27ª Domingo do Tempo Comum - 3ª Semana do Saltério
Prefácio dos domingos comuns - Ofício dominical comum
Glória e Creio - Cor: Verde - Ano “C”
Lucas
Antífona: Ester
13,9-11 Senhor, tudo está em vosso poder, e ninguém pode resistir à
vossa vontade. Vós fizestes todas as coisas: o céu, a terra e tudo o que eles
contêm; sois o Deus do universo!
Oração do Dia: Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis, no vosso
imenso amor de Pai mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa
misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que
ousamos pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo. Amém!
Primeira Leitura: Profecia de Habacuc
1,2-3; 2,2-4
Senhor, até quando
chamarei, sem me atenderes? Até quando devo gritar a ti: "Violência!",
sem me socorreres? Por que me fazes ver iniquidades, quando tu mesmo vês a
maldade? Destruições e prepotência estão à minha frente; reina a discussão,
surge a discórdia. Respondeu-me o Senhor, dizendo: "Escreve esta visão,
estende seus dizeres sobre tábuas, para que possa ser lida com facilidade. A
visão refere-se a um prazo definido, mas tende para um desfecho, e não falhará;
se demorar, espera, pois ela virá com certeza, e não tardará. Quem não é
correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé". - Palavra do Senhor.
Comentário: Habacuc 1,2-2,4 é um diálogo
entre Deus e o profeta. Diante da desordem que reina em Judá, nos últimos anos
antes do exílio, Habacuc grita a Deus com impaciência, quase com desespero.
Deus, porém, anuncia que tratará o mal da infidelidade com um remédio mais
tremendo ainda: os babilônios. Quando Habacuc reclama contra essa solução – na
leitura deste domingo –, Deus responde: “Eu sei o que faço; não preciso prestar
contas; mas os justos se salvarão por sua fidelidade” (2,2-4). O profeta se
queixa, porque a impiedade está vencendo, porque o direito e o próprio justo
são pisados ao pé. Deus, porém, não precisa prestar contas para o ser humano.
Este é que lhe deve obediência, também nas horas difíceis: é a “fé/fidelidade”
que faz viver o justo (2,4). (Pe. Johan Konings, sj)
Salmo: 94(95),1-2.6-7.8-9
(R. 8)
Não fecheis
o coração, ouví, hoje, a voz de Deus!
Vinde, exultemos de
alegria no Senhor, aclamemos o Rochedo que nos salva! Ao seu encontro
caminhemos com louvores, e com cantos de alegria o celebremos!
Vinde, adoremos e
prostremo-nos por terra, e ajoelhemos ante o Deus que nos criou! Porque ele é o
nosso Deus, nosso Pastor, e nós somos o seu povo e seu rebanho, as ovelhas que
conduz com sua mão.
Oxalá ouvísseis
hoje a sua voz: "Não fecheis os corações como em Meriba, como em Massa, no
deserto, aquele dia, em que outrora vossos pais me provocaram, apesar de terem
visto as minhas obras".
Segunda Leitura: 2ª Carta de São
Paulo a Timóteo 1,6-8.13-14
Caríssimo: Exorto-te
a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos.
Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e
sobriedade. Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor nem de mim, seu
prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. Usa
um compêndio das palavras sadias que de mim ouviste em matéria de fé e de amor
em Cristo Jesus. Guarda o precioso depósito, com a ajuda do Espírito Santo, que
habita em nós. - Palavra do Senhor.
Comentário: A 2ª leitura é tomada do
início da Segunda Carta a Timóteo. Esta carta impressiona-nos por seu estilo
vivo – uma fotografia em alta definição do Apóstolo no fim de seus dias. É seu
testamento espiritual. No trecho de hoje, Paulo exorta seu amigo Timóteo a manter
a plena fidelidade ao Senhor. Pois também o ministro da fé deve firmar-se na
fidelidade, para poder confirmar os seus irmãos na fé. Em Romanos 1,16, Paulo
escreveu que não se envergonhava por causa do Evangelho. A Segunda Carta a
Timóteo repete a mesma afirmação, para exortar os pastores que o sucedem, a fim
de que se lembrem de estarem servindo ao Cristo aniquilado. Nas cidades do
“mundo civilizado” de então, o cristianismo era ridicularizado e perseguido.
Por isso, Paulo exorta seu discípulo a não se envergonhar e a guardar a
doutrina sadia que dele recebeu (contra as fantasias gnósticas e outras que se
introduziram no cristianismo primitivo). Exorta-o a guardar o “bom depósito”,
ou seja, o bem nele depositado, a ele confiado (1,14). Esse “bom depósito” é a
plena verdade do Evangelho. Repleto dela, o discípulo poderá distribuí-la aos
outros, pois o cristão é responsável não só por sua própria fé, mas também pela
fé e fidelidade do seu irmão. Ora, nas circunstâncias daquele tempo e de todos
os tempos, isso só é possível com a força do Espírito Santo. Recebemos hoje,
portanto, uma mensagem para valorizar a fé, inclusive, como base da oração. Mas
nossa fé não é uma espécie de fundo de garantia para que Deus nos atenda. Assim
como ele não precisa prestar contas, também não é forçado por nossa fé. Nossa
fé é necessária para nós mesmos, para ficarmos firmes na adesão a Deus em Jesus
Cristo. Deus mesmo, porém, é soberano, e soberanamente nos dá mais do que
ousamos pedir, como diz a oração deste domingo. (Pe. Johan Konings, sj)
Evangelho de Jesus
Cristo segundo Lucas 17,5-10
Naquele tempo, os apóstolos
disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé!" O Senhor respondeu:
"Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis
dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos
obedeceria. Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos
animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: 'Vem depressa para
a mesa?' Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: 'Prepara-me o jantar,
cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso tu poderás comer e
beber?' Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia
mandado? Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram,
dizei: 'Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer'". - Palavra da Salvação.
Comentários:
O
evangelho começa com a prece dos apóstolos: “Senhor, aumenta nossa fé”. Às
vezes precisa-se de muita fé para acolher a palavra de Jesus, pois o evangelho
não é tão evidentemente gratificante. Daí os discípulos dizerem: “Dá-nos mais
fé”. A resposta de Jesus é uma admoestação para que tenham fé que transporta
montanhas! Jesus fala aqui no estilo hiperbólico, exagerado, dos orientais, mas
não deixa de ser verdade que quem se entrega em confiança a Deus em Jesus
Cristo faz coisas que outros não fazem e que o próprio crente não se julga
capaz de fazer. Somos como peões de fazenda, que, depois de terem executado seu
longo e cansativo serviço, não podem reclamar, pois apenas cumpriram seu dever
(cf. 1Cor 9,16). Assim como, em Habacuc, Deus não presta contas ao profeta, o
“dono” na parábola do evangelho não precisa prestar contas a seus servos.
Depois da longa jornada dos servos no campo, ele pede que lhe preparem a comida
e a sirvam, sem reclamar. Fizeram somente seu dever. Claro que Jesus não está
justificando esse modo de agir do dono; apenas usa uma cena cotidiana de seu
tempo para expressar que Deus não precisa prestar contas: quando o servimos, fazemos
apenas o que devemos fazer. Nossa mentalidade atual não aceita isso facilmente.
Em nossa sociedade, a mínima prestação de serviço exige uma gratificação
específica. Ainda que, muitas vezes, a gratificação não valha o serviço, essa
mentalidade exclui todo o espírito do “simples serviço”. Até as prefeituras e
governos estaduais fazem propaganda com as obras que nada mais são que a
execução de seu dever! Ora, no Reino de Deus, o que conta é o espírito de
participação. Faz-se o que o Reino exige, sem cobrar nada extra. A recompensa
existe no participar, como Paulo diz a respeito de anunciar o evangelho
gratuitamente (1Cor 9,16). Ao interpretar a parábola de Jesus, devemos pôr
entre parênteses os traços paternalistas da cena que ele evoca. O que ele quer
mostrar é que participamos no projeto de Deus, não em função de uma compensação
extra, mas porque é a obra de Deus. O próprio Deus é nossa recompensa, e a
realização de seu amor supera qualquer recompensa extra que poderíamos
imaginar. (Pe. Johan Konings, sj)
Quando
os discípulos pediram a Jesus para aumentar-lhes a fé, queriam que ela se
tornasse mais autêntica e existencial. Quando isto acontecesse, eles estariam
aptos para testemunhá-la com a vida, de acordo com o que acreditavam. Não é
questão de aumento quantitativo da fé. Mesmo que seja mínima, mas autêntica,
ela tem o formidável poder de fazer coisas impossíveis. Esta é a mensagem da
parábola da árvore transplantada para o mar. Uma fé minúscula seria suficiente
para ordenar a uma árvore arrancar-se e plantar-se no mar. Essa ordem será
imediatamente executada, quando resultar da confiança inabalável em Deus. A
profundidade da fé manifesta-se na maior ou menor capacidade de realizar as
obras dela decorrentes. E as obras decorrentes da fé são as do amor. Quanto
mais temos fé, mais somos misericordiosos com o próximo, cultivamos uma
disposição contínua para perdoar, buscamos, em tudo, ser fraternos e solidários
com os outros, empenhamo-nos pela causa da justiça. As obras da fé são, em
última análise, o dever fundamental da comunidade cristã. Realizá-las é
obrigação. Quem as pratica, sabe que faz o que Deus quer. Portanto, tem
consciência de ser um simples servo inútil, cuja única grandeza consiste em
fazer o que é seu dever. (Padre Jaldemir
Vitório/Jesuíta)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
Foto retirada da internet
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