Esperar é uma necessidade primária do homem, explicou o Papa.
Mas é importante que esta esperança seja colocada em quem verdadeiramente possa
ajudar a viver e dar sentido à nossa existência.
Diante das dificuldades da vida, podemos sentir a tentação
de buscar consolações efêmeras para preencher o vazio da solidão. O perigo está
em buscar uma segurança imediata. E nos iludimos de poder encontrar segurança no dinheiro,
nas alianças com os poderosos, na mundanidade e nas ideologias. Estes são os
falsos ídolos.
“Mas nós gostamos dos ídolos”, constatou Francisco, contando que em Buenos
Aires, quando atravessava um parque para ir de uma igreja a outra, via inúmeros
cartomantes. “Faziam até fila”, lembrou. “Você dá a mão e ouve: há uma mulher
na sua vida, tem uma sombra, mas tudo acabará bem. Isso dá segurança”, disse o
Papa. “É a
segurança de uma estupidez. Este
é o ídolo. ‘Ah, fui na cartomante e ela leu as cartas’. Sei que ninguém de
vocês faz isso”, brincou Francisco com os fiéis. “Você paga para ter uma falsa
esperança: compramos falsas esperanças” ao invés de confiar na esperança da
gratuidade de Jesus.
Deste modo, reduzimos Deus aos nossos esquemas e ideias de
divindade: um deus à nossa medida, que satisfaz as nossas exigências e intervém
magicamente para mudar a realidade e torná-la como a queremos. Neste caso, o
homem, feito à imagem de Deus, fabrica um deus à sua própria imagem e uma
imagem mal acabada.
“Mas ficamos mais felizes em confiar nos falsos ídolos do
que esperar no Senhor”, lamentou mais uma vez o Papa. À esperança no Senhor da
vida, contrapomos a confiança em imagens mudas. Quando se tornam ídolos aos
quais tudo se sacrifica, disse ainda o Pontífice, valores como o sucesso, o
poder ou a beleza física confundem a mente e o coração e, em vez de favorecer a
vida, conduzem à morte. Francisco citou o exemplo de uma mulher, muito bonita, que
contava – como se fosse natural – que fez um aborto para preservar a beleza.
“Estes são os ídolos que o levam para o caminho errado e não levam a lugar
nenhum.”
Por isso, a mensagem do Salmo (115) é clara. Se depositarmos
a esperança nestes ídolos, ficaremos como eles: imagens vazias, com mãos que não tocam, pés
que não caminham e bocas que não falam. Não
temos nada para dizer, tornamo-nos incapazes de ajudar, mudar as coisas,
sorrir, doar-se e amar. E também os homens de Igreja correm este risco quando
se ‘mundanizam’: “É preciso estar no mundo, mas defender-se das ilusões do
mundo”.
Concluindo, o Papa recordou que a esperança em Deus jamais
desilude. “Já os ídolos desiludem sempre. São fantasias, não realidades.” Se depositarmos
a nossa esperança em Deus, vamos nos tornar como Ele, partilhando a sua vida e
irradiando a sua bênção. “E neste
Deus confiamos. E este Deus, que não é um ídolo, jamais desilude.”
Fonte: Rádio Vaticano
Foto retirada da internet
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