Liturgia Diária Comentada 04/06/2017 Domingo
Solenidade: DOMINGO DE PENTECOSTES
Prefácio Próprio - Ofício da Solenidade
Glória - Sequência - Creio
Cor: Vermelho - Ano “A” Mateus
Antífona: Sabedoria 1,7 O
Espírito do Senhor encheu o universo; ele mantém unidas todas as coisas e
conhece todas as línguas, aleluia!
Oração do Dia: Ó
Deus, que pelo mistério da festa de hoje, santificais a vossa Igreja inteira,
em todos os povos e nações, derramai por toda extensão do mundo os dons do
Espírito Santo e realizai agora, no coração dos fieis, as maravilhas que
operastes no início da pregação do evangelho. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Primeira Leitura: Atos dos Apóstolos
2,1-11
Quando chegou o dia
de Pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. De
repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a
casa onde eles se encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se
repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito
Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava.
Moravam em
Jerusalém judeus devotos, de todas as nações do mundo. Quando ouviram o
barulho, juntou-se a multidão, e todos ficaram confusos, pois cada um ouvia os
discípulos falar em sua própria língua.
Cheios de espanto e
admiração, diziam: “Esses homens que estão falando não são todos galileus? Como
é que nós os escutamos na nossa própria língua? Nós, que somos partos, medos e
elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da
Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia próxima de Cirene,
também romanos que aqui residem; judeus e prosélitos, cretenses e árabes, todos
nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus em nossa própria língua!”
-
Palavra do Senhor.
Comentário: O relato é simbólico. De fato,
quando o autor escreveu, as comunidades cristãs já se haviam espalhado por
todas as regiões aqui mencionadas. Lucas quer mostrar o que está na base de
qualquer comunidade cristã: o Espírito Santo faz lembrar, compreender e
continuar o testemunho de Jesus (cf. Jo 14,26; 16,12-15). Pentecostes,
celebrado cinquenta dias depois da Páscoa, comemorava a Aliança e o dom da Lei.
No novo Pentecostes, Deus entrega o seu Espírito, realizando a nova Aliança,
dessa vez com toda a humanidade (doze nações). A “língua” da comunidade da nova
Aliança é o testemunho de Jesus, ou seja, o Evangelho, cujo centro é o amor de
Deus que reúne os homens, provocando relação e entendimento (o contrário de
Babel: cf. Gn 11,1-9). Mas o testemunho provoca conflitos (versículo 13).
Salmo: 103,1ab.24ac.29bc-30
31.34 (R.30)
Enviai o
vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai
Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Ó meu
Deus e meu Senhor, como sois grande! Quão numerosas, ó Senhor, são vossas
obras! Encheu-se a terra com as vossas criaturas!
Se tirais o seu respiro, elas perecem e
voltam para o pó de onde vieram. Enviais o vosso espírito e renascem e da terra
toda a face renovais.
Que a glória do Senhor perdure sempre, e
alegre-se o Senhor em suas obras! Hoje seja-lhe agradável o meu canto, pois o
Senhor é a minha grande alegria.
Segunda Leitura: 1ª Carta de São
Paulo aos Coríntios 12,3b-7.12-13
Irmãos: Ninguém
pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo. Há diversidade de
dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é
o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as
coisas em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem
comum. Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros
do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com
Cristo. De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos
batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós
bebemos de um único Espírito. - Palavra do Senhor.
Comentário: A Trindade é a base sobre a qual
a comunidade se constrói: nesta, toda ação provém do Pai, todo serviço provém
de Jesus e todos os dons (=carismas) provém do Espírito. Cada pessoa na
comunidade recebe um dom, ou melhor, é um dom para o bem de todos. Por isso,
cada um, sendo o que é e fazendo o que pode, age para o bem da comunidade,
colocando-se a serviço de todos como dom gratuito. Desse modo, cada um e todos
se tornam testemunho e sacramento da ação, serviço e dom do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Paulo enumera apenas os carismas de direção e ensino. A lista não é
completa, pois cada pessoa é um carisma para a comunidade toda. A imagem do
corpo é usada para falar da unidade, diversidade e solidariedade que
caracterizam a comunidade cristã. Essa é uma, porque forma o corpo de Cristo,
dado que todos receberam o mesmo batismo e o mesmo Espírito, que produzem a
comunhão e igualdade fundamental. Contudo, as pessoas são diferentes entre si;
cada uma com sua originalidade contribui, de maneira indispensável, para a
construção e crescimento de todos; portanto, não há lugar para complexos de
superioridade ou inferioridade. O cimento da vida comunitária é a
solidariedade, que faz todos voltar-se para cada um, principalmente para os
mais fracos e necessitados, partilhando os sofrimentos e alegrias.
Sequência
Espírito de Deus,
enviai dos céus um raio de luz! Vinde, Pai dos pobres, daí aos corações vossos
sete dons. Consolo que acalma, hóspede da alma, doce alívio, vinde! No labor
descanso, na aflição remanso, no calor aragem. Enchei, luz bendita, chama que
crepita, o íntimo de nós! Sem luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há
nele. Ao sujo lavai, ao seco regai, curai o doente. Dobrai o que é duro, guiai
no escuro, o frio aquecei. Daí à vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete
dons. Daí em prêmio ao forte uma santa morte, alegria eterna. Amém.
Evangelho de Jesus Cristo segundo João 20,19-23
Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando
fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se
encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja
convosco”. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os
discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz
esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E, depois de ter
dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem
perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes,
eles lhes serão retidos”. - Palavra
da Salvação.
Comentários:
O dom do
Espírito Santo foi um elemento fundamental na experiência missionária dos
primeiros cristãos. Com a ascensão do Senhor, eles se viram às voltas com uma
tarefa descomunal: levar a mensagem do Evangelho a todo o mundo. A missão
exigiria deles inculturar a mensagem, fazendo o Evangelho ser entendido por
pessoas das mais variadas culturas. Deveriam ser capazes de enfrentar
dificuldades, perseguições e, até mesmo a morte, por causa do nome de Jesus.
Muitos problemas proviriam dos judeus, pois a ruptura com eles seria
inevitável, dada a intransigência da liderança judaica para com a comunidade
cristã que tomaria um rumo considerado inaceitável. Sem dúvida, não faltariam
problemas dentro da própria comunidade, causados por partidarismos, falsas
doutrinas e atitudes incompatíveis com a opção pelo Reino. Os discípulos eram
demasiado fracos para, por si mesmos, levar a cabo uma empresa tão grande.
Jesus, porém, concedeu-lhes o auxílio necessário ao comunicar-lhes o Espírito
Santo. Fortalecidos pelo Espírito, eles não se intimidaram, antes, cumpriram,
com denodo, o ministério da evangelização. O dom de Pentecostes renova-se, cada
dia, na vida da Igreja. O Espírito, ontem como hoje, não permite que os
cristãos cruzem os braços diante do mundo a ser evangelizado. (Padre Jaldemir Vitório/Jesuíta)
Eles estavam trancados. Dominados
pelo medo. Estavam perturbados pelos acontecimentos recentes. Certamente
alimentavam sentimentos de culpa por terem abandonado o Mestre à sua Paixão.
Jesus aparece inesperadamente no meio dos discípulos, passando pelas portas
fechadas e, soprando sobre eles, diz: “Recebei o Espírito Santo”. Para que “serve” o Espírito Santo? Qual a finalidade desse dom? Ora,
serve para dissipar o medo, transformando covardes em mártires. Serve para
serenar a agitação e trazer de volta a paz. Serve para diluir a culpa e
reavivar a confiança na misericórdia do Senhor. Mas serve – e aqui está a “novidade” deste sopro sobre os Apóstolos! –
para pôr nas mãos da Igreja uma notável “faculdade”, até então exclusiva do
próprio Deus: o poder de perdoar pecados! (Cf. Mc 2, 5-11.) Daí em diante, este
poder é confiado aos homens, gerido e ministrado pela Igreja de Jesus. É importante notar que a iniciativa não
partiu dos homens: não são os Apóstolos que fazem tal pedido ao Senhor. Daí a
impropriedade de quem afirma que a confissão dos pecados é uma “invenção dos
padres”. Ao contrário, é um dom maravilhoso de Deus, que incumbe a Igreja de
ser o canal da misericórdia divina junto aos pecadores. Desde os primeiros momentos, a Igreja
nascente, cheia do Espírito Santo, passa a exercer este ministério. É o que se
vê nas palavras de Tiago, em sua Carta: “Confessai os vossos pecados uns aos
outros e rezai uns pelos outros, a fim de serdes curados”. (Tg 5, 16.) Assim,
não tem nenhum fundamento a atitude de quem diz que confessa seus pecados
“diretamente a Deus”, quando o próprio Senhor quis a Igreja como mediadora de
seu perdão. O “Catecismo” ensina:
“Conferindo aos apóstolos seu próprio poder de perdoar os pecados, o Senhor
também lhes dá a autoridade de reconciliar os pecadores com a Igreja. Esta
dimensão eclesial de sua tarefa exprime-se principalmente na solene palavra de
Cristo a Simão Pedro: ‘Eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e o que ligares
na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus’
(Mt 16, 19)”. (Nº 1444) Há quanto tempo não busco o perdão de meus pecados no Sacramento da
Confissão? (Antonio
Carlos Santini / Com. Católica Nova Aliança)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus) - Deus Único
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