigir e formar segundo a justiça» (v. 16), e levar à santidade de
vida de um homem de Deus perfeito (v. 17).
Evangelho
Evangelho: de Jesus Cristo segundo Lucas
18,1-8
O Evangelho sugere que Deus não está ausente, nem fica
insensível diante do sofrimento do seu Povo. Os crentes devem descobrir que
Deus os ama e que tem um projeto de salvação para todos os homens; e essa
descoberta só pode fazer-se através da oração, de um diálogo contínuo e
perseverante com Deus.
O tema central deste e do próximo domingo é o da oração. A
parábola do juiz iníquo, exclusiva de Lucas, o evangelista da oração, é muito
expressiva para mostrar a eficácia da oração e a necessidade que temos de
insistir. Esta insistência não é para convertermos Deus, mas para nós nos
convertermos a Ele, para nos abrirmos aos dons que Ele tem para nos dar, para
nos colocarmos no nosso lugar de criaturas necessitadas de Deus. Compreende-se
assim que Ele não nos dispense de clamar dia e noite e de «orar sempre sem
desanimar» (v. 1).
7 «E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos que
por Ele clamam dia e noite?» O contraste estabelecido pelo Senhor é flagrante.
Como é que Deus não há de escutar os nossos pedidos, sendo Ele um Pai
amorosíssimo e infinitamente bom? A verdade é que não nos dispensa de clamar
dia e noite e de «orar sempre sem desanimar» (v. 1).
8 «O Filho do homem encontrará fé sobre a terra? Para rezar
e ser atendido é preciso fé, dessa «fé que transporta montanhas» (cf. Mt 17,20).
A falta de fé prevista para o fim dos tempos (cf. Mt 24,10-12; 2Tes 2,3-5; 1Tim
4,1-3; 2Tim 3,1-9) não se revela só na negação das verdades reveladas por Deus,
mas na perda do sentido da fé a nortear a vida.
Sugestões para reflexão
A dificuldade de orar num mundo marcado
pela injustiça
Jesus propôs a parábola para convidar os seus discípulos a
não desanimarem no seu propósito de implantar o reino de Deus no mundo. Para
isso deveriam ser constantes na oração, como o fora a viúva em pedir justiça
até que fosse atendida por aquele juiz que se fazia de surdo para não escutar a
sua súplica. E a sua constância alcançou-lhe a justiça.
Esta parábola do evangelho tem um final feliz, como tantas
outras, embora nem sempre assim aconteça na vida real. Porque é que tanta gente
morre sem que se lhe faça justiça, apesar de suplicar a Deus com frequência?
Quantos mártires esperaram em vão a intervenção divina no momento do seu
julgamento? Quantos pobres lutam para sobreviver sem que ninguém lhes faça
justiça? Quantos crentes perguntam até quando vai durar o silêncio de Deus,
quando é que Ele vai intervir neste mundo de desordem e injustiça legalizada?
Como é que o Deus do amor e da paz permite guerras tão sangrentas e cruéis, a
demente carreira de armamentos, ou o desperdício de recursos para a destruição
do meio ambiente, a existência de um terceiro mundo que desfalece de fome, a
consolidação dos desníveis de vida entre países e cidadãos?
Perante tanto sofrimento, para o cristão fica cada vez mais
difícil rezar, entrar em diálogo com esse Deus a quem Jesus chama de «Pai»,
para pedir-lhe que «venha a nós o teu reino». Atravessado pela noite escura
deste mundo, pela injustiça estrutural, fica cada dia mais difícil acreditar
nesse Deus apresentado como omnipresente e omnipotente, que faz justiça perante
o opressor e protege os oprimidos.
Uma nova imagem de Deus
Mas talvez seja necessário apagar essa imagem de Deus que,
de facto, não corresponde às páginas evangélicas. Porque, lendo-as, tem-se a
impressão de que Deus não é nem omnipotente nem impassível, mas sim frágil,
sofredor, «padecente»; o Deus cristão revela-Se mais dando a vida que impondo
uma determinada conduta aos seres humanos, está no meio da luta dos seus pobres
e não à cabeça dos poderosos.
O cristão, consciente da companhia de Deus no seu caminho
para a justiça e a fraternidade, não deve desfalecer, mas insistir na oração,
pedindo força para perseverar até implantar o Seu reino num mundo onde dominam
outros senhores. Neste caso, só a oração o manterá na esperança.
Até que este reino divino seja implantado, a situação do
cristão no mundo assemelhar-se-á com aquela descrita por Paulo na carta aos
Coríntios: «Somos atribulados por todos os lados, mas não desanimados; somos
postos em extrema dificuldade, mas não somos vencidos por nenhum obstáculo;
somos perseguidos, mas não abandonados; prostrados por terra, mas não
aniquilados”. Sem cessar e por toda parte, levamos em nosso corpo a morte de
Jesus, a fim de que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo» (2Cor
4,8-10).
Não estamos abandonados das mãos de Deus. Pela oração
sabemos que Deus está conosco. E isto basta-nos para continuarmos insistindo
sem desfalecer.
«É pela vossa perseverança que
alcançareis a vossa salvação». (Lc 21,19)
O importante é a constância, a perseverança. Moisés teve
essa experiência. Enquanto rezava, com as mãos elevadas no alto do monte, Josué
ganhava a batalha; quando as abaixava, isto é, quando deixava de rezar, os
amalecitas, seus adversários, venciam. Os companheiros de Moisés, conscientes
da eficácia da oração, ajudavam-no para não desfalecer, sustentando-lhe os
braços para que não deixasse de orar. E assim esteve – com os braços erguidos,
isto é, orando insistentemente –, até que Josué vencesse os amalecitas. De modo
simples ressalta-se neste texto a importância de permanecer em oração, de
insistir perante Deus.
Na segunda leitura, Paulo também recomenda a Timóteo para
ser constante, permanecendo no que ele aprendeu nas Sagradas Escrituras, de
onde se obtém a verdadeira sabedoria que, pela fé em Cristo Jesus, conduz à
salvação. O encontro do cristão com Deus deve realizar-se através da Escritura,
útil para ensinar, repreender, corrigir e educar na virtude. Deste modo,
estaremos equipados para realizar toda a boa obra. O cristão deve proclamar
esta palavra, insistindo a tempo e a fora de tempo, repreendendo e reprovando a
quem não a leva em consideração, exortando a todos, com paciência e com a
finalidade de instruir no verdadeiro caminho que por ela nos é revelado.
Trilhando este caminho, viveremos em pleno o desafio
missionário que a Igreja confere a cada cristão no dia do seu baptismo,
renovado em cada dia por um compromisso fiel e feliz com Cristo, com a Igreja e
com o mundo do nosso tempo.
Que a Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, faça de cada um de
nós verdadeiros missionários e nos ajude a perceber que «é pela perseverança
que alcançaremos a salvação» (cf. Lc 21,19).
Fonte: presbiteros.com.br
Foto retirada da internet
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