Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor
Semana Santa - 2ª Semana do Saltério
Prefácio Próprio - Ofício dominical próprio
Cor: Vermelha - Ano “A” - São Mateus
Antífona:
Seis
dias antes da solene Páscoa, quando o Senhor veio a Jerusalém, correram até os
pequeninos. Trazendo em suas mãos ramos e palmas, em alta voz cantavam em sua
honra: Bendito és tu que vens com tanto amor! Hosana nas alturas!
Oração do Dia: Deus eterno e
todo-poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o
nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o
ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele em sua glória. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Benção
dos Ramos: Mateus 21,1-11
Naquele tempo, Jesus e seus discípulos aproximaram-se de
Jerusalém e chegaram a Betfagé,
no monte das Oliveiras. Então Jesus enviou dois discípulos, dizendo-lhes:
"Ide até o povoado que está ali na frente, e logo encontrareis uma jumenta
amarrada, e com ela um jumentinho. Desamarrai-a e trazei-os a mim! Se alguém
vos disser alguma coisa, direis: 'O Senhor precisa deles, mas logo os
devolverá"'. Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta: "Dizei
à filha de Sião: Eis que o teu
rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de
jumenta". Então os discípulos foram e fizeram como Jesus lhes havia
mandado. Trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram sobre eles suas vestes, e
Jesus montou. A numerosa multidão estendeu suas vestes pelo caminho, enquanto
outros cortavam ramos das árvores, e os espalhavam pelo caminho. As multidões
que iam na frente de Jesus e os que o seguiam, gritavam: "Hosana ao Filho
de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos
céus!" Quando Jesus entrou em Jerusalém a cidade inteira se agitou, e
diziam: "Quem é este homem?" E as multidões respondiam: "Este é
o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia". - Palavra da Salvação!
Primeira Leitura: Livro
do Profeta Isaías 50,4-7
O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba
dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me
excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-me os
ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para me baterem e
as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas.
Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo,
conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado. -
Palavra do Senhor.
Comentário: A missão do servo é, aqui, apresentada como encorajamento aos fracos e
abatidos. Para isso, não resiste ao que Deus lhe pede e não recua diante das
dificuldades e ataques adversários. Quem o acusará se o seu advogado é o
próprio Deus? Os adversários serão apanhados na mesma armadilha que lhe tinham
preparado. Tal foi a atitude de Jesus, e é a característica fundamental de seus
seguidores. O Servo de Deus não é um portador de sabedoria humana, nem confia
nos recursos da dialética. Assemelha-se aos pobres analfabetos, que não sabem
usar a arma da palavra. Sua língua é a de discípulo (versículo 4): narra só as
coisas que Deus lhe confiou. Sua força está toda aqui, daqui lhe vem a
capacidade de suportar as bofetadas com um rosto de pedra. Que o servo Jesus
fosse, não apenas um portador da palavra, mas em verdade a Palavra de Deus, não
muda os termos da profecia, antes a leva ao extremo. Sua paixão foi a consequência
de sua fidelidade à missão de profeta: falou, por isso foi crucificado. Não
pode ser outra a missão da Igreja. Deve ela falar a palavra de salvação, que é
palavra recebida do alto. Como para São Paulo, seu falar não se exprime
"em discurso de humana sabedoria, mas em demonstração de espírito e
virtude" (1 Cor 2,4). Por isto, permanece sempre "em religiosa escuta
da palavra de Deus", para ser sua fiel dispensadora.
Salmo: 21(22),8-9.17-18a. 19-20.23-24
(R.2a)
Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonastes?
Riem de mim todos aqueles que me veem, torcem os lábios e sacodem a cabeça: 'Ao Senhor se confiou, ele o liberte e agora o salve, se é verdade que ele o ama!'
Cães numerosos me rodeiam furiosos, e por um bando de malvados fui cercado. Transpassaram minhas mãos e os meus pés e eu posso contar todos os meus ossos. Eis que me olham e, ao ver-me, se deleitam!
Eles repartem entre si as minhas vestes
e sorteiam entre si a minha túnica. Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe, ó minha força, vinde logo em meu socorro!
Anunciarei o vosso nome a meus irmãos e no meio da assembleia hei de louvar-vos! Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores, glorificai-o, descendentes de Jacó, e respeitai-o toda a raça
de Israel!
Segunda Leitura: Carta
de São Paulo aos Filipenses 2,6-11
Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser
igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a
condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto
humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de
cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de
todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e
abaixo da terra, e toda língua proclame: "Jesus Cristo é o Senhor",
para a glória de Deus Pai. - Palavra do Senhor.
Comentário: Citando um hino conhecido, Paulo mostra qual é o
Evangelho da cruz, o Evangelho autêntico, e apresenta em Cristo o modelo da
humildade. Embora tivesse a mesma condição de Deus, Jesus apresentou entre os
homens como simples homem. E mais: abriu mão de qualquer privilégio,
tornando-se apenas um homem que obedece a Deus e serve aos homens. Não bastasse
isso, Jesus serviu até o fim, perdendo a honra ao morrer na cruz, como se fosse
criminoso. Por isso, Deus o ressuscitou e o colocou no posto mais elevado que
possa existir, como Senhor do universo e da história. Os cristãos são
convidados a fazer o mesmo: abrir mão de todo e qualquer privilégio, até mesmo
da boa fama, para pôr-se a serviço dos outros, até o fim.
Evangelho segundo Mateus
26,14-27,66
Naquele tempo, um
dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes
e disse: "O que me dareis se vos entregar Jesus?" Combinaram, então,
trinta moedas de prata. E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para
entregar Jesus.
Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?
No primeiro dia da
festa dos ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram:
"Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?" Jesus
respondeu: "Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: 'O Mestre
manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto
com meus discípulos"'. Os discípulos fizeram como Jesus mandou e
prepararam a Páscoa.
Um de vós vai me trair.
Ao cair da tarde,
Jesus pôs-se à mesa com os doze discípulos. Enquanto comiam, Jesus disse:
"Em verdade eu vos digo, um de vós vai me trair". Eles ficaram muito
tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: "Senhor, será que sou
eu?" Jesus respondeu: "Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão
no prato. O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito
dele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca
tivesse nascido!" Então Judas, o traidor, perguntou: "Mestre, serei
eu?" Jesus lhe respondeu: "Tu o dizes".
Isto é o meu corpo. Isto é o meu sangue.
Enquanto comiam,
Jesus tomou um pão e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o, distribuiu-o aos
discípulos, e disse: "Tomai e comei, isto é o meu corpo". Em seguida,
tomou um cálice, deu graças e entregou-lhes, dizendo: "Bebei dele todos. Pois
isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos,
para remissão dos pecados. Eu vos digo: de hoje em diante não beberei deste
fruto da videira, até o dia em que, convosco, beberei o vinho novo no Reino do
meu Pai". Depois de terem cantado salmos, foram para o monte das
Oliveiras.
Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão.
Então Jesus disse
aos discípulos: "Esta noite, vós ficareis decepcionados por minha causa.
Pois assim diz a Escritura: 'Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão'.
Mas, depois de ressuscitar, eu irei à vossa frente para a Galiléia". Disse
Pedro a Jesus: "Ainda que todos fiquem decepcionados por tua causa, eu
jamais ficarei". Jesus lhe declarou: "Em verdade eu te digo, que,
esta noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes". Pedro
respondeu: "Ainda que eu tenha de morrer contigo, mesmo assim não te
negarei". E todos os discípulos disseram a mesma coisa.
Começou a ficar triste e angustiado.
Então Jesus foi com
eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse: "Sentai-vos aqui, enquanto eu
vou até ali para rezar!" Jesus levou consigo Pedro e os dois filhos de
Zebedeu, e começou a ficar triste e angustiado. Então Jesus lhes disse:
"Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo!" Jesus
foi um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto por terra e rezou: "Meu
Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice. Contudo, não seja feito como
eu quero, mas sim como tu queres". Voltando para junto dos discípulos,
Jesus encontrou-os dormindo, e disse a Pedro: "Vós não fostes capazes de
fazer uma hora de vigília comigo? Vigiai e rezai, para não cairdes em tentação;
pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca". Jesus se afastou pela
segunda vez e rezou: "Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o
beba, seja feita a tua vontade!" Ele voltou de novo e encontrou os
discípulos dormindo, porque seus olhos estavam pesados de sono. Deixando-os,
Jesus afastou-se e rezou pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. Então
voltou para junto dos discípulos e disse: "Agora podeis dormir e
descansar. Eis que chegou a hora e o Filho do Homem é entregue nas mãos dos
pecadores. Levantai-vos! Vamos! Aquele que me vai trair, já está
chegando".
Lançaram as mãos sobre Jesus e o prenderam.
Jesus ainda falava,
quando veio Judas, um dos Doze, com uma grande multidão armada de espadas e
paus. Vinham a mandado dos sumos sacerdotes e dos anciãos do povo. O traidor
tinha combinado com eles um sinal, dizendo: "Jesus é aquele que eu beijar;
prendei-o!" Judas, logo se aproximou de Jesus, dizendo: "Salve,
Mestre!" E beijou-o. Jesus lhe disse: "Amigo, a que vieste?"
Então os outros avançaram, lançaram as mãos sobre Jesus e o prenderam. Nesse
momento, um dos que estavam com Jesus estendeu a mão, puxou a espada, e feriu o
servo do Sumo Sacerdote, cortando-lhe a orelha. Jesus, porém, lhe disse:
"Guarda a espada na bainha! pois todos os que usam a espada pela espada
morrerão. Ou pensas que eu não poderia recorrer ao meu Pai e ele me mandaria
logo mais de doze legiões de anjos? Então, como se cumpririam as Escrituras,
que dizem que isso deve acontecer?" E, naquela hora, Jesus disse à
multidão: "Vós viestes com espadas e paus para me prender, como se eu
fosse um assaltante. Todos os dias, no Templo, eu me sentava para ensinar, e
vós não me prendestes". Porém, tudo isto aconteceu para se cumprir o que
os profetas escreveram. Então todos os discípulos, abandonando Jesus, fugiram.
Vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso.
Aqueles que
prenderam Jesus levaram-no à casa do Sumo Sacerdote Caifás, onde estavam
reunidos os mestres da Lei e os anciãos. Pedro seguiu Jesus de longe até o
pátio interno da casa do Sumo Sacerdote. Entrou e sentou-se com os guardas para
ver como terminaria tudo aquilo. Ora, os sumos sacerdotes e todo o Sinédrio
procuravam um falso testemunho contra Jesus, a fim de condená-lo à morte. E
nada encontraram, embora se apresentassem muitas falsas testemunhas. Por fim,
vieram duas testemunhas, que afirmaram: "Este homem declarou: 'posso
destruir o Templo de Deus e construí-lo de novo em três dias" Então o Sumo
Sacerdote levantou-se e perguntou a Jesus: "Nada tens a responder ao que
estes testemunham contra ti?" Jesus, porém, continuava calado. E o Sumo
Sacerdote lhe disse: "Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és
o Messias, o Filho de Deus". Jesus respondeu: "Tu o dizes. Além
disso, eu vos digo que de agora em diante vereis o Filho do Homem sentado à
direita do Todo-poderoso, vindo sobre as nuvens do céu". Então o Sumo
Sacerdote rasgou suas vestes e disse: "Blasfemou! Que necessidade temos
ainda de testemunhas? Pois agora mesmo vós ouvistes a blasfêmia. Que vos
parece?" Responderam: "E réu de morte!" Então cuspiram no rosto
de Jesus e o esbofetearam. Outros lhe deram bordoadas, dizendo: "Faze-nos
uma profecia, Cristo, quem foi que te bateu?"
Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.
Pedro estava
sentado fora, no pátio. Uma criada chegou perto dele e disse: "Tu também
estavas com Jesus, o Galileu!" Mas ele negou diante de todos: "Não
sei o que tu estás dizendo". E saiu para a entrada do pátio. Então uma
outra criada viu Pedro e disse aos que estavam ali: "Este também estava
com Jesus, o Nazareno". Pedro negou outra vez, jurando: "Nem conheço
esse homem!" Pouco depois, os
que estavam ali aproximaram-se de Pedro e disseram: "É claro que tu também
és um deles, pois o teu modo de falar te denuncia". Pedro começou a
maldizer e a jurar, dizendo que não conhecia esse homem! E nesse instante o
galo cantou. Pedro se lembrou do que Jesus tinha dito: "Antes que o galo
cante, tu me negarás três vezes". E saindo dali, chorou amargamente.
Entregaram Jesus a Pilatos, o governador.
De manhã cedo,
todos os sumos sacerdotes e os anciãos do povo convocaram um conselho contra Jesus,
para condená-lo à morte. Eles o amarraram, levaram-no e o entregaram a Pilatos,
o governador.
Não é lícito colocá-las no tesouro porque é preço de sangue.
Então Judas, o
traidor, ao ver que Jesus fora condenado, ficou arrependido e foi devolver as
trinta moedas de prata aos sumos sacerdotes e aos anciãos, dizendo:
"Pequei, entregando à morte um homem inocente". Eles responderam:
"O que temos nós com isso? O problema é teu". Judas jogou as moedas
no santuário, saiu e foi se enforcar. Recolhendo as moedas, os sumos sacerdotes
disseram: "E contra a Lei colocá-las no tesouro do Templo, porque é preço
de sangue". Então discutiram em conselho e compraram com elas o Campo do
Oleiro, para aí fazer o cemitério dos estrangeiros. É por isso que aquele campo
até hoje é chamado de "Campo de Sangue". Assim se cumpriu o que tinha
dito o profeta Jeremias: "Eles pegaram as trinta moedas de prata - preço
do Precioso, preço com que os filhos de Israel o avaliaram - e as deram em
troca do Campo do Oleiro, conforme o Senhor me ordenou!"
Tu és o rei dos judeus?
Jesus foi posto
diante do governador, e este o interrogou: "Tu és o rei dos judeus?" Jesus
declarou: "É como dizes", e nada respondeu, quando foi acusado pelos
sumos sacerdotes e anciãos. Então Pilatos perguntou: "Não estás ouvindo de
quanta coisa eles te acusam?" Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o
governador ficou muito impressionado. Na festa da Páscoa, o governador
costumava soltar o prisioneiro que a multidão quisesse. Naquela ocasião, tinham
um prisioneiro famoso, chamado Barrabás. Então Pilatos perguntou à multidão
reunida: "Quem vós quereis que eu solte: Barrabás, ou Jesus; a quem chamam
de Cristo?" Pilatos bem sabia que eles haviam entregado Jesus por inveja. Enquanto
Pilatos estava sentado no tribunal, sua mulher mandou dizer a ele: "Não te
envolvas com esse justo! porque esta noite, em sonho, sofri muito por causa
dele". Porém, os sumos sacerdotes e os anciãos convenceram as multidões
para que pedissem Barrabás e que fizessem Jesus morrer. O governador tornou a
perguntar: "Qual dos dois quereis que eu solte?" Eles gritaram:
"Barrabás". Pilatos perguntou: "Que farei com Jesus, que chamam
de Cristo?" Todos gritaram: "Seja crucificado!" Pilatos falou:
"Mas, que mal ele fez?" Eles, porém, gritaram com mais força:
"Seja crucificado!" Pilatos viu que nada conseguia e que poderia
haver uma revolta. Então mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão,
e disse: "Eu não sou responsável pelo sangue deste homem. Este é um
problema vosso!" O povo todo respondeu: "Que o sangue dele caia sobre
nós e sobre os nossos filhos". Então Pilatos soltou Barrabás, mandou
flagelar Jesus, e entregou-o para ser crucificado.
Salve, rei dos judeus!
Em seguida, os
soldados de Pilatos levaram Jesus ao palácio do governador, e reuniram toda a
tropa em volta dele. Tiraram sua roupa e o vestiram com um manto vermelho; depois
teceram uma coroa de espinhos, puseram a coroa em sua cabeça, e uma vara em sua
mão direita. Então se ajoelharam diante de Jesus e zombaram, dizendo:
"Salve, rei dos judeus!" Cuspiram nele e, pegando uma vara, bateram
na sua cabeça. Depois de zombar dele, tiraram-lhe o manto vermelho e, de novo,
o vestiram com suas próprias roupas. Daí o levaram para crucificar.
Com ele também crucificaram dois ladrões.
Quando saíam,
encontraram um homem chamado Simão, da cidade de Cirene, e o obrigaram a
carregar a cruz de Jesus. E chegaram a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer
"lugar da caveira. Mi deram vinho misturado com fel para Jesus beber. Ele
provou, mas não quis beber. Depois de o crucificarem, fizeram um sorteio,
repartindo entre si as suas vestes. E ficaram ali sentados, montando guarda.
Acima da cabeça de Jesus puseram o motivo da sua condenação: "Este é
Jesus, o Rei dos Judeus". Com ele também crucificaram dois ladrões, um à
direita e outro à esquerda de Jesus.
Se és o Filho de Deus, desce da cruz!
As pessoas que
passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e dizendo: "Tu que ias
destruir o Templo e construí-lo de novo em três dias, salva-te a ti mesmo! Se
és o Filho de Deus, desce da cruz!" Do mesmo modo, os sumos sacerdotes,
junto com os mestres da Lei e os anciãos, também zombavam de Jesus: "A
outros salvou... a si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel... Desça agora da
cruz! e acreditaremos nele. Confiou em Deus; que o livre agora, se é que Deus o
ama! Já que ele disse: Eu sou o Filho de Deus". Do mesmo modo, também os
dois ladrões que foram crucificados com Jesus, o insultavam.
Eli, Eli, lamá sabactâni?
Desde o meio-dia
até as três horas da tarde, houve escuridão sobre toda a terra. Pelas três
horas da tarde, Jesus deu um forte grito: "Eli, Eli, lamá
sabactâni?", que quer dizer: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?"
Alguns dos que ali estavam, ouvindo-o, disseram: "Ele está chamando
Elias!" E logo um deles, correndo, pegou uma esponja, ensopou-a em
vinagre, colocou-a na ponta de uma vara, e lhe deu para beber. Outros, porém,
disseram: "Deixa, vamos ver se Elias vem salvá-lo!" Então Jesus deu
outra vez um forte grito e entregou o espírito.
Aqui todos se ajoelham e faz-se uma pausa.
E eis que a cortina
do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a terra tremeu e as
pedras se partiram. Os túmulos se abriram e muito corpos dos santos falecidos
ressuscitaram! Saindo dos túmulos, depois da ressurreição de Jesus, apareceram
na Cidade Santa e foram vistos por muitas pessoas. O oficial e os soldados que
estavam com ele guardando Jesus, ao notarem o terremoto e tudo que havia
acontecido, ficaram com muito medo e disseram: "Ele era mesmo Filho de
Deus!" Grande número de mulheres estava ali, olhando de longe. Elas haviam
acompanhado Jesus desde a Galiléia, prestando-lhe serviços. Entre elas estavam
Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.
José colocou o corpo de Jesus em um túmulo novo.
Ao entardecer, veio
um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também se tornara discípulo de
Jesus. Ele foi procurar Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou
que lhe entregassem o corpo. José, tomando o corpo, envolveu-o num lençol
limpo, e o colocou em um túmulo novo, que havia mandado escavar na rocha. Em
seguida, rolou uma grande pedra para fechar a entrada do túmulo, e retirou-se. Maria
Madalena e a outra Maria estavam ali sentadas, diante do sepulcro.
Tendes uma guarda. Ide, guardai o sepulcro como melhor vos parecer.
No dia seguinte,
como era o dia depois da preparação para o sábado, os sumos sacerdotes e os fariseus
foram ter com Pilatos, e disseram: "Senhor, nós nos lembramos de que
quando este impostor ainda estava vivo, disse: 'Depois de três dias eu ressuscitarei!'
Portanto, manda guardar o sepulcro até ao terceiro dia, para não acontecer que
os discípulos venham roubar o corpo e digam ao povo: 'Ele ressuscitou dos
mortos!' pois essa última impostura seria pior do que a primeira". Pilatos
respondeu: "Tendes uma guarda. Ide e guardai o sepulcro como melhor vos
parecer". Então eles foram reforçar a segurança do sepulcro: lacraram a
pedra e montaram guarda. -
Palavra da Salvação.
Comentário: Esse longo texto nos introduz no
clima espiritual da Semana Santa, quando acompanhamos o processo de condenação
e morte de Jesus. Ele é o Servo sofredor por excelência, que, mesmo abandonado
pelo seu grupo íntimo, incompreendido e ultrajado, permanece fiel à sua missão.
O processo envolve a traição de Judas, um dos doze. Ele negocia a entrega de
Jesus por 30 moedas, o valor de um escravo naquela época. Apesar de Jesus
conhecer a decisão que Judas tomou, e sabendo também da tríplice negação de
Pedro, não os exclui da ceia em que institui a eucaristia, sinal de sua
presença viva nas comunidades e de sua plena doação pela vida do mundo. Judas
vai arrepender-se de seu ato, mas não consegue superar o remorso. Prefere dar
fim à vida. Diferente vai ser a atitude de Pedro, que, reconhecendo sua
covardia, se arrepende e “chora amargamente”. O relato ressalta a humanidade de
Jesus em profundo sofrimento, no lugar do Getsêmani. Na sua total solidão,
derrama sua alma diante do Pai, em quem pode confiar plenamente. Manifesta-lhe
toda sua fraqueza, pede-lhe socorro e dobra-se à vontade divina, mantendo-se
firme na decisão de concluir sua tarefa com todas as consequências. Os
discípulos, que deveriam vigiar com Jesus e apoiá-lo nessa hora de extrema dor,
preferem abandonar-se ao sono. Jesus passou a vida fazendo o bem, fiel à missão
que recebera do Pai. Sua fidelidade confronta-se com os grupos de poder,
concentrados na capital, Jerusalém. O grupo da elite religiosa pertencente ao
Sinédrio mantinha seu poder à custa da exploração do povo empobrecido,
legitimando suas posturas com interpretações interesseiras da Sagrada
Escritura. Apesar de anunciarem a vinda do Messias, conforme as Escrituras, não
podiam conceber que essa promessa se cumpriria na figura de alguém despojado de
poder e solidário com os fracos e pequeninos. Não só isso: Jesus não adotou a
mesma maneira dos rabinos de interpretar a palavra de Deus e toda a tradição de
Israel. Seu lugar social era outro. E, por isso, era outro o modo de conceber
as coisas. Enquanto a teologia oficial, com base no sistema de pureza, excluía
da salvação as pessoas “impuras”, Jesus revela aos “impuros” o seu amor
prioritário e oferece-lhes a salvação divina. O Sinédrio, a instância religiosa
judaica central para julgamento das pessoas suspeitas de crimes e de violações
da Lei, procura achar um motivo convincente para condenar Jesus. Após muitos
falsos depoimentos, apresentaram-se duas testemunhas (número mínimo necessário
para a condenação de uma pessoa suspeita) que, também falsamente, depõem contra
Jesus, dizendo que ele pregava a destruição do Templo. Foi motivo suficiente:
Jesus mexera com o que havia de mais sagrado. Era por meio do Templo que o Sinédrio
alimentava o seu poder. As autoridades judaicas, porém, não tinham o poder de
condenar uma pessoa à morte. Por isso, Jesus é levado à instância política
ligada ao império romano. Pilatos é o seu representante. Nada percebe em Jesus
que possa condená-lo. Até sua mulher lhe manda dizer que, em sonho (considerado
o meio pelo qual Deus se manifesta), lhe fora revelado que Jesus era uma pessoa
justa. Enfim, o inocente Jesus, por pressão da elite judaica, vai ser
condenado. Pilatos lava as mãos e, no lugar de Jesus, solta Barrabás, acusado
de assassinato. A partir daí, Jesus vai sofrer toda espécie de humilhação. É a
figura de um escravo sem defesa, entregue às mãos dos zombadores. É desnudado,
vestido com um manto vermelho, coroado de espinhos, com um caniço em sua mão
direita, e cuspido no rosto; enquanto lhe batem na cabeça, é saudado como “rei
dos judeus”, uma das acusações que o levarão à condenação. Simão Cireneu é
requisitado para ajudar Jesus a carregar a cruz, pois ele se encontra muito
enfraquecido. Quando crucificado, lançam-lhe injúrias, pedindo-lhe que salve a
si próprio, já que anunciou a destruição do Templo, outra acusação no seu
julgamento. Eis o Servo na cruz, considerado “maldito de Deus”, conforme
declara o texto do Deuteronômio (21,23). Porém, em seu sofrimento e em sua
morte, paradoxalmente, manifesta-se a total solidariedade com os sofredores e
realiza-se a redenção da humanidade. O véu do Templo se rasga de cima a baixo:
o Santo dos Santos fica exposto. A morte de Jesus “liberta” a Deus, aprisionado
pelo sistema religioso excludente. A morte de Jesus ressuscita os mortos. Sua
morte resgata a vida de todos. Nessa mesma hora, é reconhecido pelo centurião e
pelos guardas como “Filho de Deus”. (Celso Loraschi, Vida Pastoral nº 277,
Paulus)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus) - Deus Único
Foto retirada da internet
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Revista: "O CRISTÃO CATÓLICO"
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