“O Evangelho deste domingo faz parte dos ensinamentos de
Jesus dirigidos aos discípulos durante a sua subida à Jerusalém, onde lhe
espera a morte na cruz. Para indicar o objetivo de sua missão, Ele se serve de
três imagens: o fogo, o batismo e a divisão. Hoje quero falar da primeira
imagem: o fogo.
Jesus a expressa com estas palavras:
“Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já
estivesse aceso”.
O fogo do qual Jesus fala é o fogo do Espírito Santo,
presença viva e atuante em nós desde o dia do Batismo. Ele - o fogo - é uma
força criadora que purifica e renova, queima toda miséria humana, todo egoísmo,
todo pecado, nos transforma a partir de dentro, nos regenera e nos torna
capazes de amar. Jesus deseja que o Espírito Santo irrompa como fogo no nosso
coração, porque somente partindo do coração que o incêndio do amor divino
poderá propagar-se e fazer progredir o Reino de Deus. Não parte da cabeça,
parte do coração. E por isto Jesus quer que o fogo entre em nosso coração.
Se nos abrirmos completamente à ação deste fogo que é o Espírito
Santo, Ele nos dará a audácia e o fervor para anunciar a todos Jesus e a sua
consoladora mensagem de misericórdia e de salvação, navegando em mar aberto,
sem medo. Mas o fogo começa no coração.
No cumprimento de sua missão no mundo, a Igreja - isto é,
todos nós Igreja - tem necessidade de ajuda do Espírito Santo para não deixar-se
frear pelo medo e pelo cálculo, para não habituar-se a caminhar dentro de
fronteiras seguras. Estes dois comportamentos levam a Igreja a ser uma Igreja
funcional, que não arrisca nunca. Pelo contrário, a coragem apostólica que o
Espírito Santo acende em nós como um fogo nos ajuda a superar os muros e as
barreiras, nos faz criativos e nos impele a colocarmo-nos em movimento para
caminhar também por caminhos inexplorados ou desconfortáveis, oferecendo
esperança a quantos encontramos.
Com este fogo do Espírito Santo somos chamados a nos tornar
sempre mais comunidade de pessoas guiadas e transformadas, cheias de
compreensão, pessoas de coração dilatado e de rosto alegre.
Mais do que nunca existe a necessidade, mais do que nunca
existe a necessidade de sacerdotes, de consagrados e de fieis leigos, com o
olhar atento do apostolado, para mover-se e parar diante das dificuldades e das
pobrezas materiais e espirituais, caracterizando assim o caminho da
evangelização e da missão com o ritmo curador da proximidade. Há precisamente o
fogo do Espírito Santo que nos leva a nos fazer "próximos" dos
outros: das pessoas que sofrem, dos necessitados; de tantas misérias humanas,
de tantos problemas; dos refugiados, daqueles que sofrem. Aquele fogo que vem
do coração. Fogo.
Neste momento, penso também com admiração sobretudo aos
numerosos sacerdotes e religiosos que, em todo o mundo, se dedicam ao anúncio
do Evangelho com grande amor e fidelidade, não raro a custo da própria vida.
O exemplar testemunho deles nos recorda que a Igreja não tem
necessidade de burocratas e de diligentes funcionários, mas de missionários
apaixonados, imbuídos pelo ardor de levar a todos a consoladora palavra de
Jesus e a sua graça.
Este é o fogo do Espírito Santo. Se a Igreja não recebe este
fogo ou não o deixa entrar em si, torna-se uma Igreja fria ou somente morna,
incapaz de dar vida, porque é feita de cristãos frios e mornos. Nos fará bem
hoje, tomar cinco minutos e nos perguntar: "Mas, como está o meu coração?
É frio? É morno? É capaz de receber este fogo?". Tomemos cinco minutos
para isto. Nos fará bem a todos.
E peçamos a Virgem Maria para rezar conosco e por nós ao Pai
celeste, para que derrame sobre todos os fieis o Espírito Santo, fogo divino
que aquece os corações e nos ajude a ser solidários com as alegrias e os
sofrimentos dos nossos irmãos. Nos sustente no nosso caminho o exemplo de São
Maximiliano Kolbe, mártir da caridade, cuja festa recorre hoje: que ele nos
ensine a viver o fogo do amor de Deus e pelo próximo”.
Papa Francisco
Fonte: Rádio Vaticano
Foto retirada da internet
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