Roteiro Homilético 18º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Primeira Leitura

Vaidade das vaidades tudo é vaidade. O autor sagrado avisa-nos para não pormos o nosso coração nas coisas terrenas.

A leitura é tirada do livro cujo título grego latinizado é Eclesiastes, um livro que agora costumamos chamar com o título hebraico, Coélet, que significa «aquele que convoca a assembleia». No entanto a Nova Vulgata adota o título grego por ser o tradicional no cânone cristão. Este livro nunca é citado ou aludido no Novo Testamento, pois, como comenta Muñoz Iglesias, «à luz do sol do meio dia já não se veem as estrelas». No entanto, os rabinos usaram-no muito (cf. Pirkê Abot ou Sentenças dos Padres), por apreciarem na obra o convite ao gozo moderado dos bens deste mundo e à alegria, por isso era lido por ocasião das celebrações jubilosas da festa dos Tabernáculos. 

1, 2 «Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!» Este é o tema do livro: a vaidade ou caducidade absoluta de todas as coisas deste mundo (note-se o superlativo hebraico, expresso com o genitivo «das»), bem como a inutilidade de todas as canseiras humanas para alcançar a felicidade.

2, 22 «Que aproveita ao homem todo o seu trabalho?» Uma consideração mais superficial desta e de outras afirmações do livro poderia levar a pensar que o autor propugna uma visão pessimista do trabalho e da vida humana, refugiando-se por vezes numa atitude céptica e hedonista. Mas o autor, acima de tudo, recorre a uma fina ironia para pôr em causa todas as seguranças humanas. Muitas das suas afirmações entendem-se melhor como perguntas retóricas – que fazem pensar no sentido da vida –, do que como uma resposta a problemas humanos, para os quais ele não tem ainda uma resposta completa.

Segunda Leitura

S. Paulo anima-nos a olhar para as coisas do alto, nós que ressuscitámos com Cristo pelo batismo. Para vivermos com Ele uma vida nova.

Continuamos a ter como 2ª leitura excertos seguidos da Epístola aos Colossenses, cuja leitura se iniciou já no Domingo 15º. Depois de na 1ª parte da epístola (1,15 – 2,23) ter abordado o tema da fé em Cristo, Senhor de toda a Criação, S. Paulo passa agora, na 2º parte (3,1, – 4,6), a expor uma série de consequências morais que tem para a vida do cristão o facto de este participar, pelo Baptismo, no domínio de Cristo sobre todas as coisas.

1-2 «Aspirai às coisas do alto… afeiçoai-vos…». Este apelo corresponde ao incitamento que, na Santa Missa, a Igreja sempre nos repete: Corações ao alto!

3-4 «Vós morrestes». Cf. Rom 6. A nossa união a Cristo pressupõe a morte para o pecado, que não pode reinar mais em nós. Com Cristo morto pelos nossos pecados, morremos para o pecado; com Cristo ressuscitado, vivamos vida de ressuscitados! É a vida da graça, uma vida toda interior, «escondida» no centro da alma, vida que ninguém pode arrebatar, vida que é toda feita de presença de Deus e de visão sobrenatural, levando-nos a santificar todos os afazeres diários, trabalhando com os pés bem firmes na terra, mas o coração e o olhar fixos no Céu.

9-10 «Vos despojastes do homem velho… vos revestistes do homem novo… à imagem do seu Criador». É o homem santificado pela ação redentora de Cristo, dotado duma nova vida, que é a vida sobrenatural, a vida da graça, na qual deve ir progredindo sempre: «se vai renovando» (v.10). De facto, pela graça, o homem torna-se «uma nova criatura» (Gal 6,15), recriado – como na criação inicial – «à imagem de Deus» (cf. Gn 1,27). A Redenção não é pois algo meramente extrínseco, mas algo que nos transforma interiormente; a graça faz-nos «filhos de Deus» (cf. Jo 1,12; 1 Jo 3,1-2; Rom 8,14-15.29) e «participantes da própria natureza divina» (2 Pe 1,4). Mas este ideal tão elevado só se pode concretizar pela mortificação – «fazendo morrer o que em vós é terreno» (v. 5) –, isto é, com o domínio das paixões desordenadas que há dentro de nós.

Evangelho

Jesus ensina-nos a aproveitar bem a nossa vida neste mundo sem pormos a nossa segurança nas coisas terrenas, que deixaremos mais depressa do que pensamos.

Era costume recorrer à arbitragem de um rabino para decidir em questões de partilhas de bens, como esta a que se refere o texto evangélico. Então porque é que Jesus se nega terminantemente a prestar ajuda a um homem que lhe pede socorro, talvez até vítima da injustiça? Não basta dizer que o homem tinha já o suficiente para viver e, por isso, Jesus não quereria ajudá-lo a alimentar a cobiça que o dominaria (cf. v. 15). A atitude de Jesus revela a natureza da sua missão e torna-se paradigmática: a missão de Jesus é uma missão salvadora, que não tem como objetivo a resolução técnica dos diversos problemas temporais dos homens; limita-se a apontar claramente os princípios superiores de ordem moral que, ao serem assumidos responsavelmente, conduzem com eficácia ao bem integral do ser humano. Este indivíduo recorreu a Jesus como juiz de partilhas; Jesus apresenta-se como o Mestre da Verdade que salva, libertando o homem de cair nas malhas da ambição, do egoísmo e do pecado; assim Ele aponta critérios do mais elementar bom senso humano – «a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens» (v. 15) -, assim como critérios do mais elevado sentido sobrenatural da fé – «tornar-se rico aos olhos de Deus» (v. 21), «dando os bens em esmola» (v. 33).

16-20 A parábola do rico insensato põe a nu a loucura do homem que vive de cálculos para gozar esta vida, esquecendo que esta não lhe pertence e lhe pode ser tirada repentinamente. Vem bem a propósito o que diz S. Paulo na 2ª leitura de hoje: «Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra» (Col 3, 2).

Sugestões para a Reflexões

1) Se ressuscitastes com Cristo

Na segunda leitura S. Paulo lembra-nos que pelo batismo morremos com Cristo para o pecado. Com Ele ressuscitámos para uma vida nova, a vida da graça, a vida de filhos de Deus.

Temos de viver como homens novos. Temos de ter os olhos postos nas coisas do céu, onde queremos chegar, para viver com Cristo para sempre. O cristão tem de aspirar às coisas do céu e não às da terra. Tem necessidade destas e tem de saber usá-las de modo que nunca o estorvem de chegar ao céu.

Com a crise económica muitos tiveram a triste experiência que as riquezas nos podem facilmente fugir das mãos. Talvez Deus tenha permitido esta crise para que muitos possam abrir os olhos e reorientar a sua vida.

O mundo ocidental deixou-se invadir por uma onda de materialismo. O que conta são as coisas materiais e os prazeres que podem proporcionar. É o chamado hedonismo, a procura dos prazeres imediatos, como se eles fossem a verdadeira felicidade.

Vivemos num mundo paganizado, em que conta apenas o material e em que Deus não tem lugar. Voltámos à situação da antiga Roma no tempo de Jesus. Pão e jogos era o que pedia o povo romano ao imperador. É a situação própria das civilizações decadentes, por causa da abundância dos bens materiais, que trazem com eles os vícios e a corrupção.

João Paulo II falou muitas vezes da necessidade de a Europa voltar às suas raízes cristãs. Senão é como árvore que seca e morre. Temos de ser nós cristãos a realizar essa tarefa, a reafirmar o primado do espiritual. Temos de levar Cristo e a Sua mensagem a todos os lugares da terra, a começar pelo mundo à nossa volta.

Assim fizeram os primeiros cristãos em todo o Império Romano. Os mártires iam para a arena a cantar, desprezando a própria vida e os bens materiais que perdiam. Deixavam espantados os pagãos, já desiludidos e às vezes mesmo embrutecidos pelos prazeres terrenos.

E muitos daqueles espectadores se converteram à fé cristã, desejosos de encontrar a alegria daqueles homens e mulheres e até crianças, que desprezavam as coisas terrenas porque tinham a esperança posta mais alem Uma esperança que os enchia desde já de segurança e de alegria. Porque se apoiava na fé e no amor a Jesus por Quem ofereciam o seu sangue.

Vaidade das vaidades tudo é vaidade. As coisas terrenas são vãs, são ocas, são bolas de sabão. Não podemos andar atrás delas como os miúdos.

Com a festa da Assunção de Nossa Senhora a Igreja anima-nos a pôr os olhos na meta, onde queremos chegar.

2) Insensato

No Evangelho, Jesus fala do homem rico que pensava que, por ter muitos bens, já tinha a vida garantida. Insensato! Esta noite virei pedir a tua vida. São loucos os que põem a sua segurança nos bens terrenos e afastam de Deus o coração.

Só Deus é Deus e só nEle havemos de procurar a nossa felicidade.

Quem tem Deus tem tudo. A nossa riqueza está em Deus. Ele é fonte de todos os bens e a nossa felicidade. Santo Agostinho, que vamos celebrar neste mês, andou até aos trinta cinco anos afastado de Deus. Depois converteu-se ajudado pelas orações e lágrimas de sua mãe, Santa Mónica.

Ao contar a sua vida, no livro das Confissões, exclamava: «Senhor fizestes-nos para Ti e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansa em Ti» (Confissões 1,1).

Não vivamos como insensatos: «Fazei morrer em vós o que é terreno: imoralidade, impureza, paixões, maus desejos e avareza, que é uma idolatria» (2ª leit.). Temos de nos guiar pelos ensinamentos de Jesus. Temos de tomar a sério os Seus mandamentos.

Sem cair na tentação do relativismo, para o qual Bento XVI tem chamado tantas vezes a atenção. Como se tudo desse na mesma. Como se pudéssemos caminhar à toa pela vida fora.

O mundo de hoje é um mundo de confusões. Para legitimar as suas desordens querem chamar bem ao mal e mal ao bem. Para muitos a verdade não conta para nada. O que valem são as opiniões dos falsos sábios e dos seus grupos de pressão.

3) Sabedoria do coração

O Espírito Santo com os Seus dons ensina-nos a dar o devido valor às coisas deste mundo. O dom da ciência leva-nos a apreciar devidamente o valor das coisas. Um diamante e um monte de carvão de pedra são da mesma natureza. O diamante, carvão cristalizado, que mal se vê, vale mais que toneladas de carvão.

Temos de pedir esta esperteza ao Divino Paráclito. Para podemos descobrir os pequenos diamantes em nossa vida de cada dia: aceitar com alegria uma contrariedade para oferecê-la ao Senhor, renunciar a um capricho ou a uma pequena satisfação pessoal para dizer a Jesus que O amamos. Saber levantar-nos à hora certa, deixar aquele trabalho bem acabado, ter uma palavra amável com quem nos incomoda. E tantos outros.

Esta sabedoria de coração consegue-se meditando na vida e na morte. «Ensinai-nos a contar os nossos dias para chegarmos à sabedoria de coração» (Salmo).

Hoje muitas pessoas não têm tempo para pensar. A televisão, o rádio, a agitação da vida não lhes deixam tempo e disposição para encarar a realidade da vida. Alguém dizia que muitos só abrem os olhos quando estão para morrer, mas têm de fechá-los logo de seguida. Já nada podem remediar.

Temos de ser valentes para fazer silêncio dentro de nós, saber enfrentar-nos com valentia com a realidade da nossa vida, estar dispostos a corrigir o que está mal. Com a certeza que podemos contar com o perdão de Deus e com a Sua graça para começar uma vida nova, se é preciso.

Para muitos uns dias de retiro espiritual foram a oportunidade para abrirem os olhos e encarar a vida com verdadeiro realismo.

Precisamos de tempo para a oração, sabendo pôr-nos a sério diante de Deus, falar-Lhe sem medo, cheios de confiança e humildade. Abrindo-lhe o nosso coração com sinceridade. E dizendo-Lhe como o salmista: «Ensinai-nos a contar os ossos dias para chegarmos à sabedoria de coração» (Salmo).

Que a Virgem nos ensine a cumprir prontamente a vontade de Deus e a meditar a Sua Palavra e os acontecimentos da nossa vida em nosso coração, como Ela soube fazer.

Fonte: presbiteros.com.br
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