Na noite em que foi entregue, nosso Senhor Jesus Cristo
tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e deu-o a seus discípulos,
dizendo: “Tomai e comei: isto é o meu corpo”. Em seguida, tomando o cálice, deu
graças e disse: “Tomai e bebei: isto é o meu sangue” (cf. Mt 26,26-27; 1Cor
11,23-24).
Tendo, portanto, pronunciado e dito sobre o pão: Isto é o meu
corpo, quem ousará duvidar? E tendo afirmado e dito: Isto é o meu sangue, quem
se atreverá ainda a duvidar e dizer que não é o seu sangue?
Recebamos, pois, com toda a convicção, o Corpo e o Sangue de
Cristo. Porque sob a forma de pão é o corpo que te é dado, e sob a forma de
vinho, é o sangue que te é entregue. Assim, ao receberes o corpo e o sangue de
Cristo, te transformas com ele num só corpo e num só sangue. Deste modo, tendo
assimilado em nossos membros o seu corpo e o seu sangue, tornamo-nos portadores
de Cristo; tornamo-nos, como diz São Pedro, participantes da natureza divina (2Pd
1,4).
Outrora, falando aos judeus, dizia Cristo: Se não comerdes a
minha carne e não beberdes o meu sangue, não tereis a vida em vós (cf. Jo
6,53). Como eles não compreenderam o sentido espiritual do que lhes era dito,
afastaram-se escandalizados, julgando estarem sendo induzidos por Jesus a comer
carne humana.
Na Antiga Aliança havia os pães da propiciação; por
pertencerem ao Velho Testamento, já não mais existem. Na Nova Aliança, porém,
trata-se de um pão do céu e de um cálice da salvação que santificam a alma e o
corpo. Assim como o pão é próprio para a vida do corpo, também o Verbo é
próprio para a vida da alma.
Por isso, não consideres o pão e o vinho eucarísticos como
se fossem elementos simples e vulgares. São realmente o corpo e o sangue de
Cristo, segundo a afirmativa do Senhor. Muito embora os sentidos te sugiram
outra coisa, tem a firme certeza do que a fé te ensina.
Se foste bem instruído pela doutrina da fé, acreditas
firmemente que aquilo que parece pão, embora seja como tal sensível ao paladar,
não é pão, mas é o corpo de Cristo. E aquilo que parece vinho, muito embora
tenha esse sabor, não é vinho, mas é o sangue de Cristo. Antigamente, bem a
propósito, já dizia Davi nos salmos:
O pão revigora o coração do
homem, e o óleo ilumina a sua face. (Sl 103,15)
Fortifica, pois, teu coração, recebendo esse pão espiritual
e faze brilhar a alegria no rosto de tua alma.
Das Catequeses de Jerusalém (Cat.
22, Mystagogica 4,1.3-6.9: PG 33, 1098-1106)
Fonte: Liturgia das Horas
Foto retirada da internet
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