Livro do Profeta Jeremias 38,4-6.8-10
A contradição de que Jesus é sinal, segundo o evangelho,
prefigura-se na vida daquele, entre os profetas, que mais faz pensar em Jesus:
Jeremias. A missão de Jeremias era muito ingrata. Estamos em 587 a.C. Dez anos
antes, em 597 a.C., o rei da Babilônia, Nabucodonosor, já havia mostrado seu
poder em Jerusalém e substituído o rei Joaquim (Jeconias) por Sedecias, com a
intenção de que este lhe fosse submisso. Porém, por alguma ilusão de grandeza
nacional ou por causa de seus amigos políticos, Sedecias preferiu optar pelos
egípcios. Agora, Jeremias enxergava, com lucidez profética, que a política do
rei Sedecias, querendo aliar-se aos egípcios, já em fase de declínio, era uma
opção errada. O rei e a elite de Jerusalém se achavam inexpugnáveis. Nas
palavras do profeta Ezequiel, eles consideravam Jerusalém uma panela e eles a
carne dentro. Ilusão: Nabucodonosor iria fritar a panela com a carne dentro,
até a panela derreter (Ez 11,3; 24,3-5.10-11)!
Jeremias, na sua honestidade de porta-voz de Deus, com
aquela voz que lhe queimava dentro (Jr 20,9), não podia deixar de denunciar a
farsa do orgulho da elite de Judá, sob pena de ser tratado como um traidor da
glória nacional. Por isso, foi perseguido e jogado numa cisterna vazia com o
fundo cheio de lodo (Jr 38,4-6), até que um funcionário negro, o eunuco etíope
Ebed-Melec, conseguiu a transferência dele para o quartel da guarda (34,7-13).
Esse episódio foi escolhido para a primeira leitura de hoje
porque prefigura em muitos pontos a sorte de Jesus, “sinal de contradição” (cf.
Lc 2,34-35).
Segunda Leitura
Carta aos Hebreus 12,1-4
Apesar de escolhida sem relação intencional com o evangelho
e a primeira leitura, mas em função da lectio continua da carta aos Hebreus, a
segunda leitura reforça a mensagem principal da liturgia de hoje: a fidelidade
a Deus e a firmeza no testemunho. Esse é, de fato, o conteúdo dos maravilhosos
capítulos 11 e 12 da carta. O texto de hoje evoca a imagem do cristão como
estando no estádio de esportes rodeado de testemunhas – em grego: mártires! – e
com os olhos fixos em Jesus Cristo. Jesus é chamado “aquele que conduz”
(archegós) e “completa” (teleiotés) a nossa fé, linguagem militar,
correspondente ao estilo retórico daquele tempo, mas suficientemente clara para
entregar o recado: do início até o fim, podemos seguir confiantemente Jesus em
nossa performance no estádio da vida, completar nosso percurso, combater o bom
combate, enfrentando as maiores dificuldades, como ele mesmo enfrentou a cruz
(Hb 12,2). Diante disso, nada de desânimo! Mensagem oportuna para o momento que
vivemos.
Evangelho
Segundo Lucas 12,49-53
O evangelista Lucas elabora longamente a subida de Jesus, da
Galileia a Jerusalém, para a Páscoa final (Lc 9,51-19,27). No percurso dessa
“viagem”, Lucas insere diálogos e declarações de Jesus, muitas das quais se
encontram também no Evangelho de Mateus, embora talvez em outro contexto.
Trata-se de palavras de Jesus tomadas da “Quelle”, a coleção de ditos com que
Mateus e Lucas enriqueceram, cada um a seu jeito, o primitivo Evangelho de
Marcos. Com esses ditos, Lucas transforma o relato da viagem num ensinamento rico
e, muitas vezes, radical. O de hoje, que se encontra também em Mt 10,34-36, é
certamente radical. Lucas o insere logo depois de uma exortação à prontidão
permanente em vista da volta do Senhor para pedir contas de nossa fidelidade e
prática (Lc 10,35-48). Assim, essa perspectiva final marca as nossas opções do
dia a dia. E essas opções podem opor-nos, na prática, às pessoas com as quais
convivemos, nas nossas sinagogas ou igrejas e até nas nossas casas e famílias:
“pai contra filho e filho contra pai, mãe contra filha e filha contra mãe,
sogra contra nora e nora contra sogra” – como já dizia o profeta Miqueias (Mq
7,3). Aliás, o fato de Jesus citar um profeta acrescenta uma dimensão especial:
o cumprimento das Escrituras. Aquilo de que falavam os profetas alcança sua
plenitude agora.
A palavra de Jesus supõe que o tomem pelo Messias (em
9,18-20 Simão já havia declarado essa opinião). Mas não é um Messias como eles
imaginam, alguém que produza pacificamente e quase que por milagre a paz. Que a
“paz” fosse o grande presente do Messias era a expectativa corriqueira, e isso
no sentido mais amplo que se possa imaginar, pois na língua de Jesus paz
significa a plenitude, a satisfação de tudo o que o ser humano possa desejar
honestamente diante de Deus. O problema é que a paz messiânica é fruto da
justiça (Is 32,17), supõe o agir justo dos “filhos da paz”. E é isso,
exatamente, que vai dividir as pessoas, de modo que o Messias, de fato, traz
uma divisão. E o critério dessa divisão é Jesus mesmo. O que combina com seu
caminho, com seu modo de agir, garante o beneplácito de Deus; o contrário, não.
É bom lembrar o que já anunciou João Batista: o “mais forte” que viria depois
dele batizaria com o Espírito Santo e com fogo (Lc 3,16). Pois bem, o fogo
chegou (Lc 12,49).
Fonte: Vida Pastoral - Pe.
Johan Konings, sj
Foto retirada da internet
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