“Ser perdoados e perdoar: um mistério difícil de entender. É
preciso oração, arrependimento e vergonha”.
O perdão
é um mistério difícil de se entender
O primeiro passo para “penetrar neste mistério”, a grande “obra de
misericórdia de Deus”, é envergonhar-se dos próprios pecados, uma graça que não
podemos obter sozinhos. O povo de Deus, triste e humilhado por suas culpas, é
capaz de senti-la, enquanto o protagonista do Evangelho do dia não consegue
fazê-lo. É o servo que o patrão perdoa apesar de suas grandes dívidas, mas que
por sua vez, é incapaz de perdoar seus devedores. “Ele não entendeu o mistério
do perdão”, destacou Francisco, falando da realidade de hoje:
“Se eu pergunto: ‘Vocês são todos pecadores?’ – ‘Sim, padre, todos’ – ‘E
para receber o perdão dos pecados?’- ‘Nos confessamos’ – ‘E como você se
confessa?’- ‘Vou, digo meus pecados, o padre me perdoa, me dá três Ave Marias
para rezar e vou embora em paz’.
“Você não entendeu! Fazendo assim, você foi ao confessionário fazer uma
operação bancária ou um processo burocrático. Não foi lá envergonhado pelo que
fez. Viu algumas manchas em sua consciência e errou, porque pensou que o
confessionário fosse uma lavanderia para limpar as manchas. Você foi incapaz de
envergonhar-se por seus pecados”.
Maravilha
deve entrar na consciência
Assim, o perdão recebido de Deus, a “maravilha que fez em seu coração” –
prossegue o Papa – deve poder “entrar na consciência”, caso contrário, “você
sai, encontra um amigo, uma amiga e começa e falar pelas costas de alguém, e
continua a pecar”. “Eu posso perdoar, somente se me sinto perdoado”:
“Se você não tem consciência de ser perdoado, nunca poderá perdoar,
nunca. Sempre existe aquele comportamento de querer acertar as contas com os
outros. O perdão é total. Mas somente se pode dar quando eu sinto o meu pecado,
me envergonho, tenho vergonha e peço o perdão a Deus e me sinto perdoado pelo
Pai e assim posso perdoar. Caso contrário, não se pode perdoar, somos incapazes
disto. Por esta razão o perdão é um mistério”.
O servo, o protagonista do Evangelho – diz o Papa – tem a sensação de
“ter conseguido”, ter sido “esperto”; mas pelo contrário, não entendeu a
generosidade do patrão. É aquela que o Papa define como “a hipocrisia de roubar
um perdão, um perdão fingido”:
"Peçamos hoje ao Senhor a graça de entender este “setenta vezes
sete”. Peçamos a graça da vergonha diante de Deus. E’ uma grande graça!
Envergonhar-se dos próprios pecados e assim receber o perdão e a graça da
generosidade de dá-lo aos outros, porque se o Senhor me perdoou tanto, quem sou
eu para não perdoar?”.
Papa Francisco
Fonte: Rádio
Vaticano
Foto retirada da internet
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