Naqueles dias, em Gabaon,
o Senhor apareceu a Salomão, em sonho, e lhe disse: “Pede o que desejas, e eu
te darei”. E Salomão disse: “Senhor meu Deus, tu fizeste reinar o teu servo em
lugar de Davi, meu pai. Mas eu não passo de um adolescente, que não sabe ainda
como governar. Além disso, teu servo está no meio do teu povo eleito, povo tão
numeroso que não se pode contar ou calcular. Dá, pois, ao teu servo, um coração
compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal.
Do contrário, quem poderá governar este teu povo tão numeroso?” Esta oração de
Salomão agradou ao Senhor. E Deus disse a Salomão: “Já que pediste esses dons e
não pediste para ti longos anos de vida, nem riquezas, nem a morte de teus
inimigos, mas sim sabedoria para praticar a justiça, vou satisfazer o teu
pedido; dou-te um coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual
antes de ti, nem haverá depois de ti”. -
Palavra do Senhor.
Comentário: O sonho de Salomão mostra que
o grande anseio do povo é ter uma autoridade realmente capaz de discernir e
realizar a justiça. Para isso, a principal tarefa da autoridade consiste em
saber ouvir. É o requisito básico, não só para resolver questões no tribunal,
mas também para o exercício contínuo de um governo justo. Autoridade justa age
sempre a partir de assessoramento que lhe permita ouvir as legítimas aspirações
e reivindicações do povo. Em outras palavras, a verdadeira função da autoridade
é servir ao povo, que pertence a Deus. (Deus Único)
Salmo: 118,57.72.76-77.127-
128.129-130 (R.97a)
Como eu amo,
Senhor, a vossa lei, vossa palavra!
É esta a parte que
escolhi por minha herança: observar vossas palavras, ó Senhor! A lei de vossa
boca, para mim, vale mais do que milhões em ouro e prata. Vosso amor seja um
consolo para mim, conforme a vosso servo prometestes. Venha a mim o vosso amor
e viverei, porque tenho em vossa lei o meu prazer! Por isso amo os mandamentos
que nos destes, mais que o ouro, muito mais que o ouro fino! Por isso eu sigo
bem direito as vossas leis, detesto todos os caminhos da mentira. Maravilhosos
são os vossos testemunhos, eis por que meu coração os observa! Vossa palavra,
ao revelar-se, me ilumina, ela dá sabedoria aos pequeninos.
Segunda Leitura: Carta de São Paulo
aos Romanos 8,28-30
Irmãos: Sabemos que
tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados
para a salvação, de acordo com o projeto de Deus. Pois aqueles que Deus
contemplou com seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conformes
à imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de
irmãos. E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou,
também os tornou justos; e aos que tornou justos, também os glorificou. - Palavra do Senhor.
Comentário: O projeto eterno de Deus é predestinar,
chamar, tornar justo e glorificar a cada um e a todos os homens, fazendo com
que todos se tornem imagem do seu Filho e se reúnam como a grande família de
Deus. O projeto não exclui ninguém. Mas o homem é livre: pode aceitar ou
recusar tal projeto, pode escolher a vida ou a morte, salvar-se ou condenar-se.
Deus nos ama; seu amor é tão forte que é pessoa, o Espírito Santo. Ele é que dá
sentido à pobre linguagem de nossa prece. Fá-lo em silêncio, com “gemidos
indizíveis”, intraduzíveis em nossa linguagem cotidiana. O Espírito não opera
na frequência de onda do fracasso humano. Temos necessidade de erradicar o
verbalismo rumoroso de nossa oração. O silêncio é preferível à multiplicação de
palavras. A retórica vazia faz mal especialmente quando se quer seriamente
rezar: “Seja vossa linguagem: sim, sim; não, não. O que excede isso é mal”.
Também na oração. (Deus Único)
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 13,44-52
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “O
Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o
mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra
aquele campo. O Reino dos Céus é também como um comprador que procura pérolas
preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os
seus bens e compra aquela pérola. O Reino dos Céus é ainda como uma rede
lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. Quando está cheia, os
pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em
cestos e jogam fora os que não prestam. Assim acontecerá no fim dos tempos: os
anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, e lançarão os maus
na fornalha de fogo. E aí haverá choro e ranger de dentes. Compreendestes tudo isso?”
Eles responderam: “Sim”. Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo o mestre
da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que
tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. - Palavra da Salvação.
Comentário: O centro de convergência da
parábola do tesouro escondido e da pérola preciosa encontra-se na decisão do
agricultor e do comerciante, de desfazer-se de todos os seus bens para adquirir
o bem encontrado, por ser sobremaneira precioso. O bom senso mostrou-lhes a
conveniência de investir tudo na aquisição do bem maior. A perda redundaria em
ganho, a loucura revelar-se-ia sabedoria. Assim comporta-se o discípulo em
relação ao Reino. Sua descoberta leva-o a redimensionar toda a sua vida, dando
um sentido novo a cada um de seus aspectos, subordinando-os ao absoluto do
Reino. O discípulo predispõe-se a qualquer sacrifício. Nada lhe parece
demasiadamente pesado, quando se trata de colocar o Reino e seus valores no
centro de sua existência. O discípulo vê-se confrontado com a responsabilidade
de fazer uma opção que revolucionará toda a sua vida. Nem sempre estará seguro
do passo que deverá dar. Daí a possibilidade de se deixar levar pelo medo e
pela incerteza. A convicção do discípulo, ao tomar esta decisão, dependerá do
modo como foi tocado pelo Reino. Quanto mais profunda for a experiência tanto
mais seguro estará o discípulo. Uma experiência superficial dificilmente levará
a uma opção radical. Aí se revela quem, de fato, fez-se discípulo do Reino. (Padre Jaldemir Vitório/Jesuíta)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
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