Quaresma - 4ª Semana do Saltério
Prefácio da Quaresma - Ofício do dia do Tempo da Quaresma
Cor: Roxo - Ano “A” Mateus
Antífona: Salmo
54,17-20.23 - Clamei pelo Senhor, e ele me ouviu; salvou-me daqueles que
me atacam. Confia ao Senhor os teus cuidados, e ele mesmo te há de sustentar.
Oração do Dia: Inspirai, ó Deus, as nossas ações e ajudai-nos a realizá-las,
para que em vós comece e termine tudo aquilo que fizemos. Por nosso Senhor Jesus
Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Primeira Leitura: Livro do
Deuteronômio 30,15-20
Moisés falou ao
povo dizendo: “Vê que eu hoje te proponho a vida e a felicidade, a morte e a
desgraça. Se obedeceres aos preceitos do Senhor teu Deus, que eu hoje te
ordeno, amando ao Senhor teu Deus, seguindo seus caminhos e guardando seus
mandamentos, suas leis e seus decretos, viverás e te multiplicarás, e o Senhor
teu Deus te abençoará na terra em que vais entrar, para possuí-la. Se, porém, o
teu coração se desviar e não quiseres escutar, e se, deixando-te levar pelo
erro, adorares deuses estranhos e os servires, eu vos anuncio hoje que
certamente perecereis. Não vivereis muito tempo na terra onde ides entrar,
depois de atravessar o Jordão, para ocupá-la. Tomo hoje o céu e a terra como
testemunhas contra vós, de que vos propus a vida e a morte, a bênção e a
maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e teus descendentes, amando
ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele - pois ele é a tua
vida e prolonga os teus dias -, a fim de que habites na terra que o Senhor
jurou dar a teus pais Abraão, Isaac e Jacó”. - Palavra do Senhor.
Comentário: Não são muitos os caminhos a
escolher, mas apenas dois: o da vida e o da morte. Parece, pois, que não há
escolha: nossa sorte necessária, inelutável, é a morte. Ela vem, mesmo que
ninguém a queira. Por outro lado, também o nosso espírito, o intimo de nós
mesmos, parece não ter possibilidade de escolha: opta pela bênção, a felicidade,
a vida. Tratar-se-á, porém, de possibilidade real de escolha, ou de ilusão? A
proposta de Deus ao homem para aceitar a aliança é propriamente a escolha entre
a vida e a morte. Não nos pertence definir a vida e a felicidade, porque isto
cabe a Deus; é-nos dada apenas a possibilidade de aceitar o dom de Deus.
Ninguém por si próprio escolhe a morte. Mas quem recusa a obediência, quem não
aceita aquele tipo de morte que consiste em renunciar à vontade de definir a
própria felicidade e não entrega nas mãos de Deus a própria vida, entra, de
fato, no domínio da morte. É importante, portanto, descobrir que Deus quer
nossa felicidade, e aceitar-lhe a proposta. (Missal Cotidiano)
Salmo: 1, 1-2. 3. 4.6 (R.
Sl 39,5a)
É feliz quem
a Deus se confia!
Feliz é todo aquele que não anda
conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados, nem
junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a
medita, dia e noite, sem cessar.
Eis que ele é semelhante a uma árvore,
que à beira da torrente está plantada; ela sempre dá seus frutos a seu tempo, e
jamais as suas folhas vão murchar. Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.
Mas bem outra é a sorte dos perversos.
Ao contrário, são iguais à palha seca espalhada e dispersada pelo vento. Pois
Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva à morte.
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 9,22-25
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “O Filho do Homem deve sofrer muito,
ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser
morto e ressuscitar no terceiro dia”. Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me
quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me. Pois quem
quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de
mim, esse a salvará. Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo
inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?” - Palavra da Salvação.
Comentários:
O
verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que vive como o próprio Jesus e faz dele
o modelo de sua vida. Jesus nunca viveu para si, mas sempre viveu para o Pai e
para os seus irmãos e irmãs, fazendo do seu dia a dia um serviço a Deus e ao
próximo. A exemplo de Jesus, nós devemos passar por esse mundo não para buscar
a satisfação dos nossos interesses e necessidades, mas para deixar de lado tudo
o que nos impede de ir ao encontro de nossos irmãos e irmãs que precisam de
nós, da nossa presença e do nosso serviço, e que também nos impede de ir ao
encontro do próprio Deus para vivermos com ele a sua vida. (CNBB)
Quem se propõe a seguir Jesus,
não pode escusar-se de refazer o caminho do Mestre. Este caminho tem uma
dinâmica bem definida. Jesus começa recusando-se a se apegar à sua igualdade
com Deus, e, por consequência, dispondo-se a assumir, plenamente, a condição
humana. Passa pelo testemunho radical do Pai e de seu Reino, sem se importar
com a opinião de quem o critica. E se consuma na morte de cruz, como desfecho
natural de uma vida de total renúncia de si mesmo. Também do seguidor de Jesus
exige-se a disposição de abrir mão de seus projetos pessoais, escolhendo
somente os que são compatíveis com o Reino, sem poupar-se ou estabelecer
limites, quando se trata de executá-los. Põe em risco a própria salvação, quem
se deixa levar pela prudência humana, e procura salvaguardar certas dimensões
de sua vida, temendo colocá-las em jogo. À imitação de Jesus, seu seguidor tem
um coração desapegado, livre dos ideais mesquinhos de ganhar o mundo inteiro,
ao preço da própria condenação. Esta liberdade capacita-o a trilhar o caminho
de Jesus, embora tendo de enfrentar a cruz, com seu componente de rejeição e de
morte. O seguimento exige disposição e coragem para não nos determos na metade
do caminho. Como seguidores do Mestre, somos desafiados a concluir, com ele e
como ele, a sua mesma caminhada. (Padre Jaldemir Vitório/Jesuíta)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
Foto retirada da internet
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