Quaresma - 4ª Semana do Saltério
Prefácio da Quaresma IV - Ofício do dia do Tempo da Quaresma
Cor: Roxo - Ano “A” Mateus
Antífona: Salmo 29,11 O
Senhor me ouviu e teve compaixão. O Senhor se tornou o meu amparo.
Oração do Dia: Ó Deus, assisti
com vossa bondade a penitência que iniciamos, para que vivamos interiormente as
práticas externas da Quaresma. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Primeira Leitura: Livro do Profeta
Isaías 58,1-9a
Assim fala o
Senhor Deus: Grita forte, sem cessar, levanta a voz como trombeta e denuncia os
crimes do meu povo e os pecados da casa de Jacó. Buscam-me cada dia e desejam
conhecer meus propósitos, como gente que pratica a justiça e não abandonou a
lei de Deus. Exigem de mim julgamentos justos e querem estar na proximidade de
Deus: “Por que não te regozijaste, quando jejuávamos, e o ignorastes, quando
nos humilhávamos? - É porque no dia do vosso jejum tratais de negócios e
oprimis os vossos empregados. É porque, ao mesmo tempo que jejuais, fazeis
litígios e brigas e agressões impiedosas. Não façais jejum com esse
espírito, se quereis que vosso pedido seja ouvido no céu. Acaso é esse jejum
que aprecio, o dia em que uma pessoa se mortifica? Trata-se talvez de curvar a
cabeça como junco, e de deitar-se em saco e sobre cinza? Acaso chamas a isso
jejum, dia grato ao Senhor? Acaso o jejum que prefiro não é outro:
quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que
estão detidos, enfim, romper todo tipo de sujeição? Não é repartir o pão com o
faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos? Quando encontrares um nu,
cobre-o, e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua
saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a
glória do Senhor te seguirá. Então invocarás o Senhor e ele te atenderá,
pedirás socorro, e ele dirá: “Eis-me aqui”. - Palavra do Senhor.
Comentário: Jejum, penitência e oração são
totalmente destituídos de valor e de sentido se não forem vivificados pela
caridade e acompanhados das obras de justiça. Assim, o jejum verdadeiramente
agradável a Deus consiste em libertar-se do egoísmo e prestar alívio e ajuda ao
próximo. A Igreja, abolindo quase inteiramente o preceito do jejum exterior;
entendeu empenhar-se com maior força em favor dos pobres e humildes. Durante a
Quaresma, o premente convite à prática da caridade está em estreita relação com
o convite ao jejum. A Quaresma ajuda-nos a descobrir as necessidades do próximo
e lembra-nos que podemos encontrar a maneira de ir-lhe ao encontro, renunciando
a algo de pessoal. O jejum cumprido por amor de Deus e dos homens é sinal do
desejo de conversão; neste sentido, conserva ainda hoje o seu valor. (Missal Cotidiano)
Salmo: 50, 3-4. 5-6a.
18-19 (R. 19b)
Ó Senhor,
não desprezeis um coração arrependido!
Tende piedade ó meu Deus, misericórdia!
Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado, e
apagai completamente a minha culpa!
Eu reconheço toda a minha iniquidade, o
meu pecado está sempre à minha frente. Foi contra vós, só contra vós, que eu
pequei, e pratiquei o que é mau aos vossos olhos!
Pois não são de vosso agrado os
sacrifícios, e, se oferto um holocausto, o rejeitais. Meu sacrifício é minha
alma penitente, não desprezeis um coração arrependido!
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 9,14-15
Naquele tempo, os discípulos de João aproximaram-se de Jesus
e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus
discípulos não?” Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar
de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado
do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”. - Palavra da Salvação.
Comentários:
As
práticas religiosas não podem ser simples ritualismos que cumprimos por costume
ou tradição. Os fariseus e os discípulos de João faziam jejum, cumprindo os
valores tradicionais da religiosidade de sua época, mas o cumprimento desses
valores não lhes foi suficiente para que se tornassem capazes de reconhecer o
tempo em que estavam vivendo e por quem foram visitados, de modo que não
puderam viver a alegria de quem tem o próprio Deus presente em suas vidas e nem
puderam usufruir de forma mais plena essa presença de graça. Somente quem viver
uma verdadeira religiosidade que seja capaz de estabelecer um relacionamento
profundo e maduro com Deus e perceber os seus apelos nos dos sinais dos tempos
pode colher os frutos dessa religiosidade. (CNBB)
A
atitude de Jesus em relação aos seus discípulos deixava confundidas certas
pessoas. O Mestre orientava-os de forma inusitada; seus ensinamentos não
coincidiam com as estritas normas religiosas da época. Ele era suficientemente
sensato para não se deixar escravizar por determinadas tradições, nem sempre
observadas de maneira conveniente. O fato de Jesus não exigir dos discípulos a
prática do jejum gerava suspeitas em seus opositores. Estes não podiam entender
como um rabi passasse por cima de uma tradição tão venerável, e não exigisse
dos seus a prática frequente do jejum. A visão de Jesus projetava o jejum para
além da pura ascese pessoal. Ele o relacionava com a presença do Messias na
história humana. Durante o tempo da vida terrestre do Messias-esposo, não
convinha jejuar, para que se patenteasse a alegria de sua presença. Ao se
concluir sua missão terrena e Jesus voltar para o Pai, então, será tempo de
jejuar auspiciando sua nova vinda. A prática cristã do jejum é uma forma de
manter-se sempre atento, à espera do Messias que vem. A intemperança no comer e
no beber pode levar o cristão a olvidar-se do caminho traçado pelo Senhor, e a
buscar uma alegria efêmera. Só vale a pena festejar, quando se tem certeza da
presença de Jesus. (Padre Jaldemir
Vitório/Jesuíta)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
Foto retirada da internet
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