Roteiro Homilético 29º Domingo do Tempo Comum Ano “C”

Primeira Leitura

Livro do Êxodo 17,8-13

A primeira leitura dá a entender que Deus intervém no mundo e salva o seu Povo servindo-se, muitas vezes, da ação do homem; mas, para que o homem possa ganhar as duras batalhas da existência, ele tem que contar com a ajuda e a força de Deus… Ora, essa ajuda e essa força brotam da oração, do diálogo com Deus.

O livro do Êxodo não cessa de exaltar a Providência divina em favor do povo que, liberto da opressão do Egito, é guiado a caminho da terra prometida; não só o alimenta e lhe mata a sede, como também o livra das mãos dos inimigos.


8 «Amalec», isto é, os amalecitas, um tradicional inimigo de Israel, espalhado pelo norte do Sinai e a sul do Négueb, até aos tempos de Ezequias, em que foi completamente apagada a sua memória (cf. v. 14). Aqui aparecem como um grupo inimigo, que disputaria os escassos oásis do deserto com as suas fontes e pastagens. «Refidim», lugar incerto a SW da península do Sinal, um lugar de passagem dos israelitas a caminho do monte Horeb (Sinai).

9 «Com a vara de Deus na mão…» Alguns pensam, e com razão, que Moisés, no cimo do monte, não se limitou a rezar de braços abertos, mas que, com a vara, ia fazendo sinais para a planície, a fim de Josué conduzir bem o combate. De qualquer modo, ao lermos o Êxodo, é contraproducente fixarmo-nos no rigor histórico dos relatos, embora estes tenham atrás de si tradições de valor. Queremos chamar a atenção para o perene valor paradigmático do gesto de Moisés. Ele torna-se uma imagem de Cristo mediador e do valor da oração de intercessão. Os Padres veem na vara de Moisés uma figura da Cruz, que vence os inimigos do homem: demónio, o pecado e a morte. Por outro lado, também se pode ver, nas figuras de Aarão e Hur, o poder religioso, e, em Josué, o poder político-militar, ambos os poderes concentrados em Moisés, que haveriam de vir a diversificar-se.

Segunda Leitura

2ª Carta de São Paulo a Timóteo 3,14;4,2

A segunda leitura apresenta uma outra fonte privilegiada de encontro entre Deus e o homem: a Escritura Sagrada. Sendo a Palavra com que Deus indica aos homens o caminho da vida plena, ela deve assumir um lugar preponderante na experiência cristã.

A leitura contém o texto clássico da inspiração da Sagrada Escritura (v. 16) e um apelo formal e solene à pregação do Evangelho, com o recurso a uma fórmula jurídica semelhante à dos testamentos greco-romanos, de modo a que o herdeiro fique obrigado a cumprir a vontade do testador (4, 1: «conjuro-te» – diamartyromai).

16 «Toda a Escritura, inspirada por Deus, é útil…» (outra tradução possível: «toda a Escritura é inspirada por Deus e também é útil…). A Igreja sempre entendeu e ensinou que: «Todos os livros, tanto do Antigo como do Novo Testamento, com todas as suas partes, foram escritos sob a inspiração do Espírito Santo e, por isso, têm a Deus como autor e, como tais, foram confiados à Igreja» (Vaticano II, DV 11). Na tradução litúrgica, aparece a inspiração da S. E., – uma interação divino-humana, um verdadeiro mistério pertencente à ordem sobrenatural – como uma afirmação indireta, pois o acento é posto na sua utilidade sobrenatural: dar a sabedoria que leva à salvação (v. 15), «ensinar, persuadir, corrigir e formar segundo a justiça» (v. 16), e levar à santidade de vida de um homem de Deus perfeito (v. 17).

Evangelho

Evangelho: de Jesus Cristo segundo Lucas 18,1-8

O Evangelho sugere que Deus não está ausente, nem fica insensível diante do sofrimento do seu Povo. Os crentes devem descobrir que Deus os ama e que tem um projeto de salvação para todos os homens; e essa descoberta só pode fazer-se através da oração, de um diálogo contínuo e perseverante com Deus.

O tema central deste e do próximo domingo é o da oração. A parábola do juiz iníquo, exclusiva de Lucas, o evangelista da oração, é muito expressiva para mostrar a eficácia da oração e a necessidade que temos de insistir. Esta insistência não é para convertermos Deus, mas para nós nos convertermos a Ele, para nos abrirmos aos dons que Ele tem para nos dar, para nos colocarmos no nosso lugar de criaturas necessitadas de Deus. Compreende-se assim que Ele não nos dispense de clamar dia e noite e de «orar sempre sem desanimar» (v. 1).

7 «E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos que por Ele clamam dia e noite?» O contraste estabelecido pelo Senhor é flagrante. Como é que Deus não há de escutar os nossos pedidos, sendo Ele um Pai amorosíssimo e infinitamente bom? A verdade é que não nos dispensa de clamar dia e noite e de «orar sempre sem desanimar» (v. 1).

8 «O Filho do homem encontrará fé sobre a terra? Para rezar e ser atendido é preciso fé, dessa «fé que transporta montanhas» (cf. Mt 17,20). A falta de fé prevista para o fim dos tempos (cf. Mt 24,10-12; 2Tes 2,3-5; 1Tim 4,1-3; 2Tim 3,1-9) não se revela só na negação das verdades reveladas por Deus, mas na perda do sentido da fé a nortear a vida.

Sugestões para reflexão

A dificuldade de orar num mundo marcado pela injustiça

Jesus propôs a parábola para convidar os seus discípulos a não desanimarem no seu propósito de implantar o reino de Deus no mundo. Para isso deveriam ser constantes na oração, como o fora a viúva em pedir justiça até que fosse atendida por aquele juiz que se fazia de surdo para não escutar a sua súplica. E a sua constância alcançou-lhe a justiça.

Esta parábola do evangelho tem um final feliz, como tantas outras, embora nem sempre assim aconteça na vida real. Porque é que tanta gente morre sem que se lhe faça justiça, apesar de suplicar a Deus com frequência? Quantos mártires esperaram em vão a intervenção divina no momento do seu julgamento? Quantos pobres lutam para sobreviver sem que ninguém lhes faça justiça? Quantos crentes perguntam até quando vai durar o silêncio de Deus, quando é que Ele vai intervir neste mundo de desordem e injustiça legalizada? Como é que o Deus do amor e da paz permite guerras tão sangrentas e cruéis, a demente carreira de armamentos, ou o desperdício de recursos para a destruição do meio ambiente, a existência de um terceiro mundo que desfalece de fome, a consolidação dos desníveis de vida entre países e cidadãos?

Perante tanto sofrimento, para o cristão fica cada vez mais difícil rezar, entrar em diálogo com esse Deus a quem Jesus chama de «Pai», para pedir-lhe que «venha a nós o teu reino». Atravessado pela noite escura deste mundo, pela injustiça estrutural, fica cada dia mais difícil acreditar nesse Deus apresentado como omnipresente e omnipotente, que faz justiça perante o opressor e protege os oprimidos.

Uma nova imagem de Deus

Mas talvez seja necessário apagar essa imagem de Deus que, de facto, não corresponde às páginas evangélicas. Porque, lendo-as, tem-se a impressão de que Deus não é nem omnipotente nem impassível, mas sim frágil, sofredor, «padecente»; o Deus cristão revela-Se mais dando a vida que impondo uma determinada conduta aos seres humanos, está no meio da luta dos seus pobres e não à cabeça dos poderosos.

O cristão, consciente da companhia de Deus no seu caminho para a justiça e a fraternidade, não deve desfalecer, mas insistir na oração, pedindo força para perseverar até implantar o Seu reino num mundo onde dominam outros senhores. Neste caso, só a oração o manterá na esperança.

Até que este reino divino seja implantado, a situação do cristão no mundo assemelhar-se-á com aquela descrita por Paulo na carta aos Coríntios: «Somos atribulados por todos os lados, mas não desanimados; somos postos em extrema dificuldade, mas não somos vencidos por nenhum obstáculo; somos perseguidos, mas não abandonados; prostrados por terra, mas não aniquilados”. Sem cessar e por toda parte, levamos em nosso corpo a morte de Jesus, a fim de que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo» (2Cor 4,8-10).

Não estamos abandonados das mãos de Deus. Pela oração sabemos que Deus está conosco. E isto basta-nos para continuarmos insistindo sem desfalecer.

«É pela vossa perseverança que alcançareis a vossa salvação». (Lc 21,19)

O importante é a constância, a perseverança. Moisés teve essa experiência. Enquanto rezava, com as mãos elevadas no alto do monte, Josué ganhava a batalha; quando as abaixava, isto é, quando deixava de rezar, os amalecitas, seus adversários, venciam. Os companheiros de Moisés, conscientes da eficácia da oração, ajudavam-no para não desfalecer, sustentando-lhe os braços para que não deixasse de orar. E assim esteve – com os braços erguidos, isto é, orando insistentemente –, até que Josué vencesse os amalecitas. De modo simples ressalta-se neste texto a importância de permanecer em oração, de insistir perante Deus.

Na segunda leitura, Paulo também recomenda a Timóteo para ser constante, permanecendo no que ele aprendeu nas Sagradas Escrituras, de onde se obtém a verdadeira sabedoria que, pela fé em Cristo Jesus, conduz à salvação. O encontro do cristão com Deus deve realizar-se através da Escritura, útil para ensinar, repreender, corrigir e educar na virtude. Deste modo, estaremos equipados para realizar toda a boa obra. O cristão deve proclamar esta palavra, insistindo a tempo e a fora de tempo, repreendendo e reprovando a quem não a leva em consideração, exortando a todos, com paciência e com a finalidade de instruir no verdadeiro caminho que por ela nos é revelado.

Trilhando este caminho, viveremos em pleno o desafio missionário que a Igreja confere a cada cristão no dia do seu baptismo, renovado em cada dia por um compromisso fiel e feliz com Cristo, com a Igreja e com o mundo do nosso tempo.

Que a Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, faça de cada um de nós verdadeiros missionários e nos ajude a perceber que «é pela perseverança que alcançaremos a salvação» (cf. Lc 21,19).

Fonte: presbiteros.com.br
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