Evangelho de Marcos - 9º capitulo - Estudo Bíblico

9,1-10 - Transfiguração, prelúdio da Ressurreição

1. E Jesus dizia: "Eu garanto a vocês: alguns dos que estão aqui, não morrerão sem ter visto o Reino de Deus chegar com poder." 2. Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e seu irmão João, e os levou sozinhos a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E se transfigurou diante deles. 3. Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas, como nenhuma lavadeira no mundo as poderia alvejar. 4. Apareceram-lhes Elias e Moisés, que conversavam com Jesus. 5. Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: "Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias." 6. Pedro não sabia o que dizer, pois eles estavam com muito medo. 7. Então desceu uma nuvem e os cobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: "Este é o meu Filho amado. Escutem o que ele diz!" 8. E, de repente, eles olharam em volta e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9. Ao descerem da montanha, Jesus recomendou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10. Eles observaram a recomendação e se perguntavam o que queria dizer "ressuscitar dos mortos".


Novamente Jesus toma consigo um pequeno grupo (Pedro, Tiago e João) que como sempre são as testemunhas oculares de toda a história, a eles é apresentado um prelúdio de sua ressurreição gloriosa. Observe atentamente toda a simbologia descrita por Marcos.

O cenário da Transfiguração não é um monte qualquer, mas uma “alta montanha”. O termo com certeza faz alusão ao que disse o profeta Isaías 2,2-3a “No fim dos tempos acontecerá que o monte da casa do Senhor estará colocado à frente das montanhas, e dominará as colinas. Para aí acorrerão todas as gentes, e os povos virão em multidão: Vinde, dirão eles, subamos à montanha do Senhor...”.

“Suas vestes tornaram-se resplandecentes” (v.3). Para os judeus era um sinal da glória celeste, ele é verdadeiramente o Messias. “Apareceram-lhes Elias e Moisés” (v.4). Elias representava os profetas e Moises a Lei, estando eles juntos a Jesus caracterizava que tudo estava sob o seu julgo.

“Mestre, é bom para nós estarmos aqui” (v.5). Pedro diante do jubilo por vislumbrar um momento ímpar, deseja perpetuá-lo, ainda com a visão deturpada acredita que será ali o momento da instalação gloriosa do Reino, não sabia ele que esse momento seria eternizado, mas só a partir da Ascensão do Senhor. A cena descrita no v.7 está intimamente ligada ao Batismo de Jesus.

E finalizando, temos a observação de só revelar o que viram após a ressurreição, e o motivo é obvio, não adiantaria em nada relatar agora já que ninguém iria entender. Vejamos, os próprios discípulos que a tudo presenciaram não conseguiram assimilar; “ressurgir dentre os mortos!”. Os judeus acreditavam na ressurreição, mas daí a aceitar que o Deus Redentor deveria também passar pela morte, ai já era pedir demais. Jesus anunciava uma ressurreição para já, enquanto que todos a aguardavam só no final dos tempos.

9,11-13 – Elias vive nas ações de João

11. Os discípulos perguntaram a Jesus: "Por que os doutores da Lei dizem que antes deve vir Elias?" 12. Jesus respondeu: "Antes vem Elias para colocar tudo em ordem. Mas, como dizem as Escrituras, o Filho do Homem deve sofrer muito e ser rejeitado. 13. Eu, porém, digo a vocês: Elias já veio e fizeram com ele tudo o que queriam, exatamente como as Escrituras falaram a respeito dele."

Diante da duvida que pairava sobre os discípulos, Jesus testifica que Elias já retornou na pessoa de João Batista (é bom saber que não estamos falando aqui na abominável reencarnação), a ação, a fé, o entusiasmo, e a unção de Elias estavam presentes naquele que feio trazer um batismo de conversão. João veio para reconduzir os corações para Deus e prepará-los para a vinda do Messias.

9,14-29 – Tudo é possível ao que crê

14. Quando Jesus, Pedro, Tiago e João chegaram perto dos outros discípulos, viram que eles estavam rodeados por uma grande multidão. Alguns doutores da Lei estavam discutindo com eles. 15. Logo que a multidão viu Jesus, ficou surpresa e correu para cumprimentá-lo. 16. Jesus perguntou aos discípulos: "O que é que vocês estão discutindo com eles?" 17. Alguém da multidão respondeu: "Mestre, eu trouxe a ti meu filho que tem um espírito mudo. 18. Cada vez que o espírito o ataca, joga-o no chão e ele começa a espumar, range os dentes e fica completamente rijo. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas eles não conseguiram." 19. Jesus disse: "Ó gente sem fé! Até quando deverei ficar com vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragam o menino aqui." 20. E levaram o menino. Quando o espírito viu Jesus sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e começou a rolar e a espumar pela boca. 21. Jesus perguntou ao pai: "Desde quando ele está assim?" O pai respondeu: "Desde criança. 22. E muitas vezes já o jogou no fogo e na água para matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos." 23. Jesus disse: "Se podes!... Tudo é possível para quem tem fé." 24. O pai do menino gritou: "Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé." 25. Jesus viu que a multidão corria para junto dele. Então ordenou ao espírito mau: "Espírito mudo e surdo, eu lhe ordeno que saia do menino e nunca mais entre nele." 26. O espírito sacudiu o menino com violência, deu um grito e saiu. O menino ficou como morto e por isso todos diziam: "Ele morreu!" 27. Mas Jesus pegou a mão do menino, levantou-o, e o menino ficou de pé. 28. Depois que Jesus entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram à parte: "Por que nós não conseguimos expulsar o espírito?" 29. Jesus respondeu: "Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração."

Fique atento ao dialogo: “Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo”. “Roguei a teus discípulos que o expelissem, mas não o puderam”. “Se tu, porém, podes alguma coisa”. “Se podes alguma coisa!... Tudo é possível ao que crê”. “Creio! Vem em socorro à minha falta de fé!”

A principio podemos julgar desrespeitoso e incoerente o “Se tu podes”, mas é altamente compreensivo partindo-se do pressuposto que aquele homem não conhecia Jesus. Certamente levou o filho a sua presença movido pelo desespero de pai diante da doença do filho, e quem sabe, também influenciado pelos comentários dos milagres.

Atentemos para o detalhe que Jesus não respondeu: “É claro que posso, eu sou o Messias o filho de Deus”, não, ao contrario Jesus deixa claro que toda ação Dele em nossa vida só será possível se nós confiarmos.

Jesus vê que aquele homem anseia por libertação, não só do filho, mas dele também. O texto não relatar, mas é possível pensar que Jesus dirigiu a ele mais que uma frase, certamente mostrou que existe uma cura maior, buscou restituir a esperança a aquele pai cansado e desiludido. É maravilhoso ver a mudança que a Boa Nova traz as pessoas.

O pai que se colocou na presença de Jesus movido pela dor, agora busca se deixar conduzir pelo amor. Note que seguido do “creio”, o pai não pede mais pela saúde do filho, mas sim que fortaleça sua fé. Não fique pensando que o pai esqueceu-se do filho, muito pelo contrario, mas devemos lembrar-nos do episodio do paralitico: “Filho, os teus pecados estão perdoados” (Mc 2,5), para ele agora é mais importante a cura da alma.

Mais adiante no finalzinho da narração temos outro dialogo, desta vez dos discípulos com Jesus. “Por que não pudemos nós expeli-lo?” “Esta espécie de demônios não se pode expulsar senão pela oração”. Mateus em seu Evangelho acrescenta também o jejum, ou seja, “oração e jejum” é essa a formula para uma perfeita sintonia com Deus. Infelizmente eles não tinham a sabedoria vinda de São Paulo que nós temos: “Orai sem cessar” (1Ts 5,17). Para fazer frente ao mal é preciso uma vida de oração.

9,30-37 – Quem é o maior?

30. Partindo daí Jesus e seus discípulos atravessavam a Galiléia. Jesus não queria que ninguém soubesse onde ele estava, 31. porque estava ensinando seus discípulos. E dizia-lhes: "O Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens, e eles o matarão. Mas, quando estiver morto, depois de três dias ele ressuscitará." 32. Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus estava dizendo, e tinham medo de fazer perguntas. 33. Quando chegaram à cidade de Cafarnaum e estavam em casa, Jesus perguntou aos discípulos: "Sobre o que vocês estavam discutindo no caminho?" 34. Os discípulos ficaram calados, pois no caminho tinham discutido sobre qual deles era o maior. 35. Então Jesus se sentou, chamou os Doze e disse: "Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último, e ser aquele que serve a todos." 36. Depois Jesus pegou uma criança e colocou-a no meio deles. Abraçou a criança e disse: 37. "Quem receber em meu nome uma destas crianças, estará recebendo a mim. E quem me receber, não estará recebendo a mim, mas àquele que me enviou."

Enquanto Jesus busca conscientizá-los dos riscos da missão, educá-los em uma fé madura, torná-los um com o Deus instruindo-os de que o verdadeiro seguidor é aquele que se doa ao ponto de dar a vida pelo irmão, eles estavam mais preocupados em saber que era o maior. Os discípulos estavam seguindo na contramão, apesar da convivência com o Messias ainda não tinham entendido que o Reino de Deus se faz não pelo poder ou pelo acumulo de bens, e sim através do serviço, da humildade, da caridade, do acolhimento ao necessitado.

Segundo alguns comentadores, Jesus não apresenta a criança como símbolo de pureza, docilidade e ingenuidade, mas sim representando todas as pessoas que necessitam de atenção e que dependem da nossa mão para poder caminhar.

9,38-50 – Sal da terra

38. João disse a Jesus: "Mestre, vimos um homem que expulsa demônios em teu nome. Mas nós lhe proibimos, porque ele não nos segue." 39. Jesus disse: "Não lhe proíbam, pois ninguém faz um milagre em meu nome e depois pode falar mal de mim. 40. Quem não está contra nós, está a nosso favor. 41. Eu garanto a vocês: quem der para vocês um copo de água porque vocês são de Cristo, não ficará sem receber sua recompensa. 42. E se alguém escandalizar um destes pequeninos que acreditam, seria melhor que ele fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada no pescoço. 43. Se a sua mão é ocasião de escândalo para você, corte-a. É melhor você entrar para a vida sem uma das mãos, do que ter as duas mãos e ir para o inferno, onde o fogo nunca se apaga. 44. Aí o seu verme nunca morre e o seu fogo nunca se apaga. 45. Se o seu pé é ocasião de escândalo para você, corte-o. É melhor você entrar para a vida sem um dos pés, do que ter os dois pés e ser jogado no inferno. 46. Aí o seu verme nunca morre e o seu fogo nunca se apaga. 47. Se o seu olho é ocasião de escândalo para você, arranque-o. É melhor você entrar no Reino de Deus com um olho só, do que ter os dois olhos e ser jogado no inferno, 48. onde o seu verme nunca morre e o seu fogo nunca se apaga. 49. Com efeito, todos serão salgados com o fogo. 50. O sal é bom. Mas, se o sal se tornar insosso, com o que vocês lhe darão sabor? Tenham o sal em vocês, e estejam em paz uns com os outros."

Ainda hoje permanece a ideia de que “só o meu grupo faz certo”, vemos claramente acontecer dentro das nossas igrejas e comunidades, Jesus esclarece que o projeto de Deus é pela valorização da vida, e todos aqueles que buscam o bem comum, estão agindo em nome de Cristo. Não podemos deixar que nossas ações egoístas afastem do caminho da Boa Nova os pequeninos, as portas da Igreja devem estar abertas a todos independente de serem ou não capacitados.  

O alerta para arrancar pé, mão e olho, diz respeito a tomarmos cuidado com nossas ações, desejos e ambições. O nosso proceder é quem dirá se estamos com Deus, ou contra ele. “Porque todo homem será salgado pelo fogo” (v.49). Segundo os comentadores da TEB o fogo é a imagem da provação, da perseguição ou até do fogo eterno, portanto, é oportuno que se aceite o sacrifício para poder passar pela provação. “Tende sal em vós e vivei em paz uns com os outros” (v.50b) Na palestina usava-se o sal nos fornos como catalisador, acontece que com o passar do tempo ele perdia suas propriedades químicas tornando-se insípido, consequentemente teria que ser jogado fora. Nós seguidores de Cristo e anunciadores da Boa Nova temos que está sempre nos renovando e fortalecendo espiritualmente, para não corrermos o risco de nos tornar insosso.

Texto: Ricardo e Marta
Revisão: Padre Rivaldo
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