Prefácio da Quaresma - Ofício do dia do Tempo da Quaresma
Cor: Roxo - Ano “A” Mateus
Antífona: Salmo
17,5-7 - As ondas da morte me cercavam, tragavam-me as torrentes
infernais; na minha angústia, chamei pelo Senhor, de seu templo ouviu a minha
voz.
Oração do Dia: Ó Deus, na vossa misericórdia, dirigi os nossos corações, pois,
sem o vosso auxílio, não vos podemos agradar. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Primeira Leitura: Livro do Profeta
Jeremias 11,18-20
Senhor, avisaste-me
e eu entendi; fizeste-me saber as intrigas deles. Eu era como manso cordeiro
levado ao sacrifício, e não sabia que tramavam contra mim: “Vamos cortar a
árvore em toda a sua força, eliminá-lo do mundo dos vivos, para seu nome não
ser mais lembrado”. E tu, Senhor dos exércitos, que julgas com justiça e
perscrutas os afetos do coração, concede que eu veja a vingança que tomarás contra
eles, pois eu te confiei a minha causa. - Palavra do Senhor.
Comentário: Em Jeremias, como em Cristo,
há um aspecto trágico: o conhecimento do destino que lhe preparam os inimigos,
sem possibilidade de evitá-lo. Não pode fazer outra coisa senão pôr-se nas mãos
de Deus e esperar que este venha salvá-lo no cumprimento deste destino. O drama
de sua vocação, como o de toda verdadeira vocação, é a necessária repercussão
do mistério de Deus na vida do homem. Quem de Deus tem apenas uma ideia ou uma
definição provavelmente nunca provará o drama do seu encontro e nunca terá de
se despojar de si e "perder-se" (cf Mt 10,39) para identificar-se com
a vontade de Deus. Deus, porém, mesmo em seu mistério fulgurante, não esmaga a
liberdade do homem; dar-se-á somente àquele que tiver o direito de cativá-lo.
Aqui está a razão de ser da obediência de Cristo na cruz, que a Eucaristia nos
convida a alcançar. (Missal Cotidiano)
Salmo: 7, 2-3. 9bc-10.
11-12 (R. 2a)
Senhor meu
Deus, em vós procuro o meu refúgio
Senhor meu Deus, em vós procuro o meu
refúgio: vinde salvar-me do inimigo, libertai-me! Não aconteça que agarrem
minha vida como um leão que despedaça a sua presa, sem que ninguém venha
salvar-me e libertar-me!
Julgai-me, Senhor Deus, como eu mereço e
segundo a inocência que há em mim! Ponde um fim à iniquidade dos perversos, e
confirmai o vosso justo, ó Deus-Justiça, vós que sondais os nossos rins e
corações.
O Deus vivo é um escudo protetor, e
salva aqueles que têm reto coração. Deus é juiz, e ele julga com justiça, mas é
um Deus que ameaça cada dia.
Evangelho de Jesus Cristo segundo São João 7,40-53
Naquele tempo, ao ouvirem as palavras de Jesus,
algumas pessoas diziam: “Este é, verdadeiramente, o Profeta”. Outros diziam:
“Ele é o Messias”. Mas alguns objetavam: “Porventura o Messias virá da
Galiléia? Não diz a Escritura que o Messias será da descendência de Davi e virá
de Belém, povoado de onde era Davi?” Assim, houve divisão no meio do povo por
causa de Jesus. Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém pôs as mãos nele. Então,
os guardas do Templo voltaram para os sumos sacerdotes e os fariseus, e estes
lhes perguntaram: “Por que não o trouxestes?” Os guardas responderam: “Ninguém
jamais falou como este homem”. Então os fariseus disseram-lhes: “Também vós vos
deixastes enganar? Por acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou nele? Mas
esta gente que não conhece a Lei, é maldita!” Nicodemos, porém, um dos
fariseus, aquele que se tinha encontrado com Jesus anteriormente, disse: “Será
que a nossa Lei julga alguém, antes de o ouvir e saber o que ele fez?” Eles
responderam: “Também tu és galileu, porventura? Vai estudar e verás que da
Galiléia não surge profeta”. E cada um voltou para sua casa. - Palavra da Salvação.
Comentários:
Muitas
pessoas conhecem diversas coisas sobre Jesus, mas não conhecem verdadeiramente
a Jesus, porque fundamentaram o seu conhecimento numa leitura racional e
científica da Palavra e da História, mas nunca tiveram um encontro pessoal com
Jesus, nunca entraram na sua intimidade através da oração, nunca procuraram
contemplá-lo, nunca quiseram desenvolver uma espiritualidade. Essas pessoas
sempre fizeram de Jesus um objeto de conhecimento e não uma pessoa de
relacionamento. Nunca viram verdadeiramente Jesus, de modo que não podem
compreendê-lo, segui-lo, amá-lo e viver de acordo com os valores que ele
propôs. (CNBB)
O
fato de Jesus ter vindo da Galiléia criava dificuldade para ser aceito como
Messias. Conforme uma antiga tradição, o Messias viria de Belém, cidade de
Davi, pois Deus havia prometido a esse rei que, para sempre, um de seus
descendentes haveria de sentar-se no trono de Jerusalém. Esta esperança
messiânica de caráter político-militar estava bem viva na mente do povo,
mormente no momento em que o peso da dominação romana se fazia sentir. Pelo que
se percebe, as autoridades de Jerusalém ignoravam a verdadeira origem de Jesus.
E não pareciam muito interessadas em conhecê-la. O motivo verdadeiro da
resistência contra ele girava em torno da sua pregação. Os guardas, enviados
para prendê-lo, voltaram admirados com o que ouviram de sua boca. A multidão,
também, ficava boquiaberta ao ouvi-lo, a ponto de irritar as autoridades. Até
mesmo o fariseu Nicodemos, que exercia um cargo de liderança entre os judeus, ficara
tão fascinado com o Mestre, a ponto de se tornar discípulo deles, mas às
escondidas. Será ele quem tomará, discretamente, a defesa de Jesus, sugerindo
que, antes de condená-lo, seria preciso ouvi-lo para saber o que realmente
estava fazendo. A insistência na origem de Jesus ocultava o motivo verdadeiro
de sua rejeição. Sem mudar de mentalidade, seus perseguidores haveriam de
rejeitá-lo, mesmo sendo declaradamente de Belém. Seu modo de ser rompia todos
os esquemas messiânicos da época. (Padre
Jaldemir Vitório/Jesuíta)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
Foto retirada da internet
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