Prefácio próprio - Ofício solene próprio
Glória e Creio - Cor: Branco - Ano “C” Lucas
Solenidade: NOSSA
SENHORA DA ASSUNÇÃO
Antífona: Antífona: Apocalipse
12,1 - Grande sinal apareceu no céu: uma mulher que tem o sol por manto,
a lua sob os pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça.
Oração do Dia: Deus eterno e todo-poderoso, que elevastes à glória do céu, em
corpo e alma, a imaculada virgem Maria, mãe de vosso Filho, dai-nos viver
atentos às coisas do alto, afim de participarmos da sua glória. Por nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Primeira Leitura: Livro do Apocalipse
de São João 11,19a; 12,1-6a.10ab
Abriu-se o Templo
de Deus que está no céu e apareceu no Templo a Arca da Aliança. Então apareceu
no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés
e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas.
Então apareceu
outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo. Tinha sete cabeças e dez
chifres e, sobre as cabeças, sete coroas. Com a cauda, varria a terça parte das
estrelas do céu, atirando-as sobre a terra. O Dragão parou diante da Mulher,
que estava para dar à luz, pronto para devorar o seu Filho, logo que nascesse.
E ela deu à luz um
filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o
Filho foi levado para junto de Deus e do seu trono. A mulher fugiu para o
deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. Ouvi então uma voz forte no céu, proclamando:
“Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do
seu Cristo”. - Palavra do Senhor.
Comentário: O texto pertence, na
estrutura do Apocalipse, à “seção dos três sinais” (11,15-16,16). As
comunidades cristãs, às quais é endereçada a mensagem, encontram-se em fase
difícil por causa das perseguições. Percebem que a história é movida por forças
positivas e negativas que determinam o desenrolar dos acontecimentos. E as
forças negativas parecem ter o poder de destruir todas as esperanças de vida
das comunidades. O autor do Apocalipse apresenta, pois, à comunidade que lê o
texto, dois sinais que devem ser interpretados, iluminando a vida dos cristãos.
A descrição dos sinais é precedida pela abertura do templo que está no céu e
pelo surgimento da arca da Aliança (11,19). Templo e arca são sinônimos de
proximidade, comunicabilidade e encontro com Deus. Os relâmpagos, vozes,
trovões, terremotos e tempestade de granizo indicam, enquanto elementos
teofânicos, que Deus está para comunicar à comunidade algo de capital
importância. O final do capítulo 11 tem como pano de fundo uma tradição
secular, cuja memória se conserva em 2Mc 2,1-8. Trata-se de Jeremias (século 6
a.C.) escondendo numa gruta a Tenda, a Arca e o altar do incenso, sem deixar
vestígios de acesso a essa gruta. Ele repreende os que desejavam sinalizar o
lugar, dizendo: “O lugar ficará desconhecido até que Deus se mostre
misericordioso e reúna novamente toda a comunidade do povo. Então o Senhor
mostrará esses objetos. A glória do Senhor e a nuvem também vão aparecer...”
(vv. 7b-8a). Esse texto certamente estava na memória do autor ao escrever o livro
do Apocalipse. E com isso nos brinda algumas chaves desta leitura: O Senhor se
mostrou misericordioso; ele reuniu novamente o seu povo (representado pela
Mulher); revela-se aqui a glória do Senhor, vinda do céu, onde reaparece a Arca
da Aliança; tudo isso compõe uma grande teofania (relâmpagos, vozes, trovões,
terremotos e tempestade de granizo). O primeiro sinal grandioso aparece no céu,
isto é, no ambiente de Deus. Trata-se de uma mulher, uma esposa-mãe. Ela tem
por manto o sol (sinal da proteção de Deus). Tem a lua sob os pés (isto é, já
possui a eternidade de Deus) e tem na cabeça uma coroa (ou seja, é vitoriosa)
de doze estrelas (que representam as doze tribos de Israel e os doze
apóstolos). No Apocalipse, a roupa é a identidade da pessoa. Sol, lua, estrelas
são elementos cósmicos simbolizados. Esses elementos são a “roupa” da mulher,
ou seja, sua identidade. Em outras palavras, o Apocalipse afirma que essa
mulher está profundamente ligada e identificada com Deus (sol que envolve como
vestido, lua que envolve por baixo, estrelas que envolvem por cima). A
comunidade que lê o Apocalipse é convidada a interpretar o sinal. Quem é essa
mulher? É uma imagem polivalente. É, em primeiro lugar, Eva, a mãe da
humanidade (Gn 3,15-16); é o povo de Deus do Antigo Testamento (as doze
estrelas); é Sião-Jerusalém, esposa de Javé; é Maria que dá à luz o Cristo. Mas
é sobretudo as comunidades do tempo do Apocalipse. Elas têm dimensão celeste (o
sinal aparece no céu) e dimensão terrena (encontram-se no mundo, procurando dar
continuamente à luz o Cristo). As comunidades se identificam com essa mulher, e
descobrem a raiz do seu ser e de sua missão no mundo. O segundo sinal (vv. 3-4)
é o do Dragão, a força hostil, de origem demoníaca, aparentemente superior às
forças dos cristãos (sete cabeças). As comunidades são convidadas a interpretar
o sinal: o Dragão é força opressora que se encarna em pessoas e arranjos
sociais, dificultando o testemunho cristão, e procurando devorar os frutos e a
vida das comunidades proféticas que resistem ao imperialismo romano (e aos
imperialismos de hoje). Contudo, apesar de ter aspecto aterrador, seu poder não
é absoluto, pois tem dez chifres (número que denota imperfeição) e com a cauda
arrasta um terço das estrelas (cifra que denota poder parcial). As comunidades
proféticas, pela força do Cristo ressuscitado, vencerão esse poder opressor. De
fato, Deus socorre as comunidades proféticas que lutam para dar à luz o Cristo
e as salva (vv. 5-6), e o Dragão é vencido sem esforço (v. 7). A proclamação que
segue anuncia que Deus salva e liberta, por meio da autoridade de Cristo, as
comunidades proféticas, conferindo-lhes capacidade de vencer todos os
obstáculos, inclusive a morte (v. 11). (Vida Pastoral nº 255 Paulus)
Salmo: 44(45),10bc.11.12ab.16
(R. 10b)
À vossa
direita se encontra a rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir.
As filhas de reis
vêm ao vosso encontro, e à vossa direita se encontra a rainha com veste
esplendente de ouro de Ofir.
Escutai, minha
filha, olhai, ouvi isto: “Esquecei vosso povo e a casa paterna! Que o Rei se encante
com vossa beleza! Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!
Entre cantos de
festa e com grande alegria, ingressam, então, no palácio real”.
Segunda Leitura: Primeira Carta de
São Paulo aos Coríntios 15,20-26.28
Irmãos: Cristo
ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um
homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos.
Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão.
Porém, cada qual segundo
uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os
que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. A seguir, será o fim, quando
ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo principado e todo
poder e força. Pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos
estejam debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Com
efeito, “Deus pôs tudo debaixo de seus pés”. - Palavra do Senhor.
Comentário: Um dos motivos que levaram
Paulo a escrever aos coríntios foi a questão da ressurreição dos mortos. Para
os de cultura grega era difícil aceitar que os mortos pudessem voltar à vida.
Negando a ressurreição dos mortos, negavam também a ressurreição de Cristo. Em
1Cor 15 Paulo aborda essa questão. Inicia recordando o anúncio fundamental
(querigma) do Evangelho: Cristo morreu e ressuscitou. É isto que ele e os
demais apóstolos anunciam. E as provas de que Cristo vive são os próprios
apóstolos e muitos cristãos, aos quais ele apareceu depois de ressuscitado. Baseado
nesse pressuposto, tenta levar à fé os que duvidam (vv.12-34), apresentando
provas da Bíblia (vv. 27.32). Outros argumentos que confirmam a ressurreição
dos mortos fazem parte do trecho que lemos na liturgia de hoje. O primeiro é o
que mostra Cristo enquanto primícias dos que adormeceram (v. 20). Primícias são
os primeiros frutos a amadurecer. Depois deles amadurecem os demais e vem a
colheita. Cristo é o primeiro fruto de ressurreição. Ele venceu a morte para
sempre, abrindo as portas para a vitória da vida sobre a morte. Portanto, os
mortos ressuscitarão também, como Cristo ressuscitou. Paulo contrapõe Adão a
Cristo: o pecado do primeiro acarretou a morte para todos; a morte-ressurreição
do segundo confere vida a todos. Se todos se solidarizam em Adão em vista da
fraqueza do pecado, com sua morte e ressurreição Cristo nos associou a si e à
sua vida em plenitude (vv. 21-22). Por causa dele fomos feitos cristãos,
semelhantes a Cristo na vitória sobre a morte. O segundo argumento é o da
vitória de Cristo sobre todas as forças hostis às pessoas e ao projeto de Deus.
Ele aniquilará todos os mecanismos de morte (principado, autoridade, poder),
vencendo finalmente a morte, último inimigo, e entregando o Reino ao Pai (vv.
34-36). A vitória de Cristo, portanto, não será completa enquanto não vencer
também naqueles que trazem seu nome. Isso quer dizer que a luta contra a morte
é tarefa conjunta de Cristo e dos cristãos. Só quando estes participarem da
vida plena em Deus é que Cristo dará por encerrada sua missão. (Vida Pastoral nº 255 Paulus)
Evangelho de Jesus
Cristo segundo Lucas 1,39-56
Naqueles dias, Maria partiu para a região
montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. Entrou na
casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de
Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com
um grande grito, exclamou:
Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!
Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha
visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de
alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será
cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.
Então Maria disse: “A minha alma
engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque
olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão
bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome
é santo, e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o
respeitam. Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração.
Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os
famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo,
lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera aos nossos pais, em favor
de Abraão e de sua descendência, para sempre”. Maria ficou três meses com
Isabel; depois voltou para casa. -
Palavra da Salvação.
Comentários:
O
encontro de Maria com Isabel nos mostra um pouco do que deve ser um encontro de
verdadeiro amor entre duas pessoas. Por um lado, vemos Maria, que vai ao
encontro de Isabel assim que sabe da sua situação, vai para servir, fazer com
que seu amor se transforme em gesto concreto. Quando encontra Isabel, a saúda,
pois valoriza aquele momento de encontro e também a pessoa com quem se
encontra. Por outro lado, vemos Isabel que, ao ver sua prima, exalta
imediatamente todos os seus valores como mãe do seu Senhor, assim como as suas
virtudes. E este encontro termina com um cântico de exaltação ao amor de Deus.
(CNBB)
A fé
eclesial, contemplando Maria a partir do Mistério Pascal de Jesus, professa que
ela, no término de sua caminha terrestre, foi elevada ao céu. A Igreja fala em
assunção, ou seja, Maria foi assumida por Deus e colocada na glória celeste.
Trata-se da ação de Deus fazendo grandes coisas na vida da mãe do Salvador. Não
uma ação isolada, e sim, o ápice de uma sucessão de graças na vida de quem foi
cheia de graça. A assunção de Maria brotou da Ressurreição de Jesus. É como se
Maria tivesse seguido o caminho novo de acesso ao Pai, aberto pelo Filho Jesus.
Deus, de certo modo, antecipou em Maria o que haveria de ser o destino de toda
a humanidade. A Ressurreição de Jesus foi penhor de ressurreição para todo ser
humano. Em Maria, isto já se fez realidade. A assunção situa-se no contexto da
fé de Maria. Ela havia proclamado que Deus exalta os humildes e destrói a
segurança dos soberbos. Sua vida caracterizou-se pela humildade e pelo espírito
de serviço. Ela se sabia serva humilde do Senhor, transcorrendo sua vida no
escondimento. A condição de mãe do Messias não a tornou orgulhosa e cheia de
si. A Maria exaltada na assunção foi a mulher humilde e servidora. Deus levou
para junto de si a mulher cuja vida transcorrera em total comunhão com ele. A
assunção, por conseguinte, consistiu na radicalização de uma experiência
constante na vida de Maria. (Padre Jaldemir
Vitório/Jesuíta)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
Foto retirada da internet
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