Prefácio próprio - Ofício solene próprio - Glória e Creio
Cor: Branco - Ano “C” Lucas
Solenidade: Jesus
Cristo Rei do Universo
Antífona: Apocalipse
5,12; 1,6 O Cordeiro que foi imolado é digno de
receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele glória e
poder através dos séculos.
Oração do Dia: Deus eterno e todo-poderoso, que dispusestes restaurar todas as
coisas no vosso amado Filho, rei do universo, fazei que todas as criaturas,
libertas da escravidão e servindo à vossa majestade, vos glorifiquem
eternamente. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Primeira Leitura: Segundo Livro de
Samuel 5,1-3
Naqueles dias,
todas as tribos de Israel vieram encontrar-se com Davi em Hebron e
disseram-lhe: “Aqui estamos. Somos teus ossos e tua carne. Tempos atrás, quando
Saul era nosso rei, eras tu que dirigias os negócios de Israel. E o Senhor te
disse: ‘Tu apascentarás o meu povo Israel e serás o seu chefe’”. Vieram, pois,
todos os anciãos de Israel até ao rei em Hebron. O rei Davi fez com eles uma
aliança em Hebron, na presença do Senhor, e eles o ungiram rei de Israel. - Palavra do Senhor.
Comentário: Os anciãos, ou seja, os
líderes das tribos de Israel reconhecem Davi como escolhido de Deus para
“apascentar” e “chefiar” o povo. São esses os critérios para a escolha de Davi
como “rei” de todo o Israel: (1) parentesco entre o rei e o povo (são uma só
carne e ossos), isto é, o monarca vai agir com a mesma preocupação que um pai
de família tem para com seus filhos; (2) experiência para defender as tribos
contra os inimigos; (3) e principalmente, reconhecimento dos sinais divinos de
que Davi fora escolhido por Deus para essa função de líder. Em vez do verbo
“reinar”, o texto de 2Sm 5,2b usa o termo “apascentar” ou “pastorear”, da mesma
raiz (hebraica) de “acompanhar” e de “ser amigo”. A tarefa principal do “rei” é
proteger, além de conduzir e de cuidar. Conforme Ez 34,23, o vocábulo “pastor”
era aplicado aos reis. O texto litúrgico também destaca que Davi será “chefe”,
no sentido hebraico isso significa que ele terá autoridade limitada e estará
subordinado a outro poder, pois somente Deus é rei sobre Israel. A liderança
era carismática, ou seja, escolhida por Deus, e o poder era exercido como
representatividade. O líder de Israel jamais seria um rei no sentido próprio do
termo, mas um mediador entre Deus e o povo. E sua principal função era
assegurar a realeza de Deus sobre as pessoas. Em relação ao povo, a mediação
consistia em promover o bem-estar de todos por meio do exercício da justiça e
da defesa militar. Em relação a Deus tratava-se, principalmente, de promover a
obediência ao propósito divino expresso na aliança. A verdadeira realeza, de
Deus, tornava condicional a função do chefe do povo. O líder de Israel recebia
a missão de governar, através de uma eleição popular unida à unção divina (um
oráculo profético). Dessa forma o líder de Israel era escolhido por Deus e pelo
povo. Considerando-se que o único rei de Israel era Deus, a liderança
tornava-se, também temporária. O rei poderia ser deposto a qualquer momento
caso não exercesse adequadamente as funções para as quais tinha sido escolhido.
(Aíla Luzia Pinheiro Andrade)
Salmo: 121,1-2.4-5 (R.
Cf.1)
Quanta
alegria e felicidade: vamos à casa do Senhor!
Que alegria, quando
ouvi que me disseram: “Vamos à casa do Senhor!” E agora nossos pés já se detêm,
Jerusalém, em tuas portas.
Para lá sobem as
tribos de Israel, as tribos do Senhor. Para louvar, segundo a lei de Israel, o
nome do Senhor. A sede da justiça lá está e o trono de Davi.
Segunda Leitura: Carta de São Paulo
aos Colossenses 1,12-20
Irmãos: Com alegria
dai graças ao Pai, que vos tornou capazes de participar da luz, que é a herança
dos santos. Ele nos libertou do poder das trevas e nos recebeu no reino de seu
Filho amado, por quem temos a redenção, o perdão dos pecados. Ele é a imagem do
Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois por causa dele foram
criadas todas as coisas no céu e na terra, as visíveis e as invisíveis, tronos
e dominações, soberanias e poderes. Tudo foi criado por meio dele e para ele.
Ele existe antes de
todas as coisas e todas têm nele a sua consistência. Ele é a Cabeça do Corpo,
isto é, da Igreja. Ele é o princípio, o Primogênito dentre os mortos; de sorte
que em tudo ele tem a primazia, porque Deus quis habitar nele com toda a sua
plenitude e por ele reconciliar consigo todos os seres, os que estão na terra e
no céu, realizando a paz pelo sangue da sua cruz. - Palavra do Senhor.
Comentário: Esse hino da Carta aos
Colossenses é um dos mais antigos cânticos de ação de graças do Novo
Testamento. Muito anterior à própria epístola na qual hoje se encontra, era cantado
durante a celebração da fração do pão, modo como a Eucaristia era chamada
antigamente. Como um dos hinos mais importantes do Novo Testamento, exalta a
ação de Cristo como mediador da redenção e da nova criação e sua atuação no
mundo em todos os tempos. A ressurreição de Cristo ocupa papel central, ela faz
a conexão entre o senhorio de Cristo sobre a história, sobre o cosmos e sobre a
igreja. A afirmação inicial é que Deus fez um ato de libertação, quer dizer,
resgatou a humanidade de uma situação de opressão, identificada com a expressão
“império das trevas” ou “tirania das trevas”. Esse resgate implica num traslado
que foi feito de uma tirania para o reino de seu Filho bem amado. Essa metáfora
era repleta de sentido naquela época, já que uma situação oposta era muito
corriqueira: ver uma multidão de pessoas sendo levadas cativas de um reino a
outro. O reino é descrito como pertencendo ao seu Filho bem amado, ou numa
tradução literal, “Filho do seu amor”, ou seja, em quem Deus depositou todo o
seu amor. Esse reino, assim descrito, é poder de Deus em ação a favor da
humanidade por meio da vida de Cristo. Esse traslado significa que o reino
irrompeu na história, então não devemos esperar o final dos tempos para
participarmos dele. Mas essa participação exige do ser humano um compromisso
radical que poderá trazer conflitos com os antivalores do mundo. Estamos
esperando o pleno desabrochar do reino no fim dos tempos, mas a celebração de
hoje nos exorta que já estamos no reino de Deus. Temos que viver o “já” e o
“ainda não” de sua plenitude. (Aíla Luzia Pinheiro Andrade)
Evangelho de Jesus
Cristo segundo Lucas 23,35-43
Naquele tempo, os chefes zombavam de Jesus dizendo:
“A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o
Escolhido!” Os soldados também caçoavam dele; aproximavam-se, ofereciam-lhe
vinagre, e diziam: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!” Acima dele
havia um letreiro:
“Este é o Rei dos Judeus”
Um dos malfeitores crucificados o insultava,
dizendo: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!” Mas o outro o
repreendeu, dizendo: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma
condenação? Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas
ele não fez nada de mal”. E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando
entrares no teu reinado”. Jesus lhe respondeu: “Em verdade eu te digo: ainda
hoje estarás comigo no Paraíso”. -
Palavra da Salvação.
Comentários:
O
trecho do evangelho de hoje nos mostra Jesus sendo crucificado entre dois
malfeitores. Lucas o apresenta com traços típicos de um mártir que, com sua
fidelidade e força de oração, obtém a salvação para seus perseguidores. No
Evangelho de Lucas, os que se encontravam com Jesus eram compelidos a fazer uma
escolha: aderir ou rejeitar Jesus. Na hora de sua morte, ponto crucial do
evangelho, o leitor é convidado a fazer sua escolha. Também aparecem aqui duas
mentalidades que perpassaram todo o evangelho, duas maneiras de compreender o
messianismo de Jesus. Entender a missão de Jesus é essencial para poder aderir
ao seu projeto salvífico. São dois ladrões que representam duas compreensões
messiânicas. O primeiro ladrão representa aqueles que concebem um messias
dotado de poderes prodigiosos, que deveria descer da cruz e libertá-los
consigo. Assim, seria mais espetacular seu triunfo. O outro ladrão é o oposto,
pois reconhece em Jesus o enviado de Deus, um justo que não merecia estar ali.
Este pede que Jesus se recorde dele quando estabelecer seu reino no momento
“escatológico” (fim dos tempos). A resposta de Jesus, suas últimas palavras,
acentua o “hoje” de Deus: “Hoje estarás comigo no paraíso”. Quem acolhe Jesus
participa de forma definitiva da vida em Deus, não em um futuro distante, mas
no hoje. Ou seja, o futuro escatológico da salvação plena já está presente. O
paraíso não é um lugar, mas participação na felicidade com Cristo (cf. Fl
1,23). Lucas prefere não identificar o reino geograficamente, pois este se faz
“dentro” de cada um (17,21). O reino começa a acontecer na vida daquele que
acolhe Jesus e se deixa conduzir por ele. Estar com Jesus não significa
simplesmente estar em sua companhia, mas participar de sua realeza. Na cruz,
Cristo aparece dispondo, ele mesmo, da sorte eterna de um homem. E isto é poder
de Deus. Em Jesus se manifesta todo o amor de Deus, que desce ao nível mais
baixo para elevar a si a criatura humana. Esse é o poder do amor. (Aíla Luzia
Pinheiro Andrade)
A
crucifixão de Jesus constituiu-se em um trauma para os discípulos. Eles
esperavam que seu Mestre fosse um Messias-rei glorioso, cheio de poder, capaz
de pôr fim à opressão romana. Por isso, diante do Crucificado, viram esvair-se
todas as suas esperanças. Contudo, a inscrição afixada no alto da cruz -
"Este é o rei dos judeus" - era verdadeira. Efetivamente, Jesus era
"rei dos judeus", mas seu reino era bem diferente daquele que os
discípulos e os adversários esperavam. Uns e outros não conseguiam perceber a
dinâmica de salvação em que estava envolvida a morte de cruz. Ali, Jesus estava
salvando toda a humanidade, por ser o Cristo de Deus, o eleito. A crucifixão
resultava de sua fidelidade total ao Pai, Senhor de sua existência. Isto
significava que a vontade divina sempre fora o imperativo na vida do Filho de
Deus. O Reino do Pai tornara-se o Reino de Jesus. Reino articulado no querer
divino, e não na força das armas, da violência, das conquistas, da opressão.
Por conseguinte, os judeus e todos os que quisessem salvar-se, deveriam aderir a
este Reino, cujo Rei é Jesus. Os dois ladrões, também crucificados com o
Mestre, revelaram duas atitudes contrastantes diante desse Rei: um o rejeitou
como fraco e impotente; o outro o acolheu e o reconheceu como sendo vítima da
injustiça. A este Jesus acolheu em seu Reino! (Padre
Jaldemir Vitório/Jesuíta)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
Foto retirada da internet
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obrigado.
muito boa a reflexão, DEUS os abençoe.
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