Em Baturité quando a
noite chegava todos se reuniam em volta da mesa e em cima dela tinha uma
lamparina, quando o encontro era no terreiro ficávamos em volta de uma
fogueira, de qualquer forma tinha sempre uma luz a brilhar, evitando que
tropeçássemos nos obstáculos. Conosco tem que ser do mesmo jeito, temos sempre
que ter a luz do Espírito Santo presente em nossa vida.
Não era só a minha
família, vinham os vizinhos, os moradores que ajudavam na plantação, todos com
o mesmo desejo, ouvir os ensinamentos dos mais velhos e também para partilhar o
seu dia. O bom é que todos falavam das suas alegrias e tristezas, naquela
época, não é que não existisse, mas a violência era menor, a desunião em
família era menor, as pessoas eram mais solidarias, havia mais respeito pelo
próximo.
Quando cresci e
comecei a ler a Bíblia, adquiri uma mania; para mim não bastava ler, eu queria
estar na história, estão começava a pesquisar quem estava falando, quem estava
ouvindo, que momento estava sendo vivido, ou seja, ver o texto e o contexto.
Com isso pude descobrir uma coisa, o que eu fazia quando pequeno em Baturité, e
o que nós fazemos em nossos grupos de oração, é exatamente o que faziam as
primeiras comunidades cristãs.
Mesmo depois de um
dia cansativo e muitas vezes sobrecarregado pelos problemas, eles tinham tempo
para ouvir os ensinamentos de Deus. Eram pobres, perseguidos, mas mesmo contra
toda adversidade, eles eram felizes. E como podia isso acontecer? É fácil
responder. Devido à proximidade que eles tinham uns com os outros, podiam
sentir pela respiração quando o outro estava cansado, desiludido, alegre ou
triste, e não ficava só no saber, eles eram solidários, partilhavam tudo o que
tinham.
E nós o que fazemos? Até que ponto estamos sendo Jesus para o
nosso próximo?
Na teoria é fácil
responder, o próprio Jesus já deu a resposta: “amar o próximo como a si
mesmo” (Mc 12,33). Como nós gostaríamos de ser tratados? Com amor, respeito,
solidariedade, perdão...
Agora vamos a pratica:
Será que estamos tratando o próximo do mesmo jeito? Será que estamos sendo
Jesus para o próximo? Será que tratamos todos da mesma forma? Ou será que temos
dois pesos e duas medidas.
Antes de responder vamos
analisar uma história:
Após uma semana cansativa
que deixou você só o bagaço (como diziam no meu interior), chega o Domingo, dia
de descanso e você promete que não vai levantar da cama, que não vai nem abrir
os olhos, que não levante nem para socorrer o Papa. Só que no instante seguinte
chega o seu melhor amigo, mas não é só um amigo, é aquele amigo/irmão, aquele
para quem você jamais diria um “não”, aquele amigo que você se sente bem
estando perto dele, e ele lhe dissesse que precisa ir há cidade vizinha e está
impossibilitado de dirigir e pede que você o leve.
E aí, você vai dar um não para ele?
Agora vejamos o mesmo caso
com personagens diferentes. Ao invés do seu amigo/irmão, agora bate a sua porta
uma pessoa completamente estranha e diz que o na esquina tem um morador de rua
que precisa ir ao hospital. E aí, você vai levá-lo ao hospital? E se for, vai
com a mesma presença de espírito do caso anterior? Ou simplesmente diz: Vou
ligar agora mesmo para uma ambulância.
Até que ponto você está sendo Jesus para
o seu próximo.
Agora vamos ver o
que tem Jesus a dizer: “As prostitutas e os ladrões entrarão primeiro no reino do
Céu”.
Com essa afirmação
Jesus destruiu o projeto de salvação de muita gente, inclusive o meu. Jesus é
muito ingrato, chega a ser injusto. Raciocina comigo: Nós vamos à igreja,
confessamos, comungamos, participamos de grupo de oração, fazemos tudo como
manda o Catecismo, e Jesus vem e diz que ladrões e prostitutas vão passar na
nossa frente.
Agora vejamos: Jesus
é ingrato? Com certeza não. Jesus é injusto? Também não. Então por que será que
disse que ladrões e prostitutas vão passar na nossa frente.
É muito simples,
Jesus nos deu uma mensagem forte e urgente.
Jesus não estava
falando apenas dos que vendem o corpo e dos que tomam posse do que é dos
outros. O leque é bem maior, ali também estava todo tipo de marginal e
marginalizado, todos os viciados, todos os que desiludidos ou decepcionados
trocam de religião, ou o que é pior, os que perderam completamente a fé.
Quando Jesus disse
que eles veriam primeiro a Deus, não é porque Ele veio para os doentes. É
porque nós também temos culpa da condição de vida deles.
E você pode dizer: “eu
nunca mandei ninguém fazer coisa errada”, e eu digo a você: “eu também não”. Mas o que foi que nós
fizemos para evitar que ele fizesse? Jesus está dizendo que não é só o mal que fizemos, mas também o bem
que deixamos de fazer. Vejamos um exemplo:
Um alcoólatra
passava o dia no estacionamento da igreja, todos viam e viravam o rosto,
desviavam o caminho. O padre na porta recebia os paroquianos, nunca mandou
retirá-lo do estacionamento, pois ele não importunava ninguém, mas também nunca
foi ao encontro dele para conversar, saber se podia ajudar, nunca convidou para
que o alcoólatra entrasse na igreja.
O bêbado desapareceu
e só tornou a dar o ar da graça um ano depois. Chegou à igreja bem vestido,
limpo e sóbrio, trocou a garrafa de pinga por uma Bíblia. Ao aproximar-se do
padre trazendo um convite na mão foi logo dizendo: “lembra de mim seu
padre?”.
Não tinha como o
sacerdote reconhecê-lo, pois estava completamente mudado. “Eu sou aquele que
vivia zanzando no estacionamento da igreja”, pois é, agora estou mudado graças
a um grupo de pessoas que acreditaram em mim e fizeram que eu visse que sou
especial para Deus.
Eles me apresentaram
a Jesus, para falar a verdade eles foram Jesus para mim, e eu estou aqui para
lhe trazer um convite, pois hoje faz um ano que não ponho um gole de álcool na
boca.
Ainda bem que ele
apenas trocou de religião, imagine a responsabilidade do padre e nossa, se ele
tivesse perdido completamente a fé. O nosso pecado foi a omissão pelo medo de
nos envolver.
Quando trouxeram
Maria Madalena para Jesus julgar ele não ficou preocupado com a quantidade de
opiniões contrarias, ele colocou-se do lado do necessitado. Não devemos ter
medo de ser Jesus na vida do próximo.
Minha Avó dizia que quem
vai dar, leve uma sacola para trazer. É a mais pura verdade, quando você se
dispõe a ajudar, por incrível que pareça, sempre sobra algo de bom para você.
Não desista do seu
próximo, não desista de Deus. Você pode dizer: “Jamais vou desistir de Deus” e
eu lembro a você que Pedro disse a mesma coisa a Jesus. Todas as vezes que
marido e mulher desistem do seu matrimônio, é de Deus que estão desistindo,
todas as vezes que nós desistimos dos filhos, é de Deus que estamos desistindo,
todas as vezes que nós desistimos do nosso próximo, é de Deus que estamos
desistindo. Devemos lembrar as palavras de Jesus: “Tudo que fizeres a um
destes pequeninos, foi a mim que fizeste” (Mt 25,40)
Na vida nós temos
uma única missão amar e ser amado, infelizmente temos uma mania feia, ser jure
e juiz dos nossos irmãos, e Jesus deixou bem claro: “Somente a Deus cabe o
julgamento”.
E por que Ele disse isto?
Quando julgamos,
julgamos com a razão, ou seja, somos frios e calculistas e ao dar o veredito,
normalmente impomos sanções muito severas, exigimos do próximo a perfeição. Já
Deus julga com misericórdia e como já assegurou Jesus, o seu julgo é leve. Somente
alguém puro e verdadeiramente bom tem autoridade para ser um justo juiz, e o
próprio Jesus disse: “Só o Pai é bom”.
Por isso meu amigo
quando você pensar em julgar, lembre-se que com a mesma medida que medirdes
sereis medido, e quando pensar em pregar o seu irmão na cruz ao lado de Jesus,
lembre-se que a cruz de Jesus tem dois lados.
Em vez de julgar e
condenar façamos como José de Arimatéia, vamos retirar esse irmão da cruz,
limpar suas feridas e arranjar um local digno para ele. E meus amados não se
enganem, o melhor local para aconchegar um pecador, é no nosso coração.
“A pobreza de amor está na
raiz de todo problema humano. As provações pessoais e institucionais a que
somos submetidos servem para aumentar a nossa fé”. (Bento
XVI)
Texto: Ricardo e Marta
Foto retirada da internet
caso seja o autor, por favor, entre em contato para citarmos o credito.
DEIXE SEU PEDIDO DE ORAÇÃO
Fique com Deus e sob a
proteção da Sagrada Família
Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
Crendo e ensinando o que crê e ensina a Santa Igreja
Católica
Se
desejar receber nossas atualizações de uma forma rápida e segura, por favor,
faça sua assinatura, é grátis.
Acesse nossa pagina: http://ocristaocatolico.blogspot.com.br/ e cadastre seu e-mail para recebimento automático,
obrigado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ajude-nos a melhorar nossa evangelização, deixe seu comentário. Lembre-se no seu comentário de usar as palavras orientadas pelo amor cristão.
Revista: "O CRISTÃO CATÓLICO"
Crendo e ensinando o que crê e ensina a Santa Igreja Católica