O Tempo pascal compreende um período de 50 dias que vai do Domingo de
Páscoa até o Domingo de Pentecostes. Na
liturgia do Tempo Pascal, além da ênfase do canto do Aleluia, o Círio pascal é
aceso, como símbolo do Senhor ressuscitado, mesmo nos dias de semana, uma vez
que ele é o símbolo mais importante da Páscoa. Isso mostra o caráter festivo
que a Igreja quer dar ao Tempo Pascal, como tempo vivo de páscoa, “um grande domingo”, como diz Santo
Atanásio. "Os dias da semana depois da Ascensão até o sábado antes de
Pentecostes inclusive servem de preparação para a vinda do Espírito Santo
Paráclito" (Nualc n. 26)
Com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II somente duas celebrações
hoje na Igreja têm "oitava", isto é, um prolongamento festivo da
festa principal por oito dias, durante os quais a liturgia se volta com o
caráter festivo da solenidade principal. As duas oitavas são, do Natal e da Páscoa.
Principalmente na oitava da Páscoa, dada a sua importância litúrgica, não
se celebra nenhuma outra festa ou solenidade. Caindo uma festa na Semana Santa
ou na oitava da Páscoa, esta é omitida; se, porém, o grau da celebração for
solenidade, esta é transferida para a segunda-feira após a oitava pascal. A
oitava da Páscoa vai, assim, do Domingo da Páscoa ao domingo seguinte, este,
chamado antes “domingo in albis”, em que os novos batizados depunham suas
vestes brancas. Em 23 de maio de 2000, por decreto da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos, o
segundo Domingo da Páscoa passou a chamar-se também “Domingo da Divina Misericórdia”, dadas as revelações do Senhor a
Santa Faustina.
Acentuando “mais fortemente a unidade do tempo pascal”, os domingos do
Tempo Pascal, antes chamados de “domingos depois da Páscoa”, são chamados
agora, pela reforma litúrgica, de "Domingos da Páscoa", com a
identificação de 2º, 3º etc.. São 7 domingos e, no sétimo, no Brasil se celebra
a Solenidade da Ascensão do Senhor.
A festa da
Ascensão do Senhor é celebrada no domingo que antecede a festa de Pentecostes. 40 dias
após a Ressurreição, a Igreja celebra a Ascensão do Senhor aos Céus, onde Ele
está sentado à direita do Pai, conforme professamos no Credo. Como celebração
litúrgica esta festa teve seu início no século IV, no Oriente, instituída por
São Gregório de Nissa e posteriormente por São João Crisóstomo. Esta festa está dentro do Tempo Pascal
que consta de cinquenta dias e conclui com a vinda do Espírito Santo sobre a
Igreja.
Como se vê, a Páscoa tem um prolongamento imediato, nos oito dias
seguintes, na chamada oitava, onde não se faz nenhuma outra celebração, e um
prolongamento mais extenso, indo até à Solenidade de Pentecostes, prolongamento
em que outras celebrações não são omitidas.
Segundo Santo Atanásio, o Tempo Pascal deve ser celebrado como um
"grande domingo", ou seja, um domingo com duração de cinqüenta dias,
e o domingo da Páscoa.
Liturgia do
Tempo Pascal
O Tempo Pascal, na liturgia, é fortemente marcado pela espiritualidade
joanina, por ser
o evangelho de João considerado como “evangelho pascal”. Assim, aos domingos,
com exceção do da Ascensão, o evangelho é de João, como será de João o
evangelho dos dias de semana, exceto alguns dias da oitava da Páscoa,
notando-se também que o evangelho de João já vinha sendo lido desde a quarta
semana da Quaresma, nos dias de semana.
Além disso, para todos os domingos do Tempo Pascal, a segunda leitura
será:
·
para o ano A, a predominância de 1Pd;
·
para o ano B, a predominância de 1Jo;
·
e para o ano C, a predominância do
Apocalipse.
Já a primeira leitura do Tempo Pascal é sempre dos Atos dos Apóstolos, confirmando o antigo uso então afirmado por São
João Crisóstomo e por Santo Agostinho, e isto se observa tanto para aos
domingos como para os dias de semana.
Podemos dizer que na primeira leitura do Tempo Pascal, a Igreja conta e
ouve a história de si mesma nos seus primórdios, como elemento edificante para
a sua própria edificação.
Solenidades
do Tempo Pascal
A Páscoa da Ressurreição, Ascensão e Pentecostes não constituem festas
independentes. “Existe íntima relação entre Páscoa da Ressurreição, Ascensão e
Pentecostes. Páscoa da Ressurreição é a vitória, Ascensão é o triunfo pela
vitória sobre o pecado e a morte, Pentecostes é a distribuição dos dons, do
Espírito Santo” (Beckhäuser, 2008).
Além do Tríduo Pascal, que é a celebração principal da Páscoa, duas
outras solenidades marcam também o Tempo Pascal. São elas:
Solenidade da Ascensão do Senhor: No Brasil, é o domingo em
que se celebra a subida do Senhor ao céu, 40 dias após a ressurreição, segundo
a indicação de Lucas (cf. At 1,3). A data certa da solenidade seria na quinta-feira precedente, mas, como no
Brasil não é feriado, transferiu-se então tal comemoração para o domingo
seguinte, ocupando, pois, tal solenidade o lugar do 7º Domingo da Páscoa.
Deste, porém, podem ser tomadas as leituras no sexto domingo, quando,
pastoralmente, for conveniente.
Solenidade de Pentecostes: Pentecostes é o coroamento de todo o ciclo da
Páscoa. É a solenidade que celebramos após cinqüenta dias da ressurreição.
Marca o início solene da vida da Igreja (cf. At 2,1-41), não o seu nascimento,
pois este se dá, misteriosamente, na Sexta-Feira Santa, do lado do Cristo
Crucificado, como sua esposa imaculada.
Coroando a obra da redenção, Pentecostes nos revela o cumprimento da
promessa de Cristo, feita aos apóstolos, segundo a qual ele enviaria o Espírito
Santo Consolador, para confirmá-los e fortalecê-los na missão apostólica.
A vinda do Espírito Santo, no episódio bíblico de At 2,1-12, deve ser
entendida como manifestação da Igreja a toda a humanidade, em dimensão, pois,
universal, no desejo do Pai e do Filho. Com Pentecostes encerra-se, pois, o
ciclo da Páscoa.
Adaptação do texto de João de Araújo
Fontes: Missal Romano - Liturgia Dominical (Johan Konings, S.J.) - Editora Vozes / A celebração na Igreja (diversos autores) - Loyola / Dicionário de Liturgia (diversos autores) - Paulus - Mons. José Wilmar
Dalla Costa
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