Evangelho de Marcos - 1º capitulo - Estudo Bíblico

INTRODUÇÃO

João Marcos natural de Jerusalém autor do segundo Evangelho acompanhou durante algum tempo Paulo e Barnabé, em seguida foi interprete de Pedro em Roma. Acredita-se que seu Evangelho tenha sido escrito entre os anos 60 e 70 e era destinado a não-judeus (não há um consenso quanto à data, já que alguns exegetas acreditam que Marcos escreveu seu Evangelho entre os anos 55 e 65, antes mesmo de Mateus). 

Ao contrario de Mateus e Lucas que narram à história de Jesus seguindo uma ordem cronológica e com uma grande riqueza de detalhes, trazendo a evidência os pormenores dos ensinamentos, Marcos que escreveu seu Evangelho com o intuito de responder a pergunta: “Quem é Jesus?”, apenas expõe os fatos de uma forma direta, ensinando ao seguidor de Jesus que a Sua “Palavra” gera “ação”. O autor sagrado apresenta Jesus não através de seus discursos catequéticos, dos questionamentos que desmascaravam os poderosos, mas, da “ação Misericordiosa” que deve ser a marca registrada de todo cristão.

CAPITULO I

1,1 - Princípio da Boa Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus.

1,1 Começo da Boa Notícia de Jesus, o Messias, o Filho de Deus.

Marcos apresenta Jesus não apenas como portador da Boa Noticia de Deus a humanidade, mas sendo Ele a própria “Boa Noticia”. Desde o primeiro instante o autor sagrado torna visível que Jesus “Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14,6), veio plantar a semente do Reino, e nós seus seguidores, através de Sua Palavra transformada em “ação”, é que iremos fazer com que o mundo caminhe segundo a vontade de Deus.

Usando a palavra “principio” ao começar seu relato, Marcos está na verdade nos preparando para desde já assumirmos a missão de continuadores da Boa Nova. Jesus é o Caminho usado por Deus para apresentar o Seu Reino a todos os povos, “nós” somos responsáveis para levar a Verdade a todos às criaturas, para que uma vez convertidos possamos contemplar o Pai na Vida Eterna.

1,2-8 - Quem é João Batista?

2. Está escrito no livro do profeta Isaías: "Eis que eu envio o meu mensageiro na tua frente, para preparar o teu caminho. 3. Esta é a voz daquele que grita no deserto: Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!" 4. E foi assim que João Batista apareceu no deserto, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados. 5. Toda a região da Judéia e todos os moradores de Jerusalém iam ao encontro de João. Confessavam os seus pecados, e João os batizava no rio Jordão. 6. João se vestia com uma pele de camelo, usava um cinto de couro e comia gafanhotos e mel silvestre. 7. E pregava: "Depois de mim, vai chegar alguém mais forte do que eu. E eu não sou digno sequer de me abaixar para desamarrar as suas sandálias. 8. Eu batizei vocês com água, mas ele batizará vocês com o Espírito Santo."

Marcos apresenta João através da profecia de Isaias: “uma voz clama no deserto” (Is 40,3). Era de se esperar que o anúncio do Messias devesse ser dado na cidade, ou no templo que era o centro religioso, político e econômico da época, mas ao contrario João vem no deserto, ou seja, fora do glamour, a margem da sociedade, sem necessitar do apoio ou aprovação do poder dominante, trazendo consigo um alerta: “endireitai as suas veredas” (Is 40,3), afirmando que o Reino do Messias será um tempo de igualdade onde não prevalecerão o favoritismo e a injustiça.

João oferecia ao povo um Batismo de conversão através do arrependimento e confissão pública dos pecados, é bem verdade que o intuito era preparar os corações para a chegada do Messias e alertar o povo que o encontro com Deus se dá de maneira simples, diferente dos rituais e imposições dos sacerdotes já que na época o templo era considerado o único lugar de encontro com Deus.

Marcos relata que João “vestia-se de pêlo de camelo e um cinto de couro em volta dos rins”, estando ele no deserto a anunciar a chegada do Messias, traçava-se assim um paralelo entre João e Elias. É evidente que o autor sagrado mesmo sem afirmar categoricamente como fez o próprio Jesus em Mc 9,13 deixa claro ser João Batista o Elias anunciado.

1,9-11 - Batismo de Jesus

9. Nesses dias, Jesus chegou de Nazaré da Galiléia, e foi batizado por João no rio Jordão. 10. Logo que Jesus saiu da água, viu o céu se rasgando, e o Espírito, como pomba, desceu sobre ele. 11. E do céu veio uma voz: "Tu és o meu Filho amado; em ti encontro o meu agrado."

É interessante a maneira como o evangelista apresenta o Messias tão esperado, aquela “pessoa importante” que estava sendo aguardado como um rei que iria devolver a Israel toda a sua glória. Se você foi um bom observador notou que Marcos diz apenas “Jesus”, não se dá ao trabalho nem de dizer de quem ele era filho (bem que ele poderia ter dito que Jesus era da descendência de Davi), para completar relata que ele é de “Nazaré na Galiléia”.

Agora pensa um pouco, que referência foi essa que ele deu para anunciar o Messias. Nazaré era uma aldeia minúscula que não representava muita coisa (era uma colher de sal jogada no oceano), já a Galiléia essa sim era conhecida, só que como um lugar impuro onde abrigava “pagãos e ignorantes da Lei”. Lembra o que Natanael falou a Felipe sobre Jesus: “Pode, porventura, vir coisa boa de Nazaré?” (Jo 1,46).

Marcos reserva para o final da narração o melhor, mostra que o Reino de Deus é revelado aos pequenos e não aos soberbos. Ao sair Jesus da água:

·         eis que o céu se abre” - “Quem dera rasgasses o céu para descer!” (Is 63,19), eis o desejo de Isaías realizado, Deus no meio de nós;

·         o “Espírito Santo desce em forma de pomba” - Então vejamos, a vinda do Espírito Santo que é o próprio Deus, representa a unidade que existe entre o Pai e o Filho, caracterizando que toda ação de Jesus é também ação de Deus.

·         e uma voz ecoa: “Tu és o meu Filho muito amado” - “Eis o meu servo, é o meu escolhido, alegria do meu coração. Pus nele o meu espírito, ele vai levar o direito às nações” (Is 42,1). É triste quando fechamos os olhos para uma realidade tão transparente, todos os evangelistas afirmam que Jesus é o Messias, acontece que o povo judeu aguardava um rei, ninguém se deu conta que o Salvador viria como um “servo”, Aquele que ama os seus inimigos, Aquele que lava os pés, Aquele que está mais preocupado com a cura da alma do que do corpo.

1,12-13 - Jesus não cede à tentação

12. Em seguida o Espírito impeliu Jesus para o deserto. 13. E Jesus ficou no deserto durante quarenta dias, e aí era tentado por Satanás. Jesus vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam.

Já sabemos que “deserto” é o local de encontro com Deus, Moises para receber as tábuas da Lei passou quarenta dias no Sinai, para fazer nascer um mundo novo as águas do dilúvio caíram quarenta dias sobre a terra, o povo hebreu peregrinou quarenta anos para alcançar a terra prometida. O número 40 na Bíblia está ligado a “espera, penitência, preparação...”.

Correlacionando os fatos acima, deduzimos que a permanência de Jesus por quarenta dias no deserto aponta para um tempo de mudanças, uma nova Lei, ou melhor, uma Boa Nova chegou, onde o mal não prevalecerá. Anjos e animais selvagens caminhando lado a lado, torna explícito que este Reino é de igualdade e paz.

1,14-15 - Jesus retorna a Galiléia

14. Depois que João Batista foi preso, Jesus voltou para a Galiléia, pregando a Boa Notícia de Deus: 15. "O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia."

Jesus dá inicio a proclamação da Boa Nova não em Jerusalém centro das decisões, mas na Galiléia junto dos pobres e excluídos. João falava em conversão para perdão dos pecados, já Jesus ao anunciar o Reino, enfatiza que não é mais tempo de espera, a pertença a Deus através da pessoa de Jesus exige mudança radical, lembrando que a proximidade com o Reino não pode ser de forma estática e sim dinâmica.

1,16-20 - Seguir Jesus exige mudança

16. Ao passar pela beira do mar da Galiléia, Jesus viu Simão e seu irmão André; estavam jogando a rede ao mar, pois eram pescadores. 17. Jesus disse para eles: "Sigam-me, e eu farei vocês se tornarem pescadores de homens." 18. Eles imediatamente deixaram as redes e seguiram a Jesus. 19. Caminhando mais um pouco, Jesus viu Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes. 20. Jesus logo os chamou. E eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados e partiram, seguindo a Jesus.

Jesus ao escolher seus seguidores não o fez junto ao templo, não se cercou dos doutores e mestres da lei, não buscou o apoio de pessoas bem sucedidas, na contramão da história Ele busca pessoas simples, sem instrução, “pescadores”. Você já se perguntou por que pescadores? Por que não artesãos ou pastores? A resposta é simples, o pescador representa aquele que não tem medo de se aventurar, que não tem medo do desconhecido.

Ao receberem o chamado o evangelista registra que imediatamente largaram as redes e deixaram a família, ou seja, abandonaram toda segurança que tinham, tanto financeira como pessoal. Seguir Jesus exige uma tomada de decisão urgente, não representa negligenciar as responsabilidades da vida, mas também não pode ser para depois da aposentadoria, dos filhos criados, da segurança profissional...

1,21-28 - Jesus o Deus da vida

21. Foram à cidade de Cafarnaum e, no sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22. As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus ensinava como quem tem autoridade e não como os doutores da Lei. 23. Nesse momento, estava na sinagoga um homem possuído por um espírito mau, que começou a gritar: 24. "Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!" 25. Jesus ameaçou o espírito mau: "Cale-se, e saia dele!" 26. Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu dele. 27. Todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: "O que é isso? Um ensinamento novo, dado com autoridade... Ele manda até nos espíritos maus e eles obedecem!" 28. E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a redondeza da Galiléia.

O fardo imposto pelos doutores da lei era demasiadamente pesado, as proibições e o número de regras a serem observadas chegavam a ser mesquinhas, no sábado não só era proibido curar um doente, mas até visitá-lo, ou seja, a observância da lei colocava o ser humano em segundo plano.

As autoridades da época se veem ameaçadas já que o ensinamento de Jesus difere dos demais, pois não se restringe a palavras, mas a ações que libertam o homem da escravidão. Um misto de admiração e espanto invade a população fazendo crescer a fama de Jesus, fama esta que não lhe interessa. Sua missão não é a de tornar-se um curandeiro famoso e sim implantar o Reino de Deus.

1,29-34 - A liberdade impele ao serviço

29. Saíram da sinagoga e foram logo para a casa de Simão e André, junto com Tiago e João. 30. A sogra de Simão estava de cama, com febre, e logo eles contaram isso a Jesus. 31. Jesus foi aonde ela estava, segurou sua mão e ajudou-a a se levantar. Então a febre deixou a mulher, e ela começou a servi-los. 32. À tarde, depois do pôr-do-sol, levavam a Jesus todos os doentes e os que estavam possuídos pelo demônio. 33. A cidade inteira se reuniu na frente da casa. 34. Jesus curou muitas pessoas de vários tipos de doença e expulsou muitos demônios. Os demônios sabiam quem era Jesus, e por isso Jesus não deixava que eles falassem.

A doença ou a possessão é o entrave que não permite que alguém se ponha a serviço do próximo e do Reino, Jesus ao curar e libertar desperta no possuído a certeza que ele é o Santo de Deus.

1,35-39 - Oração local de encontro com Deus

35 De manhã, tendo-se levantado muito antes do amanhecer, ele saiu e foi para um lugar deserto, e ali se pôs em oração. 36 Simão e os seus companheiros saíram a procurá-lo. 37 Encontraram-no e disseram-lhe: "Todos te procuram." 38 E ele respondeu-lhes: "Vamos às aldeias vizinhas, para que eu pregue também lá, pois, para isso é que vim." 39 Ele retirou-se dali, pregando em todas as sinagogas e por toda a Galiléia, e expulsando os demônios.

Jesus oferece um roteiro para entrarmos em sintonia com o Pai. É através da oração que nos comunicamos com Deus, mas antes de tudo devemos buscar um isolamento, fugindo do corre-corre do dia. Uma advertência feita e que devemos levar em consideração é que quando estamos a serviço, toda honra e toda glória são destinadas ao Senhor, portanto não devemos nos envaidecer com o: "Todos te procuram".

1,40-45 - Jesus a força do marginalizado

40 Aproximou-se dele um leproso, suplicando-lhe de joelhos: "Se queres, podes limpar-me." 41 Jesus compadeceu-se dele, estendeu a mão, tocou-o e lhe disse: "Eu quero, sê curado." 42 E imediatamente desapareceu dele a lepra e foi purificado. 43 Jesus o despediu imediatamente com esta severa admoestação: 44 "Vê que não o digas a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta, pela tua purificação, a oferenda prescrita por Moisés para lhe servir de testemunho." 45 Este homem, porém, logo que se foi, começou a propagar e divulgar o acontecido, de modo que Jesus não podia entrar publicamente numa cidade. Conservava-se fora, nos lugares despovoados; e de toda parte vinham ter com ele.

O leproso sabia da sua condição de excluído, como impuro e canal de impureza jamais deveria cruzar sequer o caminho de alguém, mas confiando naquele que trazia uma Boa Noticia, que anuncia um novo tempo, rompe a barreira do preconceito, da lei que exclui e oprime e vai ao encontro de Jesus. Por sua vez, Jesus não vira as costas a aquele que o procura, não se preocupa se também se tornará um excluído, irrita-se com os sacerdotes e doutores que não buscam dar melhores condições ao necessitado.

A lepra era considerada um grande castigo de Deus e só ele poderia reverter à situação, curar um leproso era a mesma coisa que ressuscitar alguém, a ação de Jesus é sinal de que ele é verdadeiramente o Messias. Já o motivo que levou Jesus a impedir o leproso de divulgar a cura, tendo em vista que isso era uma coisa boa coisa e razão de alegria, dava-se ao fato da má interpretação por parte do povo que passariam a vê-lo como mais um grande profeta fazedor de milagres.

Bibliografia: - Atlas Bíblico (Wolfgang Zwicket - Ed. Paulinas) - Bíblia Tradução Ecumênica (Ed. Loyola) - Bíblia Sagrada Pastoral (Ed. Paulus) - Bíblia Ave-Maria (Ed. Ave-Maria) - Dicionário Bíblico (Ed. Paulus) - Dicionário de Símbolos (Ed. Paulus) - Coleção como ler (Ed. Paulus)

Texto: Ricardo e Marta
Revisão: Pe. Rivaldo Ferreira
Foto retirada da internet caso seja o autor, por favor, entre em contato para citarmos o credito.

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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia  
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