1. Orar é tudo o que há de mais simples,
primeira razão disso é a própria a necessidade que temos da oração.
2. Para orar, não
é preciso talento especial, eloquência, dinheiro nem recomendação de espécie alguma. Até a devoção sensível não é
necessária; a doçura a consolação não dependem de nós.
Se Deus no-las der, devemos recebê-las com reconhecimento,
porquanto elas tornam a oração mais agradável. Orar, não obstante a aridez, é
sempre orar. Consolados, ou não, cumpre fazê-lo.
3. Para isso,
basta o conhecimento de Deus e o de nós mesmos, saber o que Ele é o que somos
nós; como infinita é sua bondade e quão profunda a nossa miséria.
Para orar, uma única
ciência é necessária: a fé e o catecismo.
As palavras serão
deitadas pelas nossas próprias necessidades. Poucas ideias (quanto menos
numerosas, melhor será) alguns desejos, e finalmente umas palavras saídas do
coração, – porque se assim não for, não há oração propriamente dita, – eis tudo
o que é preciso.
Haverá, por acaso, um homem que não tenha um só pensamento,
um único desejo? Pois bem, é apenas do que precisamos saber para empreender o
nobre trabalho da oração. A graça, Deus no-la dá, de bom grado, a todos e a
cada um em particular.
4. Por
conseguinte, orar, é simplesmente falar com Deus; é conversar com Ele, mediante
a adoração, o louvor, a súplica. Alguns teólogos opinam ser a oração um
discurso feito a Deus, uma audiência por Ele concedida. É avançar muito. Grande
é o numero dos que não sabem produzir um discurso, e a audiência, sendo por
demais cerimoniosa, exclui a cordialidade.
Durante a oração, o nosso proceder deve ser idêntico ao que
temos relativamente a um amigo íntimo e querido. A ele confiamos com
sinceridade o que nos vai na alma: dissabores ou alegrias, esperanças e
receios; dele recebemos conselhos e avisos, auxilio e conforto; com ele
decidimos os mais importantes negócios, singelamente e quase sempre sem que a
sensibilidade se manifeste de forma alguma. É assim que, na oração, devemos ser
para com Deus.
Quanto maior for a nossa
simplicidade, tanto melhor será: demos voz ao coração.
5. Se muitas vezes a oração se desenvolve
de forma penosa e difícil, é culpa nossa; é porque não sabemos como nos colocar
em concordância, e fazemos dela uma ideia errônea. Manifestemos a Deus os
sentimentos de nossa alma; digamos as coisas tais como se apresentam e a oração
será sempre proveitosa. Todo caminho leva a Roma, diz o adágio, e toda ideia
abre o seu para chegar a Deus.
Só saberemos orar quando o fizermos simplesmente. Que nos
adianta dirigirmos ao Senhor discursos sublimes ou torneados com graça?
Se acontecer que nenhuma ideia nos venha à mente, tenhamos a
simplicidade, de expor essa mesma nossa indigência. É isto ainda orar,
glorificar a Deus e expressamente advogar a nossa causa.
Extraído do livro “a vida
espiritual reduzida a três princípios” R.P. Maurício Meschler, S.J. Livro de
1923 - 253 págs
Fonte: aascj.org.br
Foto retirada da internet
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