A Carta aos Hebreus proposta pela liturgia do dia exorta a
viver a vida cristã com três pontos de referência: o passado, o presente e o
futuro. Antes de tudo, nos convida a fazer memória, porque “a vida
cristã não começa hoje: continua hoje”. Fazer memória é “recordar tudo”: as
coisas boas e menos boas, é colocar a minha história “diante de Deus”, sem
cobri-la ou escondê-la:
Irmãos, evoquem na memória aqueles primeiros dias’: os dias
do entusiasmo, de ir avante na fé, quando se começou a viver a fé, as
tribulações sofridas … Não se entende a vida cristã, inclusive a vida
espiritual de todos os dias, sem memória. Não somente não se entende: não se
pode viver de modo cristão sem memória. A memória da salvação de Deus na minha
vida, a memória dos problemas na minha vida; mas como o Senhor me salvou desses
problemas? A memoria é uma graça: uma graça a ser pedida. ‘Senhor, que não
esqueça o teu passo na minha vida, que não esqueça os bons momentos, inclusive
os maus; as alegrias e as cruzes’. Mas o cristão é um homem de memória”.
Depois, o autor da Carta nos faz entender que “estamos em
caminho a espera de algo”, a espera de “chegar a um ponto: um encontro;
encontro o Senhor”. “E nos exorta a viver por fé”:
“A esperança: olhar para o futuro. Assim como não se pode viver
uma vida cristã sem a memória dos passos feitos, não se pode viver uma vida
cristã sem olhar para o futuro com esperança... para o encontro com o Senhor. E
ele diz uma bela frase: ‘Ainda bem pouco…’. Eh, a vida é um sopro, eh? Passa.
Quando se é jovem, se pensa que temos tanto tempo pela frente, mas depois a
vida nos ensina que aquela frase que todos dizemos: ‘Mas como passa o tempo! Eu
o conheci quando era criança, e agora está casando! Como passa o tempo!’. Logo
chega. Mas a esperança de encontrá-lo é uma vida em tensão, entre a memória e a
esperança, o passado e o futuro”.
Por fim, a Carta convida a viver o presente, “muitas vezes
doloroso e triste”, com “coragem e paciência”: isto é, com franqueza, sem vergonha,
e suportando as vicissitudes da vida. Somos pecadores “todos somos. Quem antes
e quem depois… se quiserem, podemos fazer a lista depois, mas todos somos
pecadores. Todos. Mas prossigamos com coragem e com paciência. Não fiquemos
ali, parados, porque isso não nos fará crescer”. Por fim, o autor da Carta aos
Hebreus exorta a não cometer o pecado que não nos deixa ter memória, esperança,
coragem e paciência: a covardia. “É um pecado que não deixa ir para frente por
medo”, enquanto Jesus diz: “Não tenham medo”. Covardes são “os que vão sempre
para trás, que protegem demasiado a si mesmos, que têm medo de tudo”:
“‘Não arrisque, por favor, não… prudência…’ Os mandamentos
todos, todos… Sim, é verdade, mas isso também paralisa, faz esquecer as muitas
graças recebidas, tira a memória, tira a esperança porque não deixa ir. E o
presente de um cristão, de uma cristã assim é como quando alguém está na rua e
começa a chover de repente e o vestido não é bom e o tecido encurta... Almas
pequenas … esta é a covardia: este é o pecado contra a memória, a coragem, a
paciência e a esperança. Que o Senhor nos faça crescer na memória, nos faça
crescer na esperança, nos dê todos os dias coragem e paciência e nos liberte
daquilo que é a covardia, ter medo de tudo... Almas pequenas para preservar-se.
E Jesus diz: ‘Quem quer preservar a própria vida, a perde’”.
Papa Francisco
Fonte: Rádio
Vaticano
Trechos
extraídos da matéria “Papa: ser cristão é ser corajoso, não covarde”
br.radiovaticana.va/news/2017/01/27/papa_ser_crist%C3%A3o_%C3%A9_ser_corajoso,_n%C3%A3o_covarde/1288589
Foto retirada da internet
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